S. Francisco: exemplo para todos os fiéis da Igreja
Um dos
maiores santos da Igreja é o beatíssimo São Francisco de Assis. Acredito que a
maioria dos católicos já ouviram falar de São Francisco, conhecendo pelo menos
o básico de sua vida. Mas, infelizmente, corremos o risco de olhá-lo como um
santo inimitável, sendo modelo apenas para os religiosos e, estes diriam,
exemplo de alma rara por seu misticismo e tamanha pobreza.
Mas a
verdade é que a vida de São Francisco é um exemplo para todos os fiéis:
religiosos, leigos, sacerdotes. Todos devem seguir os passos de São Francisco
para não desesperarem e alcançarem a misericórdia de Deus.
A maioria
das pessoas conhecem a história de conversão de São Francisco, mas ignoram que
a vida de santidade de São Francisco foi um processo, foi construída numa
sequência de fatos. Muitas vezes só enxergamos a parte que diz que São
Francisco era rico e desejava a realeza; após ter dois sonhos, regride à Assis
onde o Senhor se manifesta dizendo “Vai e restaura a minha Igreja”. A partir
dali, BUM, São Francisco seguiu o Senhor na radicalidade e se tornou o grande
santo que conhecemos. Bom, mas não é bem assim.
O fato
citado acima (resumidamente) é importante, mas não foi a primeira manifestação
de amor de Deus na vida de São Francisco. Deus já havia se manifestado outros
vezes pela consciência de São Francisco, pela leitura de um trecho do
Evangelho; e Francisco, mesmo na vida mundana, foi mudando o seu coração.
Quando
ele foi preso ao tentar o título de nobreza lutando na guerra, lá na prisão,
Jesus o tocou através do sofrimento. Mas ele voltou depois a buscar as coisas
do mundo. Quando ele era rico, ele viu Jesus na pessoa do pobre; e prometeu
para si mesmo que não negaria nada que lhe pedissem pelo amor de Deus. Ele
continuou nas vaidades do mundo, mas o coração dele estava sendo mudado.
A vida de
São Francisco nos mostra essa luta que há em nosso coração: seguir a Jesus
Cristo na radicalidade do Evangelho, segundo o estado de vida que Ele nos
chamou; ou seguir as vaidades do mundo, ceder os apetites da carne. A quem você
quer servir?
Mas o
fato é que embora São Francisco fosse dado as coisas do mundo, ele foi tendo
experiências com o sagrado que foram mudando seu coração aos poucos, até aquele
histórico encontro com a Misericórdia de Jesus através do crucifixo de São
Damião.
Fica o
exemplo para nós, caríssimos, que exigimos muito de nós mesmos; afinal,
queremos ser santos, mas acabamos caindo e, consequentemente, nos deprimimos
por isso. São Paulo dizia “nem eu me julgo a mim mesmo” (1Corintios 4,3).
Infelizmente nós somos orgulhosos e não aceitamos as quedas, os fracassos, as
misérias; e queremos ser santos no nosso tempo, enquanto devemos ser humildes e
reconhecer que somos pecadores e temos miséria. A santidade é um processo, não
um passe de mágica. A entrega de São Francisco à Deus diante do crucificado foi
magnífica, mas a história de amor entre Francisco e Jesus Cristo não começou
ali, mas era caso antigo: vinha desde o louvor as cadeias, o compadecimento com
o pobre, unido as traições de ser seduzido pelas vaidades do mundo. Por que
Francisco é santo? Porque ele não desistiu e deixou a misericórdia de Jesus transformar
sua vida.
Olhe pra
vida de São Francisco e veja o exemplo de quem não se julgou, mas teve
paciência consigo mesmo, tendo a humildade de reconhecer quem ele era sem a
graça de Deus. Não se julgue mais! Há pessoas que por cometerem um pecado, ou
por não conseguirem ter a vida perfeita que desejariam, se lançam no mais
horrível tipo de vício, desistem de seguir Jesus... Não faça isso! Mas tenha
paciência contigo mesmo. Como meu pároco disse certa vez: “não queira começar
por onde os santos começaram”. Sim, caríssimos, São Francisco foi um dos
maiores santos da Igreja, mas o início da sua história de amor com Jesus foi
IGUAL a nossa: caindo e levantando – a diferença é que ele nunca desistiu e
seguiu em frente? Mas, e nós?
Não estou
dizendo que devemos ser coniventes com o pecado, que devemos continuar pecando
e achando normal porque no fim tudo bem. O próprio São Francisco pregava
duramente contra o pecado mortal. Inclusive no seu famoso cântico das criaturas
ele diz “Ai de quem morrer em pecado mortal”. Mas devemos distinguir duas coisas:
uma coisa é pecar por fraqueza, outra coisa é pecar por safadeza. Quando nós
pecamos por fraqueza, por causa da concupiscência, por causa do costume da
carne no pecado, Deus perdoa e vai nos dando a graça necessária para vencermos
os vícios – como fez com São Francisco. Outra coisa, porém, é querer pecar e
justificar o pecado – como muitos têm feito. Muitas pessoas dizem “eu nasci
assim, eu cresci assim, vou morrer assim”; outros dizem que tal coisa só era
pecado antigamente e que agora não é mais.
No
Evangelho de São Lucas a Virgem Maria diz que a Misericórdia de Deus estende,
de geração em geração, sobre aqueles que o temem (cf. Lucas 1,50). Se você
peca, mas teme a Deus, o que você faz? Imediatamente, como o filho pródigo, vai
ao sacerdote e se confessa pedindo perdão e recebendo o perdão. Mas, quando se
peca por safadeza se expulsa o temor de Deus, e justifica-se o pecado e até se
nega a existência do inferno.
Se você
confessar hoje e amanhã cair no pecado, confesse amanhã de novo. Só não desista
de lutar. São João Paulo II dizia que um santo é alguém que nunca desistiu.
Portanto, NÃO DESISTA! Desde que você conheceu Jesus você só observa suas
quedas? Pois São Francisco conheceu Jesus mas continuava nas vaidades do mundo
(assim como outros santos, como São Gabriel das Dores), mas ele nunca desistiu.
Você não tem o direito de desistir. Jesus morreu na cruz para que o Seu sangue
nos dê a força necessária para sermos santos. É difícil? Mas é possível para
aqueles que perseveram por Cristo, com Cristo e em Cristo.
Por fim,
caríssimos, olhem para São Francisco de Assis e vejam mais que uma chama de
amor por Deus; vejam alguém que teve as mesmas tendências que nós, mas que
nunca desistiu de ser o que Deus queria que ele fosse. Enquanto houver vida no
nosso corpo, que haja luta; se houver luta, haverá a graça de Deus nos dando a
vitória por Sua infinita misericórdia. Amém!
Nossa
Senhora Rainha dos Anjos, rogai por nós!
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