Alguém lhe perguntou: “Senhor,
são poucos os homens que se salvam?”
Ele respondeu: “Procurai entrar
pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o
conseguirão. Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de
fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele
responderá: Digo-vos que não sei donde sois. Direis então: Comemos e bebemos
contigo e tu ensinaste em nossas praças. Ele, porém, vos dirá: Não sei donde
sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores. Ali haverá choro e
ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no
Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora. Virão do Oriente e do Ocidente,
do Norte e do Sul, e se sentarão à mesa no Reino de Deus.”
(Lucas 13,23-29)
Salve Maria Imaculada, nossa
Corredentora e Mãe!
Neste trecho do Evangelho narrado
segundo São Lucas, podemos ver a importância de termos uma verdadeira e sincera
conversão. Nosso Senhor vem nos chamar a passar pela porta estreita. Em Mateus
7,13-14, Cristo também nos exorta: “Entrai
pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à
perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e
apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.”
Na exortação da porta
estreita, segundo São Lucas, há um ponto muito interessante. Jesus se compara a
um pai de família que ao entrar e fechar a porta, não deixará entrar aqueles
que tiveram oportunidade e não quiseram. Santa Catarina de Sena diz “enquanto é
tempo de Misericórdia, recorrei à Cristo Crucificado”. Ou seja, enquanto
estivermos nesta vida temos a oportunidade de mudarmos de vida, de nos
convertermos, de fazermos penitência por nossos pecados. Enfim, o problema é
justamente que não sabemos quando será o dia em que Cristo fechará a porta, ou
seja, o dia em que Ele voltará ou o dia em que nós morreremos.
No
nosso encontro com Deus passaremos por uma porta: os que passaram pela porta
estreita, vão para a glória; os que permaneceram até o último instante na porta
larga, recusando-se se converter, renunciando a misericórdia de Deus, irão para
a perdição eterna.
Mas
o fato de Jesus se comparar a um pai de família deve nos chamar bastante a
atenção. A Igreja é a família de Deus. Jesus, nosso Pastor supremo, a cabeça da
Igreja (cf. Efésios 1,18). Ora, se nós somos o corpo de Cristo, devemos compreender
o que dizia S. Luís Maria Grignion de Montfort quando indagava: Se a cabeça (da Igreja; Jesus) é coroada de
espinho, será que os membros quereriam coroar-se de rosas? – Se Cristo é
nosso Pastor, devemos estar nos campos onde Ele nos conduz, mesmo que seja mais
dificultoso. E, portanto, se Ele é nosso pai de família – Pai de todas as
famílias cristãs – devemos entrar na porta que Ele nos conduz para nos salvar:
a porta estreita.
Tendo
o próprio Cristo como modelo supremo, os pais de família devem esforçar-se para
guiar suas famílias pela porta estreita. Quando falo “pais” me refiro também as
mães que tem papel fundamental na educação dos filhos. Mas friso que tem um
peso muito maior nestas palavras para os homens, afinal, temos poucos homens
pais, para muitos moleques e demais que não se importam com a educação dos
filhos. Antes de prosseguir o texto, pergunte-se: como tenho cuidado da minha
família? Tenho sido um bom pai? Tenho conduzido minha família para a porta
estreita?
É
de suma importância que os cristãos do século XXI assumam aquilo que a Igreja
declarou no Concílio Vaticano II, onde se afirmou que a família é a Igreja
doméstica. O lar deve ser este ponto de encontro onde uns ajudam os outros a
passar pela porta estreita, sem deixar com que se desanimem. Enfim, sendo
Igreja doméstica, Jesus Cristo deve ser o centro da família, deve ser adorado
pela família. A Mãe de Jesus, a Virgem Santíssima, deve ser venerada como
Rainha das famílias. Enfim, a família deve ser o Céu na Terra – na medida do
possível. Mas sempre, o caminho para o Céu de fato.
O
grande problema está justamente no fato de que nossas famílias, em suma, querem
viver anestesiadas na porta larga, que conduz a perdição. Os cristãos do século
XXI querem somente as facilidades, nada de cruzes, de desconfortos, de pequenas
contrariedades. Falar de cruz, porta estreita, santidade, num mundo
secularizado/paganizado como o nosso é clamar a ira de tais pessoas, que dizem
que não tem nada a ver, que não precisa ser tão radical, que Deus conhece os
corações e isso basta, etc. Bom, mas vimos que foi Jesus, nosso Deus e
Salvador, que disse que devemos entrar pela porta estreita. A porta do “tudo
pode” é a larga. E esta conduz aos quintos dos infernos.
São
Paulo ensina-nos “Maridos, amai as vossas
mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santifica-la,
purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo
toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas
santa e irrepreensível” (Efésios 6,25-26). Ora, se os maridos devem agir em
relação à mulher tal qual Cristo agiu com a Igreja, o marido cristão deve
conduzir sua esposa para o Céu. É por isso que não há problema algum em uma
mulher ser submissa a um homem que a ama como Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela na Cruz. Mas, homens, como tens agido em relação à Mulher?
Bom, como o que deve ser falado em relação ao homem, infelizmente, também cabe
em muitas situações à mulher, citemos outro versículo bíblico com foco na
mulher: “Vós, também, ó mulheres, sede
submissas aos vossos maridos. Se alguns não obedecem à palavra, serão
conquistados, mesmo sem a palavra da pregação, pelo simples procedimento de
suas mulheres, ao observarem vossa vida casta e reservada.” (1Pedro 3,1-2). São
Paulo e São Pedro falam de submissão, mas sempre num contexto cristão. Um exorta
aos homens a conduzir suas mulheres ao Céu; o outro, exorta as mulheres à
conduzirem ao Céu, pelo exemplo, os maridos que ainda não abraçaram a fé. Em
ambos os casos, num contexto familiar, nós vemos que os esposos devem buscar
entrar pela porta estreita, conduzir a família para o Céu, e não ficar
deleitando nos prazeres temporais que poderá conduzi-los ao inferno. Maridos e
mulheres, como tendes agido um com o outro em casa? Tem sido sinal de Deus, ou
tem sido o primeiro a levar a tentação para casa?
E
quando o casal tem filho, então...! Os filhos são dons de Deus. A missão dos
pais é de conduzir estes filhos pela porta estreita, para o caminho da
salvação. Mas infelizmente temos que repetir com o apóstolo: “Pais, não exaspereis vossos filhos. Pelo
contrário, criai-os na educação e doutrina do Senhor.” (Efésios 6,4).
Infelizmente, muitos pais cristãos educam seus filhos na doutrina do mundo, do
diabo, e deixam os filhos correrem soltos rumo a perdição eterna. Como tem educado
teus filhos? Teus filhos estão aprendendo a doutrina do Senhor? Lembre-se que
ensinar a doutrina do Senhor não significa manda-los nos finais de semana para
a catequese da paróquia, afinal, os primeiros catequistas são os pais; e qual
catequese você tem dado à eles por palavras e atos?
Infelizmente
temos visto que as famílias cristãs, que pelo sacramento são cheias do Espírito
Santo, têm jogado o dom de Deus fora, e não tem se esforçado para entrar pela
porta estreita. Queremos as comodidades que o mundo e o demônio podem oferecer.
Nem sequer lembram-se que S. João da Cruz ensina que por prazeres temporários
sofrem-se tormentos eternos. Não se lembram. Estão loucos. Estão tão loucos que
revoltam-se com pregadores que ensinam a rezar o terço em família todos os
dias, mas adoram os que impelem a virar a noite com farra dentro de casa. Sim,
sim, falemos a verdade da família de muitos cristãos: farras regadas a bebidas
com muita embriguês, músicas profanas, prostituição; adultérios; pais que
deixam filhos levarem namorados(as) para dormir e ter relação em sua casa; pais
que apoiam a baixaria dos seus filhos; drogas; pais querendo matar filhos;
filhos querendo matar pais. A Igreja doméstica foi profanada, estão transformando-a
num inferno. A família que deveria ser porta estreita, virou porta larga.
Hoje
em dia as famílias estão tão decididas a entrar pela porta larga que conduz a
perdição, que basta alguém pregar a doutrina católica acerca da sexualidade,
que começa o bombardeamento. Não, não somente porque a Igreja condena o sexo
fora do casamento. Mas vai falar para muitos casais da Igreja que não pode usar
preservativo, nem tampouco usar DIU, anticoncepcionais, pílulas do dia
seguinte, etc. O povo vem com pedra, pau, e um vômito de sua loucura! Não querem
filhos porque acham que terão muito trabalho. É o que disse: não querem a porta
estreita, mas somente as facilidades. Não querem sofrer o mínimo desconforto.
Não quer filhos, não quer rezar, não quer ir pra Missa aos domingos; mas quer
embriagar-se, trair, fazer sexo sem ter filho e/ou aborta, etc. Cuidado, a
passagem pro inferno já pode estar comprada. Só que uma vez atravessada, no dia
da morte, não há mais volta.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgs_nwBTKt_SgXPHSxrXS4nY1TtaVOj7zkYyhBmaqzXasugD1PMunhjnqtySTY0YTEHBzy93FL1ZC9Kw6JlUSxWD90LTwNaw8iyztJbns9K0ImbS8X3kLgDXFrBuc3gXtQJ-EjQpHfE5q8/s320/Nossa_celula_Josue_24-15.jpg)
Que
não aconteça CONOSCO o que Jesus conta na parábola. Que Ele não diga que não
nos conhece. Portanto, não sejamos mais malfeitores. Busquemos hoje mesmo, o
mais rápido possível, uma boa confissão com um padre. Afinal, não vai adiantar
dizer que fomos a Missa, que participamos de um grupo, até casamos na
Igreja.... É preciso fazer tudo isso, mas passando pela porta estreita. Não
adianta escrever em blog, é preciso entrar pela porta estreita. A nossa família
precisa seguir O Grande Pai de Família que é Jesus, e entrar pela porta
estreita. Aproveitemos o tempo de Misericórdia, pois é o tempo em que Ele se
deixa alcançar.
Obs:
recomendo a leitura dos livros Carta aos amigos da Cruz (S. Luís Maria
Grignion de Montfort) e O Marido, o Pai e o Apóstolo (Padre de Gibergues).
Este último principalmente para os homens.