Por que Deus não cura fisicamente a todos?

by - abril 05, 2016

Salve Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!

Ao assistir parte da reportagem de Cabrini, no Conexão Repórter, investigando os milagres que pessoas receberam através das orações do Padre Eugênio (Fraternidade Monástica dos Discípulos de Jesus para a Glória de Deus Pai); percebi que havia uma certa tentativa de colocar o sacerdote como charlatão por causa de um questionamento: por que nem todos são curados por Deus?
         Apesar de a reportagem mostrar várias pessoas testemunhando o poder de Deus, de como foram curadas fisicamente após receberem orações do Padre Eugênio, mostraram também um caso em particular que visava pôr em cheque o dom de cura do Padre, ou mesmo a ação de Deus. Tratava-se de um senhor que, mesmo após ter recebido orações do Padre Eugênio, veio a falecer. Entrevistaram a viúva deste senhor e sua filha. O que elas relataram? Disse que ele não foi curado fisicamente, mas sim espiritualmente; que quem conhecia ele antes sabia como ele era, “bruto”, por exemplo, e como estava transformado e aceitando a doença. Estava em paz. Mas, o entrevistador insistia em questionar a fé daquelas duas mulheres: continuar acreditando no padre? Em Deus? Por que tantos foram curados, menos seu ente querido? Também questionou o Padre, quando este disse ter rezado por seu pai, mas este, com câncer, não foi curado e faleceu. O Padre respondeu bem dizendo que Deus quer o melhor para Seus filhos, e que aquilo era o melhor para seu pai. Mas o repórter insistia em questionar: porque nem todos são curados por Deus? Aliás, porque nem todos os que recebem oração são curados?
            Lembremos em primeiro lugar que o Padre Eugênio ou qualquer outra pessoa que tenha o carisma da cura, não passa de um simples instrumento usado por Deus. Em segundo lugar, Deus concede Suas graças a quem quer, como quer, na hora que quer, na intensidade que quer, etc. Portanto, não podemos olhar a cura pela cura; mas sempre voltar a atenção para o autor da cura: Jesus Cristo. E aí sim questionamos – ou melhor, refletimos: por que fui curado?; por que passo por esse sofrimento? De todas as coisas Deus tem um propósito que reflete na eternidade. Se tiramos o autor da cura e focarmos apenas no instrumento usado por Ele, corremos o risco de cair no pecado de superstição. E essa superstição, unido a um racionalismo doentio, que leva a este erro: por que Fulano disse “seja curado em Nome de Jesus” para Fulana, e esta ficou curada, mas ao dizer o mesmo para Beltrana, a mesma continuou doente? Se tivermos um racionalismo doentio, se formos supersticiosos, achamos que porque o instrumento e/ou a oração foi a mesma, a reação deve ser a mesma. Só que quem cura é Jesus Cristo.
            Entendido isto, caríssimos, passamos para o ponto principal: por que nem todas as pessoas recebem curas físicas? Durante minha caminhada na Igreja, já ouvi/li relatos de curas de câncer, Aids, problemas na coluna, etc. Gente que estava morta, condenadas pela medicina, que pelo poder de Deus voltaram a viver e testemunham o poder de Jesus Cristo e a intercessão de Nossa Senhora. Porém, no decorrer da caminhada, até mesmo olhando a vida dos santos, nós podemos constatar que o sofrimento tem uma importância na obra de salvação. E que se nem todos recebem a cura, é porque mais do que o nosso corpo, Deus quer curar a nossa alma para que não sejamos condenados ao inferno.
            Em João 9,1ss contemplamos Jesus que cura um cego de nascença. Jesus foi questionado sobre quem pecara, o cego, ou seus pais, para que este nascesse cego. Jesus responde: “Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus.” (Jo9,3) Ora, Deus não permitiria um mal se dele não pudesse tirar um bem maior. Do mal daquele homem, cego, Deus tirou um bem maior: a manifestação de Sua glória, de Seu poder, fazendo com que aquele homem fosse testemunha da ação misericordiosa de Deus e que as pessoas que não acreditavam e Jesus pudessem crer que realmente Ele era o Filho de Deus. Muitas doenças, ao serem curadas sem explicação para a medicina, confunde os grandiosos deste mundo, que sempre se pautam pela razão sem razão, ou seja, pela pseudo razão que expulsa seu Criador da relação com Suas criaturas. Deus, então, diante de uma doença que o homem não tem como curar, manifesta Sua glória, e muitos dos que não acreditavam em Deus passam a crer.
            Porém, aqueles que não são curados ou que passam por um período de sofrimento antes da cura total, devem recordar que, para nós cristãos, o sofrimento tem poder expiatório. Em outras palavras, o sofrimento serve tanto para a nossa santificação, purificando-nos dos pecados passados, como em forma de penitência pela conversão dos pecadores. São Paulo vai nos ensinar: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Colossenses 1,24). Ora, o Apóstolo aqui fala em alegrar-se nos sofrimentos. Este ensinamento é belo: Jesus Cristo nos salvou por meio da Sua Cruz, porém, mesmo após Sua Paixão, voltamos a O ofender. Muitos ainda não creem em Jesus Cristo. Por isso São Paulo diz que os seus próprios sofrimentos, unidos a Cruz Redentora de Jesus Cristo, eram oferecidos à Igreja, ou seja, eram oferecidos pela salvação das almas. Portanto, tu e eu quando passamos por um sofrimento, pequeno ou grande, e nos unimos aos sofrimentos de Cristo, estamos contribuindo para a conversão dos pecadores, ou seja, para a salvação das almas. Por isso nem todas as pessoas são curadas, porque Deus usa do sofrimento dessa pessoa, da sua paciência em suportar tudo com amor, pela conversão dos pecadores. Aliás, muitas vezes esses pecadores são os próprios familiares por quem passou boa parte da vida pedindo pela conversão. Portanto, se alguém que está nessa situação está lendo este texto, peço-vos: Coragem! Deus é contigo! Una tuas dores às de Cristo na Cruz, e tua família – além de você mesma (o) – estará bebendo da Misericórdia de Jesus.
            Além de ser útil para a conversão dos pecadores, serve para nossa própria conversão, santificação, uma vez que nos leva a humildade e expia dos pecados cometidos no passado. Quando nós confessamos nossos pecados eles são perdoados, porém, precisamos purifica-los no purgatório. Os santos que falam sobre o purgatório vão ser unânimes em dizer que é muito melhor ter a graça de sofrer aqui na terra do que no Purgatório. Uma santa, aliás, que não recordo o nome, vai dizer que é melhor 1000 anos de sofrimento na Terra do que 1 dia no Purgatório.
            Mas o sofrimento também faz rebaixar o orgulho do homem perverso. Quantos são aqueles que andavam no mundo sem se lembrar de Deus, ou até indo a Igreja, mas abusando de Suas Misericórdias: adulterando, prostituindo-se, apego ao dinheiro, etc; outros até num ateísmo prático. Enfim, mas após uma doença grave, vendo-se abandonado pelo dinheiro que não pode comprar uma cura, pela ciência que ainda não é tão avançada para curar tal enfermidade e pelos prazeres desordenados que, antes de dar cura, em muitas vezes é a causadora do mal; a pessoa enfim recorre a Deus por um milagre. Se a pessoa verdadeiramente tem fé em Deus, Deus com certeza agirá. Para uns, vendo Deus – que é Onipresente, Onisciente e Onipotente – que será útil para a salvação, concederá a cura do corpo e da alma; para outros, concederá a cura da alma, fazendo compreender a importância do sofrimento e, o sofrimento antes da morte, antes de deixar a alma aterrorizada, trará a paz, pois percebe a Misericórdia de Deus que, mesmo após ter usado mal os dons que Ele lhe concedeu, gastando com as meretrizes e alimentando-se com os porcos, como o filho pródigo, ainda assim Ele concede a graça de arrepender-se e sofrer um pouco na terra para não sofrer eternamente no inferno. Por isso São Padre Pio de Pietrelcina dizia: ou penitência, ou inferno! – Bendito seja Deus que concede a muitos a graça da penitência para livrar do inferno.
            Conta-se que certa vez Padre Leo, de Betânia, estava a celebrar uma Missa na qual ele rezava pedindo a Deus a graça da cura; e uma senhora, muito decepcionada, chegou para ele e perguntou: Padre, por que não fui curada? Padre Leo, curto e grosso, disse: Porque se não você ia pro inferno! E, caros irmãos, é verdade. Nem todos recebem a cura porque, Deus conhece os corações, sabe que muitos não se emendariam de vida. Um exemplo: se uma pessoa pede a Deus a cura da Aids, porém, em seu coração quer continuar numa vida de devassidão, como Deus dará a cura? Pode até dar, porque Deus tem desígnios insondáveis para o homem e é livro e Poderosos para fazer o que quiser; mas é incoerente nós pedirmos cura sem termos a contrição, ou seja, o desejo de curar a alma, de buscar fazer o possível para não mais pecar
            Nossa Senhora quando apareceu em Fátima, 1917, pedia para os pastorinhos que oferecessem a Deus todos os seus sofrimentos em expiação e em reparação aos pecados que a humanidade cometia contra a Deus. Eu não sei quando é a causa da tua enfermidade. Eu só sei que se Deus permitiu é porque Ele pode, quer e com certeza está tirando um bem muito maior. Eu sei que Ele é poderoso para curar. E sei também que Ele é misericordioso para fazer o que é melhor para a tua salvação. Se quiser, reze assim: Senhor Jesus Cristo, amado Deus, vos suplico em nome do Teu preciosíssimo Sangue, e pela intercessão da Virgem Maria, minha Mãe e Corredentora, que se for de Tua vontade, curai-me Senhor deste meu mal físico (ou espiritual). Porém, Senhor, confesso que sou pecador, muito vos ofendi, sei que merecia o inferno, mas a Vossa Misericórdia me abriu as portas do Paraíso. Diante de tamanho Amor, Senhor Jesus, se meus sofrimentos vos são agradáveis para a minha conversão ou a dos outros pecadores do mundo, da minha família, peço-vos um coração resignado, a graça da paciência, e recebe, por Maria, os méritos de meus sofrimentos; mas, Senhor, se assim vossa bondade quiser, e não for para minha perdição, curai-me ó Deus! Eis-me aqui, Senhor, o escravo da Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua vontade.


“Minha filha, medita com frequência sobre os sofrimentos que por ti suportei, e nada do que sofres por Mim te parecerá grande. Tu Me agrada mais quando meditas sobre a Minha dolorosa Paixão. Une os teus pequenos sofrimentos com a Minha dolorosa Paixão, para que tenham valor infinito diante de Minha majestade.
Muitas vezes Me chamas de teu Mestre. Isso agrada ao Meu Coração, mas não te esqueças, discípula Minha, que és discípula do Mestre Crucificado: essa única palavra te seja sucifiente. Tu sabes o que se encerra na cruz.
(Jesus à Santa Faustina – Diário nº1512-1513)


A paciência sempre conduz à vitória! (Santa Faustina)
Salve Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe! Viva Cristo Rei!
            

         

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