Nunca mais reclame quando seus filhos pequenos te acordarem pela manhã!

by - fevereiro 01, 2017

Você tem um ou mais filhos pequenos que invadem seu quarto e te acorda? Seus pequeninos adoram escalar a cama do casal para acordar papai e mamãe? Você se irrita com isso? Bom, talvez você tenha trabalhado tanto no dia anterior, dormido tarde, e logo no dia que tirou para “descontar” o sono perdido... Vem pelo menos uma criaturinha te acordar, dando beijos, abrindo teu olho, etc. Você fica exausto, dá bronca, mas por vezes se derrete ante o encanto da criança, certo?
Mas muitos pais se irritam com as crianças e suplicam para que elas parem de lhes acordar cedo. Bom, eu sugeriria que nem se irritassem nem mesmo brigassem com os pequenos por fazer isso, afinal, segundo a Drª Maria Montessori, importantíssima educadora do século XX, quando as crianças acordam os pais de manhã cedo, na verdade não é a criança em si, mas é o próprio Deus amando os pais através do amor da criança.
Por isso posto abaixo um belíssimo texto escrito por Maria Montessori, extraído do livro A Criança. Espero que a leitura deste texto possa te fazer enxergar a preciosidade do amor infantil, e pare de desperdiçar este amor que te ama todas as manhãs.

***

Um terrível capricho da criança consiste em ir acordar os pais de manhã — e a nurse tem por dever evitar de todas as formas tal delito, como se fosse o anjo da guarda do sono matutino dos pais.
Mas o que, senão o amor, impele a criança que mal se levantou da cama a ir procurar os pais?
Quando ela salta da cama, bem cedinho, ao nascer do sol, como devem fazer as criaturas puras, vai procurar os pais ainda adormecidos como se lhes quisesse dizer: “Aprendam a viver santamente, já amanheceu, é dia!” Não pretende fazer o papel de pedagogo; está apenas correndo para rever os entes que ama.
O quarto provavelmente ainda está escuro, bem fechado, para que a claridade do dia não incomode. A criança avança, vacilando, com o coração oprimido pelo medo do escuro, mas supera todos os temores e vai tocar carinhosamente nos pais. O pai e a mãe resmungam: “Já não lhe dissemos tantas vezes que não venha nos acordar de manhã cedo?...” E a criança replica: “Não vim acordar vocês, vim beijá-los”.
Como se dissesse: “Não queria despertá-los materialmente; desejava acordar-lhes o espírito”.
Sim, o amor da criança tem imensa importância para nós. O pai e a mãe dormem a vida inteira, tendem a adormecer sobre todas as coisas, e precisam de um novo ser que os desperte e os reanime com a energia fresca e viva que já não existe neles — um ser que se comporte diversamente deles e lhes diga todas as manhãs: “Levantem-se para uma vida nova, aprendam a viver melhor”.
Sim, viver melhor: sentir o sopro do amor.
Sem a criança, que o ajuda a renovar-se, o homem degeneraria. Se o adulto não procura renovar-se, forma-se paulatinamente em torno de seu espírito uma couraça que acaba por torná-lo insensível — e, desse modo insensato, seu coração se perderá! Isto nos traz à mente as palavras do Juízo Final, quando Cristo, dirigindo-se aos condenados, aos que nunca utilizaram os meios de renascimento encontrados durante a vida, os amaldiçoa:
— Ide, malditos, porque me encontrastes enfermo e não me curastes!
E eles respondem:
— Mas quando, Senhor, nós vos encontramos enfermo?
— Todas as vezes que encontrastes um pobre, um enfermo, era eu. Ide, malditos, porque eu estava encarcerado e não me visitastes.
— Oh, Senhor, quando estivestes num cárcere?
— Cada encarcerado era eu.
A dramática passagem do Evangelho significa que o adulto deve consolar o Cristo oculto em cada pobre, em cada condenado, em cada sofredor. Mas se a maravilhosa cena evangélica se aplicasse ao caso da criança, constataríamos que Cristo ajuda todos os homens sob a forma da criança.
— Eu vos amei, fui acordar-vos todas as manhãs e me repelistes.
— Mas quando, Senhor, viestes à minha casa pela manhã para me acordardes e eu vos repeli?
— O filho de vossas vísceras que vinha despertar-vos era eu. Aquele que vos implorava que não o abandonásseis, era eu!
Insensatos! Era o Messias que vinha despertar-nos e ensinar-nos o amor! E nós pensávamos que se tratasse de um capricho infantil — e, por isso, perdemos nosso coração!
(Maria Montessori. A Criança. Grifo meu)

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