Salve
Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
A
obediência, no contexto religioso católico, sempre foi algo de suma
importância. A obediência de Cristo à vontade do Pai, a obediência dos Apóstolos
à Cristo e a obediência em geral dos santos à Cristo através de Seus representantes,
sempre foram motivos de meditação de metas a atingir. Todavia, ao longo da
história muitos uniram-se à Lúcifer no brado contra Deus: “Não servirei”.
Santa
Faustina dizia que o demônio pode se ocultar sob o manto da humildade, mas
nunca sob o da obediência. Há quem conteste sua santidade e/ou suas visões; mas
quem estuda sua vida não tem como contestar sua obediência. Ela é santa não
porque teve visões e colóquios mÃsticos com o Senhor, mas porque obedeceu a
vontade de Deus expressa em seus superiores – conforme as próprias regras da
comunidade onde se consagrou. Em visão foi-lhe mostrado que ela devia fundar um
convento; por obediência aos superiores, continuou na Congregação até a morte
(embora a fundação da nova comunidade se tenha dado espiritualmente, pois muitas
comunidades posteriormente foram fundadas com inspiração no carisma da
misericórdia proposto pela santa).
Mas
hoje as pessoas não querem obedecer aos seus pastores. O padre, Bispo e até o
Papa são seres sem autoridade. Só se é digno de “obediência” quando a vontade
destes abraçam a minha. Mas isso nunca foi obediência, senão conveniência.
Uma
santa doutora da Igreja outrora nos ensinou: “quando se tem consciência limpa e
obediência, o Senhor nunca permite que o demônio tenha poder para nos enganar
de uma maneira capaz de prejudicar a alma. Pelo contrário, é o demônio que se
vê enganado.” (Santa Teresa de Jesus – Fundações, Cap. 4)
Nossa
querida Teresa pedia às carmelitas consciência limpa e obediência. A nossa
geração não tem nenhuma das duas. Bom, sobre a consciência não posso falar pois
não estou na cabeça de ninguém; mas é perceptÃvel que muitos têm a consciência
no mÃnimo deturpada pelo egoÃsmo e por heresias camufladas de boa doutrina.
Antes
de falar da consciência limpa, medite sobre a obediência. Hoje há religiosos com
voto de obediência que não querem obedecer aos superiores porque acham que
determinado caminho é melhor. Há membros de comunidades de vida que ao receber
uma ordem, se recusa a obedecer. Quando eu era vocacionado da comunidade Shalom
aprendi muito sobre as podas; hoje, no entanto, qualquer poda o sujeito já diz
que está sendo perseguido e humilhado. Eu cresci na fé ouvindo músicas e
pregações de membros da Canção Nova, onde diziam que por obediência ficaram um
ano sem fazer shows e/ou pregações; mas davam testemunho que neste um ano foi
onde mais ouviu a Deus e pôde compor músicas que se tornaram conhecidas e
utilizadas para tantos momentos de oração. Já hoje, se um membro de vida (aquele
que se consagra e se dedica exclusivamente à comunidade) recebe a ordem de
ficar seis meses sem fazer show e/ou pregar, é o inÃcio do fogo no parquinho.
Os
religiosos com votos têm que obedecer em tudo? Sim. Os leigos em geral tem que
obedecer em tudo o pároco, o Bispo e o Papa? Sim. Sem exceção? Não! A exceção é
justamente a consciência limpa. Como assim? A Igreja e vários santos nos
ensinam que são não devemos obedecer aos nossos superiores quando estes nos
mandam fazer algo que seja PECADO. Exemplo: Se ao confessar o padre me desse
como penitência me masturbar, é ÓBVIO que não sou obrigado a obedecer. Aliás,
se o padre ou até o Papa mandar fazer algo que a Igreja há anos e anos já
definiu que é pecado, não devo sequer cogitar obedecer.
O
problema da consciência é que nem sempre ela está limpa. Muita gente começa a
obedecer seus superiores alegando questão de consciência quando, na verdade,
são apenas escrúpulos de mentes atormentadas. Suponhamos que o Padre passe de
penitência para o sujeito a recitação do rosário com quatro terços. Vai ter
gente se negando porque tradicionalmente se rezava com três e os luminosos foram
acrescidos por São João Paulo II. Suponhamos ainda que um religioso é proibido
de pregar ou de exercer algum apostolado. Há quem faça mesmo desobedecendo e
outros que até pedirão desligamento da comunidade. Não pregar é pecado? Pregar
ou não pregar é indiferente quando se está em obediência. Santa Teresinha do
Menino Jesus é padroeira das missões sem nunca ter pregado; embora com sua
oração e obediência tenha ajudado a salvar almas. Já tantos pregadores por
vontade própria quando muito causaram confusão.
Essas
desobediências, pequenas ou grandes, são aberturas para a ação do demônio, como
bem expôs Santa Teresa acima. Quantos apostolados e vocações se findaram por
causa da falta de obediência.
Talvez
alguns ainda digam que têm a consciência limpa. Mas será que está limpa mesmo?
O Cardeal Ratzinger tratou da questão da consciência:
“Ficam
evidentes dois critérios para discernir a presença de uma autêntica voz da
consciência: ela não coincide com o desejo ou gosto pessoal e não se identifica
com o que é mais vantajoso do ponto de vista social, com a aprovação do grupo
ou com as exigências do poder polÃtico e social.” (Ratzinger - Ser Cristão na
Era Neopagã)
É por
isso que é importantÃssimo fazer uma séria reflexão. Santa Teresa diz que Jesus
não permitirá que o demônio perca uma alma que tenha obediência e consciência
limpa. Mas muita gente pode estar com seguindo uma falsa voz da consciência. De
acordo com o que vimos Ratzinger falar, a voz da consciência não é a voz da
minha vontade. Nem sempre o correto vai vir de encontro à minha vontade. Muitas
vezes colocamos como consciência limpa o que é na verdade mais cômodo para nós.
Exemplo: um religioso escreve um livro e pede autorização do seu superior para
publicar. Este diz que não deve publicar agora. O religioso, por sua vez, ao
ver que a matéria do livro era importante para a salvação das almas, decide sair
da comunidade religiosa para publicar o livro. Questão de consciência? Bom, não
seria conveniência? Fama pelo livro publicado, dinheiro de vendas etc. Os santos
buscavam sempre fazer da vontade do superior a própria vontade de Deus. A consciência
era utilizada nas questões em que se manda fazer algo que é pecado.
A
consciência ainda deve ser bem meditada por todos nós leigos que não temos voto
de obediência. É claro que precisamos obedecer o pároco, coordenadores de
apostolado (quando se faz parte de algum), mas como não temos a vida consagrada
como um religioso, temos que buscar ter consciência reta. Exemplo: sair do
emprego A para o B é algo bom ou vou apenas porque ganharei mais? Isso é
importante meditar. Quando se segue a vida profissional somente focando no
financeiro, esquece-se que determinado emprego pode te levar a pecar, a
trabalhar em excesso te fazendo não ter tempo para a vida sacramental nem para
a educação dos filhos etc.
Por
fim, busquem andar com as duas asas: consciência limpa e obediência, mesmo
sendo leigos. As vezes a gente pensa: não sou religioso, estou tendo uma
oportunidade de crescimento pessoal... vou deixar esse negócio de Missa diária
e ir somente nos domingos para focar no crescimento profissional. De maneira
racional, ok. Mas guiado pelo orgulho, soberba, ganância etc. pode ser uma bela
de uma armadilha do demônio. Portanto, limpe a consciência e, sempre que for
possÃvel, leve tua consciência à um sacerdote para que este pelo conselho ou
mesmo pela obediência, te certifique da limpeza de consciência.