Salve Maria Imaculada, nossa
Co-Redentora e Mãe!
Uma das grandes dificuldades
que encontramos para sermos santos, é a tal da ocasião. Nós
devemos cortar as ocasiões. Sim, devemos cortar o mal pela raiz, e
não somente por cima. Mas de fato pela raíz. Santa Teresa de Ávila
nos ensina em seu livro da vida que, apesar das experiências que
teve com o Senhor, o que lhe impedia de alcançar a perfeição da
alma era justamente o fato de não cortar o mal pela raiz. Ela mesma
fala a forma pagã em que se vivia no Carmelo antes da reforma
empregada por ela. Ela vivia entregue as vaidades. Enfim, era um
grande mal.
Muitas vezes essa ocasião é
a “ociosidade”. E tristemente, sabe-se lá o porquê, nós não
arrancamos pela raiz este grande mal da nossa vida. Para resumir
sobre o mal da ociosidade, lembre-se da tão conhecida frase: “Mente
vazia é oficina do diabo”. E como é! E o demônio, astuto como é,
muitas vezes camufla de virtude essa ociosidade ou enche-a de
desculpas. Com isso, as pessoas não cortam pela raiz, mas acham ser
necessário. Como isso se dá? Se dá por alguma fadiga, e a pessoa
não só em algum momento fica ocioso, mas até mesmo busca a
ociosidade, com a desculpa de licitude para “descansar”. Com
isso, não vê que em muitos casos não é o corpo que está pedindo
descanso, mas o demônio que tenta pela ociosidade, levando-o a ficar
sem fazer nada, entregue a preguiça. E da preguiça vem a gula, a
luxúria, e tantos e tantos pecados. E o mal começou onde?
Ociosidade!
Antes de prosseguir sobre a
ociosidade, quero citar um texto bíblico que fala da preguiça (que
é pecado!) e entendamos como é um grande mau. Eis o que nos diz a
Sagrada Escritura: “Ao preguiçoso é atirado esterco, só se
fala dele com desprezo. O preguiçoso é apedrejado com excremento,
quem o tocar sacudirá a mão.” (Eclesiástico 22,1). Forte,
não? Na parábola dos talentos, nosso Senhor Jesus Cristo falando do
servo mal que escondeu o talento na terra, se refere a ele com outro
adjetivo além de “servo mau”: “Servo mau e
preguiçoso! […] E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas
exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mateus
25,26;30) - diz nosso Senhor. Portanto, vemos que a preguiça
não é algo agradável a Deus. Até porque a preguiça é um dos
pecados capitais. Mas dá pra ver como nosso Senhor repudia a
preguiça. O servo mau, que pegou o talento e enterrou, podendo ter
trabalhado para multiplicar, esconde. Nisso podemos ver nossa vida: o
talento é o dom da nossa vida, e em vez de frutificarmos com as
coisas do Céu, temos preguiça de trabalharmos pelo Reino, de nos
convertermos, e enterramos nosso tesouro (nossa vida) nas coisas da
terra. Afinal, as coisas terrenas, as coisas mundanas, o pecado, é
mais fácil. Ser santo dá muito trabalho, e temos preguiça de
trabalharmos no nosso interior, fugir das ocasiões de pecar, enfim,
ser agradável a Deus dá trabalho e somos um poço de preguiça.
Meus irmãos, essa é uma grande luta que devemos travar. Renunciemos
a preguiça e a ociosidade, Deus não se agrade disso.
Se queremos ser santos,
devemos evitar, com toda a nossa força com a graça de Deus, a
ociosidade e a preguiça. Evitemos estes males. A ociosidade foi o
que fez Davi cometer o grande pecado com Betsabé. Neste pecado de
Davi, não podemos olhar somente o adultério. Para acontecer o
adultério, houve uma raiz que permitiu que acontecesse a tentação.
E esta raiz foi a ociosidade. Eis o que nos narra a Sagrada Escritura
a respeito: “No ano seguinte, na época em que os reis saíam
para a guerra, Davi enviou Joab com seus suboficiais e todo o Israel.
Eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Rabá. Davi ficou em
Jerusalém. Uma tarde, Davi, levantando-se da cama, passeava pelo
terraço de seu palácio. Do alto do terraço avistou uma mulher que
banhava e que era muito formosa.[...] Então, Davi mandou mensageiros
para a trazerem. Ela veio e Davi dormiu com ela [...] ”(2Samuel
11,1-4) Como podem ver, o grande erro de Davi foi se entregar
à ociosidade. Ele, como Rei, devia ter ido com seu exército
combater os inimigos. Ele simplesmente deixou o exército ir
combater, e ficou em seu palácio entregue a “vida mansa”. Ora,
se ele tivesse ido combater, não teria visto Betsabéia tomando
banho, ardido de paixão (desejo impuro) por ela, dormido com ela...
O adultério foi o pecado, mas o pecado não teria acontecido se ele
não tivesse dado brecha para ele. Ah se Davi tivesse ido combater.
Depois de cometer o pecado de impureza, Betsabéia engravida. O
marido de Betsabéia, Urias, amigo do próprio Davi, depois de voltar
do combate, não dormiu com ela. Portanto, não teria como fingir que
o filho era dele, e não de Davi. Então Davi faz uma armação, põe
Urias em um local estratégico do exército que sabe que ele morrerá.
E é o que ocorre. Davi, porque preferiu ficar na ociosidade, cometeu
pecado de adultério, engravidando assim a mulher de seu amigo, e
praticamente mata seu amigo. É ou não uma grande desgraça? Mas
antes mesmo de ele ter pecado no coração desejando betsabéia, ele
ficou na ociosidade e na preguiça.
Assim acontece conosco.
Lembro de uma vez que devia ter ido para o Grupo de Oração que
participava aos domigos. Não fui para sair com os amigos, afinal,
fazia tempo que não saia com os mesmos. Fazendo besteira de jovens,
envolvemo-nos em um acidente de carro (que por graça de Deus não
aconteceu nada grave!). Mas onde está o mal? Bom, se eu tivesse ido
para o meu compromisso de estar no grupo de oração, aquilo não
teria acontecido. De outra vez que quase caio em ato impuro (caso que
conto em alguns videos e textos relacionados a castidade) era por
volta de 15:00h. Se eu tivesse rezando o Terço da Misericórdia... E
por aí vai. Se nós estivéssemos fazendo algo, ocupando a cabeça e
o coração com coisas edificantes, não estaríamos tão
empedernidos. E creio que saber disso ajudará muita gente. Sim, pois
existe muitas pessoas que tiveram uma experiência real com Nosso
Senhor Jesus Cristo, odeiam o pecado, amam a virtude, mas morrem na
praia após nadar contra a correnteza. Não aguentam a pressão.
Dizem que não conseguem ser santos, está difícil, pedem um socorro
do Céu. Mas na realidade, se não se colocar em ocasião e passar a
fugir da ocisodade, muitos pecados desaparecerão. O demônio
tentará, mas a força da tentação será menor.
E não estou a inventar nada.
Afinal, não é esta a regra de vida de São Bento? Ora et Labora
(Orar e trabalhar!) Afinal, não veio do Céu o ensinamento para ele
trabalhar manualmente e manter a vida de oração para ajudar a
vencer as tentações? Para entender como o demônio tem força sobre
uma alma omissa, preguiçosa e ociosa, olhem o que nos descreve Santa
Faustina em seu Diário no número 1127: “Em
determinado momento, vi satanás, que se apressava em procurava
alguém entre as Irmãs, mas não encontrava. Senti na alma a
inspiração de lhe ordenar, em nome de Deus, que me confessasse o
que estava procurando entre as Irmãs. E
confessou, embora de má vontade: 'Estou procurando almas ociosas.'
Então, novamente ordenei, em nome de Deus, que me dissesse a que
almas tem mais fácil acesso no Convento e, outra vez confessou-me,
de má vontade: 'As almas preguiçosas e ociosas.'
Notei então que, de fato, não há tal gênero de almas nesta Casa.
Alegrem-se as almas
atarefadas e cansadas.” (Destaque nosso) - Compreendem
isso, amados irmãos? Precisamos fugir da preguiça e da ociosidade.
Não depois, amanhã, daqui a pouco, mas sim agora!
Pensem comigo: uma pessoa que
está de fato atarefada, e não fica a murmurar, mas vive conformada
com a vontade de Deus e as obrigações do seu estado, peca com menos
frequência. A própria obrigação do seu estado de vida, caso
viva-o de maneira correta conforme a vontade de Deus, o fará santo.
Um padre que doa inteiramente a sua vida pela santificação do seu
rebanho, será santificado. Agora se o padre sempre se esquiva de
confessar, não celebra sempre a Missa, não reza, sempre está
ocioso... Logo logo vem uma tentação das grandes, e nos dias de
hoje tentações que tem nome, sobrenome, sexo feminino e carta de
envio do diabo para tirar mais um sacerdote da Igreja. Será que em
muitos padres que saem da Igreja não estava a ociosidade? É verdade
que muitos saem apesar de muito trabalho empregado, mas devo também
dizer que, muitas vezes, trabalho que não condiz com a vida de
padre. O padre hoje é envolvido com reuniões por cima de reuniões,
plano pastoral por cima de plano pastoral, ação social e sei lá o
que; mas a missão de padre que ele deve exercer: confessar, celebrar
a Missa, batizar, pregar, etc., cadê o padre? Obviamente o padre,
mesmo com a verdadeira vocação (até pelos anos que se preparou
para ser padre) irá se frustrar, pois o coração não será
preenchido. Pois o que preenche ficou em segundo plano.
Enfim, voltemos a meditar
sobre a ociosidade e a preguiça. Creio eu que um dos remédios para
se livrar do vício da pornografia e da masturbação seja o “Ora
et Labora”. Sim, se a pessoa que tem este vício, comete estes atos
que são sim pecados, para conseguir se libertar deve: confessar com
frequência, buscar até confessar o mais rápido possível após a
queda; Buscar Comungar todos os dias; e ter uma devoção mariana
rezando ao menos um Terço todos os dias. Somado a isso, deve-se
fugir das ocasiões. Se você se entregar a ociosidade, logo vem a
tentação. Raciocine comigo: se um jovem acorda cedo para ir
trabalhar, passa o dia todo trabalhando, a noite vai para a faculdade
ou para a escola, quando ele chegar vai fazer o que? Meu irmão, esta
pessoa vai estar tão cansada que vai capotar na cama. Muitos vão
ligar o computador, mas logo irão capotar na cama. Outros ficarão
mais tempo pra fazer trabalhos. Agora masturbação... Normalmente só
se já tiver chegado ao grave estado de compulsão, e aí dará mais
trabalho. Mas os remédios são estes já citados. Mas conseguem
compreender o que quero falar aqui? Se a pessoa trabalha, rala, le
bons livros, enfim, ocupa a mente com coisas que edificam, o demônio
não fará a festa na mente da pessoa. O demônio tentará contra
pureza, porém, a pessoa terá mais “jogo de cintura” para fugir.
São Francisco de Assis se jogou na geleira para não cometer pecado
impuro quando veio a tentação. Porém ele não era ocioso, pois se
ele fosse, quantas e quantas geleiras teria que se jogar? Uma hora
ele ficaria saturado, cansado, e diria que era impossível viver a
castidade. Sim, é possível. Mas enquanto você e eu ficarmos o dia
todo no facebook (vez ou outra aparecendo figuras imorais) deitado na
rede, pensando bobeira, quando a gente olhar não está nem sendo
tentado, mas já consumando o ato pecaminoso. Não camuflemos nossa
preguiça com a necessidade do corpo descansar. Uma coisa é
descansar, outra é passar o dia todo largado.
Fica o dia todo ocupado?
Trabalha muito? Anda casado pela labuta do dia a dia? Meu irmão,
minha irmã, como diz Santa Faustina: “ALEGREM-SE AS ALMAS
ATAREFADAS E CANSADAS!” No dia que você ficar sem tarefa e sem
cansaço pelo trabalho, faça uma boa revisão de vida. E lembro de
mais uma coisa: será que também ficamos entregues a ociosidade,
estamos doente de preguiça, porque quando o corpo pede descanso
real, nós estamos entregando ele a mais pecados? Por exemplo, no dia
do Senhor, no domingo, que é o dia que Deus nos deu para o culto e
para descansarmos, o que temos feito? Tem gente que tem se cansado
mais procurando trabalhos exagerados e indo a festas. Além de pecar,
durante a semana diz estar cansado, e se entrega, pelo ócio, a mais
pecados.
Após essa reflexão, que tal
quando bater aquela tentação de faltar o trabalho (afinal está
frio, ou quente, ou qualquer motivo) se decidir ir trabalhar para não
ficar o dia todo na ociosidade? Você já sabe o que fazer quando der
aquela vontade de faltar a escola, faculdade, estágio, trabalho,
etc. Pelo contrário, procuremos ocupar o tempo. E tenhamos tempo
para a oração, adorar o Santíssimo... E sempre trabalhemos em
espírito de oração. E no mais, se tivermos tempos ociosos,
procuremos ler bons livros, vida dos santos, bons filmes (filmes
puros, e não que tem imagens e temas obscenos e temas infernais que
fazem é dar opressão espiritual). Se aparece tempo vago, procure
preencher este tempo.
Salve Maria Imaculada, nossa
Co-Redentora e Mãe!
1 comentários
Ótimo texto irmão... Obrigado pelo auxilio...
ResponderExcluir