Nossa! Quanta caridade! SQN
Não faz muito tempo que o
ex-presidente Lula causou escândalo ao dizer que não havia profissão mais
honesta que a do político. Vou além. Muito mais além. Mais que honestidade, nós
vemos a caridade profunda no político brasileiro. Ou como você explicaria os
mais de vinte casos de candidatos mortos neste período eleitoral de 2016?
Você pode não gostar dos políticos, mas estes atentados
só nos mostram que estas pessoas são as que mais amam sua profissão. As pessoas
que ocupam cargos eletivos (prefeito, vereador, deputados, governador, senador,
presidente) servem para... para servir! São empregados do povo. Tais pessoas
são nossos representantes e devem trabalhar em prol do bem comum. Um político,
quando eleito, tem a missão de trabalhar por mim e por você. Tem que cuidar do
povo. Tem que administrar a máquina pública e, em tese, melhorar a vida do
cidadão.
Partindo deste pressuposto, podemos entender como os mais
de vinte assassinatos nos ensinam a caridade dos políticos. Afinal, estão
matando uns aos outros para poder servir o povo (digo os que sobrevivem,
claro!). Se matam para ser nossos empregados. Dizem que a Igreja Católica é a maior instituição caritativa do mundo.
Eu duvido muito. Eu nunca vi uma freira – destas que servem os miseráveis nos
hospitais – matando outra freira para cuidar do próximo indigente. Há pouco
canonizaram Santa Teresa de Calcutá. Nunca ouvi dizer, porém, que a santa
tivesse matado outra freira para poder limpar o pus da ferida aberta de um
miserável na Índia. Nem Santa Teresa, nem as demais filhas da caridade. Nenhuma
destas freiras busca matar outra para poder ser ela a limpar um leproso. Nunca ouvi dizer
que um(a) irmão/irmã da Toca de Assis tenha matado um ao outro para dar banho
em um mendigo. Nunca li uma notícia “Médico cirurgião mata colega. Motivo: se
achava mais apto a fazer delicada cirurgia em paciente do SUS”. E me causaria
mais espanto se o médico fizesse tal ato para fazer a cirurgia de graça.
A Igreja pode fazer coisas bonitas. Mas os casos recentes
da política nos mostram uma caridade mais elevada. Eles se acham tão mais aptos
a servir o povo, que não querem correr o risco de perder a eleição. Eles matam
para ser servo. “Ei! Saia da disputa ou te mato.”; “Não, cabra, eu que te matarei. Serei melhor administrador que você!”. E assim
ambos mandam chumbo! Pá! Pá! Pá! É o amor a profissão.
Agora eu entendo a expressão “corpo a corpo”. Este
marketing eleitoral é “tiro e queda”. Nós não voltamos ao coronelismo. Nós
nunca saímos dele. Todos sabem que, em muitas cidades brasileiras, entrar na
política é entrar para uma guerra. Mas, como eu disse, é o "amor"! Mata-se
porque acha-se o melhor para o povo. Não seja maldoso de achar que é por
vantagem indevida. Não é por desvios de recursos, vantagens financeiras, foros
privilegiados, influências, poder pelo poder etc. Se você pensa assim, é porque
tem uma mente pequena, alienadinho(a).
Você acha que teríamos tantos ataques a políticos se o
que os movesse não fosse o dinheiro... Opa, espera. O amor. Isso... o amor?
Se você até agora não entendeu a ironia do meu texto,
peço que pelo menos não vote em bandidos.
Não! Nunca! Não vote nestes bandidos que matam outros bandidos; nem nos que matam os honestos
que tentam acabar com a bandidagem na política. Até porque, caríssimos, quem
sempre acaba sendo morto pela bandidagem somos nós, cidadãos. Os bandidos da
politicagem maldita matam o povo, seja por atos, e quase sempre por omissões.
Se você vender teu voto, se votar em bandidos, estará ajudando a puxar o
gatilho do próximo corpo que cairá. Talvez não de mais um político, mas de um
paciente na fila do SUS que morre sem socorro porque o Estado diz que não tem
recursos. Neste caso, quem socorrerá? Que as irmãs da caridade nos ajudem,
porque de fato, só as instituições caritativas têm ajudado o povo; porque o
Estado... Bom, o Estado está cheio de bandidos. Mas – o triste é este “mas” –
quem os colocou como representantes nossos fomos nós mesmos!
Que Deus e Nossa Senhora Aparecida nos ilumine.
0 comentários