Por que Deus não cura fisicamente a todos?
Salve Maria Imaculada, nossa
Corredentora e Mãe!
Ao assistir parte da reportagem
de Cabrini, no Conexão Repórter, investigando os milagres que pessoas receberam
através das orações do Padre Eugênio (Fraternidade Monástica dos Discípulos de
Jesus para a Glória de Deus Pai); percebi que havia uma certa tentativa de
colocar o sacerdote como charlatão por causa de um questionamento: por que nem todos são curados por Deus?
Apesar de a reportagem mostrar várias
pessoas testemunhando o poder de Deus, de como foram curadas fisicamente após
receberem orações do Padre Eugênio, mostraram também um caso em particular que
visava pôr em cheque o dom de cura do Padre, ou mesmo a ação de Deus.
Tratava-se de um senhor que, mesmo após ter recebido orações do Padre Eugênio,
veio a falecer. Entrevistaram a viúva deste senhor e sua filha. O que elas
relataram? Disse que ele não foi curado fisicamente, mas sim espiritualmente;
que quem conhecia ele antes sabia como ele era, “bruto”, por exemplo, e como estava
transformado e aceitando a doença. Estava em paz. Mas, o entrevistador insistia
em questionar a fé daquelas duas mulheres: continuar acreditando no padre? Em
Deus? Por que tantos foram curados, menos seu ente querido? Também questionou o
Padre, quando este disse ter rezado por seu pai, mas este, com câncer, não foi
curado e faleceu. O Padre respondeu bem dizendo que Deus quer o melhor para
Seus filhos, e que aquilo era o melhor para seu pai. Mas o repórter insistia em
questionar: porque nem todos são curados por Deus? Aliás, porque nem todos os
que recebem oração são curados?
Lembremos
em primeiro lugar que o Padre Eugênio ou qualquer outra pessoa que tenha o
carisma da cura, não passa de um simples instrumento usado por Deus. Em segundo
lugar, Deus concede Suas graças a quem quer, como quer, na hora que quer, na
intensidade que quer, etc. Portanto, não podemos olhar a cura pela cura; mas
sempre voltar a atenção para o autor da cura: Jesus Cristo. E aí sim
questionamos – ou melhor, refletimos: por que fui curado?; por que passo por
esse sofrimento? De todas as coisas Deus tem um propósito que reflete na
eternidade. Se tiramos o autor da cura e focarmos apenas no instrumento usado
por Ele, corremos o risco de cair no pecado de superstição. E essa superstição,
unido a um racionalismo doentio, que leva a este erro: por que Fulano disse “seja
curado em Nome de Jesus” para Fulana, e esta ficou curada, mas ao dizer o mesmo
para Beltrana, a mesma continuou doente? Se tivermos um racionalismo doentio,
se formos supersticiosos, achamos que porque o instrumento e/ou a oração foi a
mesma, a reação deve ser a mesma. Só que quem cura é Jesus Cristo.
Entendido
isto, caríssimos, passamos para o ponto principal: por que nem todas as pessoas
recebem curas físicas? Durante minha caminhada na Igreja, já ouvi/li relatos de
curas de câncer, Aids, problemas na coluna, etc. Gente que estava morta,
condenadas pela medicina, que pelo poder de Deus voltaram a viver e testemunham
o poder de Jesus Cristo e a intercessão de Nossa Senhora. Porém, no decorrer da
caminhada, até mesmo olhando a vida dos santos, nós podemos constatar que o sofrimento
tem uma importância na obra de salvação. E que se nem todos recebem a cura, é
porque mais do que o nosso corpo, Deus quer curar a nossa alma para que não
sejamos condenados ao inferno.
Em
João 9,1ss contemplamos Jesus que cura um cego de nascença. Jesus foi
questionado sobre quem pecara, o cego, ou seus pais, para que este nascesse
cego. Jesus responde: “Nem este pecou nem seus pais, mas é
necessário que nele se manifestem as obras de Deus.” (Jo9,3) Ora, Deus
não permitiria um mal se dele não pudesse tirar um bem maior. Do mal daquele
homem, cego, Deus tirou um bem maior: a manifestação de Sua glória, de Seu
poder, fazendo com que aquele homem fosse testemunha da ação misericordiosa de
Deus e que as pessoas que não acreditavam e Jesus pudessem crer que realmente
Ele era o Filho de Deus. Muitas doenças, ao serem curadas sem explicação para a
medicina, confunde os grandiosos deste mundo, que sempre se pautam pela razão
sem razão, ou seja, pela pseudo razão que expulsa seu Criador da relação com
Suas criaturas. Deus, então, diante de uma doença que o homem não tem como
curar, manifesta Sua glória, e muitos dos que não acreditavam em Deus passam a
crer.
Porém,
aqueles que não são curados ou que passam por um período de sofrimento antes da
cura total, devem recordar que, para nós cristãos, o sofrimento tem poder
expiatório. Em outras palavras, o sofrimento serve tanto para a nossa
santificação, purificando-nos dos pecados passados, como em forma de penitência
pela conversão dos pecadores. São Paulo vai nos ensinar: “Agora me alegro nos sofrimentos
suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha
carne, por seu corpo que é a Igreja” (Colossenses 1,24). Ora, o
Apóstolo aqui fala em alegrar-se nos sofrimentos. Este ensinamento é belo: Jesus
Cristo nos salvou por meio da Sua Cruz, porém, mesmo após Sua Paixão, voltamos
a O ofender. Muitos ainda não creem em Jesus Cristo. Por isso São Paulo diz que
os seus próprios sofrimentos, unidos a Cruz Redentora de Jesus Cristo, eram
oferecidos à Igreja, ou seja, eram oferecidos pela salvação das almas.
Portanto, tu e eu quando passamos por um sofrimento, pequeno ou grande, e nos
unimos aos sofrimentos de Cristo, estamos contribuindo para a conversão dos
pecadores, ou seja, para a salvação das almas. Por isso nem todas as pessoas
são curadas, porque Deus usa do sofrimento dessa pessoa, da sua paciência em
suportar tudo com amor, pela conversão dos pecadores. Aliás, muitas vezes esses
pecadores são os próprios familiares por quem passou boa parte da vida pedindo
pela conversão. Portanto, se alguém que está nessa situação está lendo este
texto, peço-vos: Coragem! Deus é contigo! Una tuas dores às de Cristo na Cruz,
e tua família – além de você mesma (o) – estará bebendo da Misericórdia de
Jesus.
Além
de ser útil para a conversão dos pecadores, serve para nossa própria conversão,
santificação, uma vez que nos leva a humildade e expia dos pecados cometidos no
passado. Quando nós confessamos nossos pecados eles são perdoados, porém,
precisamos purifica-los no purgatório. Os santos que falam sobre o purgatório
vão ser unânimes em dizer que é muito melhor ter a graça de sofrer aqui na
terra do que no Purgatório. Uma santa, aliás, que não recordo o nome, vai dizer
que é melhor 1000 anos de sofrimento na Terra do que 1 dia no Purgatório.
Mas
o sofrimento também faz rebaixar o orgulho do homem perverso. Quantos são
aqueles que andavam no mundo sem se lembrar de Deus, ou até indo a Igreja, mas
abusando de Suas Misericórdias: adulterando, prostituindo-se, apego ao
dinheiro, etc; outros até num ateísmo prático. Enfim, mas após uma doença
grave, vendo-se abandonado pelo dinheiro que não pode comprar uma cura, pela
ciência que ainda não é tão avançada para curar tal enfermidade e pelos
prazeres desordenados que, antes de dar cura, em muitas vezes é a causadora do
mal; a pessoa enfim recorre a Deus por um milagre. Se a pessoa verdadeiramente
tem fé em Deus, Deus com certeza agirá. Para uns, vendo Deus – que é
Onipresente, Onisciente e Onipotente – que será útil para a salvação, concederá
a cura do corpo e da alma; para outros, concederá a cura da alma, fazendo
compreender a importância do sofrimento e, o sofrimento antes da morte, antes
de deixar a alma aterrorizada, trará a paz, pois percebe a Misericórdia de Deus
que, mesmo após ter usado mal os dons que Ele lhe concedeu, gastando com as
meretrizes e alimentando-se com os porcos, como o filho pródigo, ainda assim
Ele concede a graça de arrepender-se e sofrer um pouco na terra para não sofrer
eternamente no inferno. Por isso São Padre Pio de Pietrelcina dizia: ou penitência, ou inferno! – Bendito seja
Deus que concede a muitos a graça da penitência para livrar do inferno.
Conta-se
que certa vez Padre Leo, de Betânia, estava a celebrar uma Missa na qual ele
rezava pedindo a Deus a graça da cura; e uma senhora, muito decepcionada,
chegou para ele e perguntou: Padre, por que não fui curada? Padre Leo, curto e
grosso, disse: Porque se não você ia pro inferno! E, caros irmãos, é verdade.
Nem todos recebem a cura porque, Deus conhece os corações, sabe que muitos não
se emendariam de vida. Um exemplo: se uma pessoa pede a Deus a cura da Aids,
porém, em seu coração quer continuar numa vida de devassidão, como Deus dará a
cura? Pode até dar, porque Deus tem desígnios insondáveis para o homem e é
livro e Poderosos para fazer o que quiser; mas é incoerente nós pedirmos cura sem
termos a contrição, ou seja, o desejo de curar a alma, de buscar fazer o
possível para não mais pecar
A Sagrada Escritura vai trazer
vários versículos sobre a importância do sofrimento, da qual cito alguns: “Pelo
contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos
de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada
sua glória.(I São Pedro 4,13); “Com
efeito, à medida que em nós crescem os sofrimentos de Cristo, crescem também por Cristo as nossas
consolações. Se, pois, somos atribulados, é para vossa consolação
e salvação. Se somos consolados, é para vossa consolação, a qual se efetua em
vós pela paciência em tolerar os sofrimentos
que nós mesmos suportamos.” (II Coríntios 1,5-6)
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E lembremos sempre: “Tenho
para mim que os sofrimentos da presente vida não têm
proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Romanos 8,18).
“Minha filha, medita com frequência sobre os sofrimentos que
por ti suportei, e nada do que sofres por Mim te parecerá grande. Tu Me agrada
mais quando meditas sobre a Minha dolorosa Paixão. Une os teus pequenos
sofrimentos com a Minha dolorosa Paixão, para que tenham valor infinito diante
de Minha majestade.
Muitas vezes Me chamas de teu Mestre. Isso agrada ao Meu
Coração, mas não te esqueças, discípula Minha, que és discípula do Mestre
Crucificado: essa única palavra te seja sucifiente. Tu sabes o que se encerra
na cruz.
(Jesus à Santa Faustina – Diário nº1512-1513)
A paciência sempre conduz à vitória! (Santa Faustina)
Salve Maria
Imaculada, nossa Corredentora e Mãe! Viva Cristo Rei!
1 comentários
Anderson,
ResponderExcluirMuito bem, parabéns!