Maria, a Mulher despojada
Salve
Maria Imaculada, nossa Co-Redentora e Mãe!
A
Santíssima Virgem Maria tem muitas virtudes da qual nós podemos e
devemos nos espelhar e imitar. Mas tem uma característica da
Santíssima Virgem da se faz necessário a nossa imitação. Está
ligado a sua humildade e caridade para com Deus e para com o próximo.
Trata-se do seu total despojamento para viver a vontade de Deus.
Muitos conhecem a Deus, poucos se despojam de suas vontades para
fazer a vontade de Deus.
Nossa
Senhora foi totalmente despojada, sem apego, livre nas asas do
Senhor. E podemos ver isso quando lemos a narrativa evangélica do
anúncio do Anjo à Maria, e constamos o seguinte: O Anjo Gabriel lhe
aparece e lhe anuncia que ela era cheia de graça (cf. Lc 1,28); que
Ela encontrou graça diante de Deus (cf. Lc 1,30); que seria Mãe do
próprio Deus que se encarnaria de forma virginal (cf. Lc 1,31-33);
que o Espírito Santo desceria sobre Ela e a sobra do Altíssimo a
envolveria (cf. Lc. 1,35); eis que a Virgem, mesmo com tantos
privilégios extraordinários, não se exalta e declara “Eis
aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”
(Lc 1,38).
E essas Palavras demonstram a humildade e o total despojamento da
Imaculada. Ela não se apega a sua condição de Mãe de Deus, não
se apega a alguma provável regalia (que não existiu), mas se
declara escrava. Ao se declarar escrava - é escrava mesmo! -, ela se
despoja de todas as suas vontades (se é que antes tinha vontade
própria, já que escritos de santos místicos mostram a profunda
união de Nossa Senhora com Deus desde sua infância), para fazer
unicamente a vontade de Deus.
Nas
visões de Santa Brígida podemos ler que Nossa Senhora sempre rezava
pedindo a graça de poder ser uma serva da Mãe de Deus. Isso mesmo.
Ela era tão humilde, que ao saber que as escrituras diziam que Deus
se faria carne e habitaria em nosso meio, Ela não rezou pedindo –
como talvez muitos fizeram – a graça de ser a Mãe de Deus, mas
pedindo a graça – e para ela já seria muita coisa – de poder
servir a Mãe de Jesus. E Deus que “resiste
aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes (cf. Provérbios 3,34),
se agrada da humildade de sua dileta filha, humilde, pura, imaculada,
escolhida desde toda a eternidade para ser a Mãe do Emanuel (O Deus
conosco = Jesus, o Filho de Deus). E o verdadeiro humilde faz sempre
a vontade de seu senhor. E a Virgem, como declarou-se escrava do
Senhor, conforme já o era, com toda certeza, faz a vontade do Pai.
Ela queria ser a serva da Mãe, mas a vontade do seu Senhor é que
Ela fosse essa Mãe de Jesus que tornar-se-ia, por méritos de seu
Filho, Rainha do Céu e da Terra. Então Ela se despoja de sua
vontade, pra fazer a vontade do Pai.
E
nós, pobres coitados, quantas vezes não temos este despojamento de
sermos dóceis às santas inspirações do Espírito Santo e do nosso
anjo da guarda, e insistimos em fazer sempre a nossa vontade, do
nosso jeito... somos orgulhosos e apegados. Sejamos como a Virgem
Maria: dóceis, humildes, despojados.
Nesses
escritos místicos também vemos que a Santíssima Virgem desde sua
infância havia feito voto de virgindade. E é belo ver que ela havia
ficado perturbada quando lhe prometeram em casamento à São José.
Mas Ela sabendo que conforme a cultura da época devia obedecer, se
despoja de sua vontade, sabendo que ali havia um desígnio de Deus.
Ela com certeza já tinha formulado em seu Imaculado Coração o que
só posteriormente São Paulo viria a escrever: “Todas as
coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são os eleitos, segundo os seus desígnios” (Romanos 8,28).
Sim, Nossa Senhora sabia que ali tinha um desígnio de Deus, da qual
Ela não compreendia; e mantinha firme outra sua virtude: sua fé.
Sim, Ela manteve a fé, sabendo de que ofertou-se inteiramente a Deus
de corpo e alma, ofereceu a Deus a sua virgindade consagrada, e sabe
que apesar da visão turva, tudo concorreria para o bem dela que
amava a Deus. Tudo concorreria para a melhor realização desse seu
voto. Tudo concorreria para o bem, para a salvação, dela e de José,
e, pode ver depois, da salvação da humanidade. Ela manteve a fé e
o despojamento, ou seja, o abandono total à divina providência.
E
nós, como somos? Por mais que tenhamos alguns propósitos que
julgamos santos, logo murmuramos, perdemos a fé, desanimamos; muitos
chegam a abandonar a Igreja, perdem o relacionamento com Deus. Donde
vem isso? Isso vem do apego a própria vontade. Não percebe que
muitas vezes as barreiras que encontramos são provas que Deus nos
manda, para ver se realmente queremos aquele bem por causa dEle
(Deus), ou se queremos só por nossa vaidade. Muitos trocam o Deus
dos dons, pelos dons de Deus. Seja persistente em Deus. Como Jacó
foi persistente e disse que não soltaria o Senhor até ser
abençoado. E a partir dali ele foi chamado Israel. Nossa Senhora
permaneceu firme em seu propósito de virgindade, santidade, de ser
fiel a vontade do Senhor; mesmo quando humanamente parecia tudo
errado. Mas se nós buscamos sempre a vontade do Senhor, nós vemos
que aquilo que está errado hoje, é o instrumento que será certo
amanhã. As pedras que me aparecem na estrada hoje, Deus as permite
aparecer para que nós a usemos para construir uma casa de glória
amanhã. Mas só terá essa compreensão espiritual quem for
despojado como a Santíssima Virgem. São José poderia ser,
humanamente falando, uma pedra de tropeço que A impediria de ser
virgem por amor do Reino de Deus, como havia feito o voto. Mas nos
desígnios de Deus, este não só não interferiu na sua virgindade,
mas, como vai dizer um santo, este (São José) também permaneceu
virgem (puro) por causa de Nossa Senhora. Aquele que poderia ser um
impedimento, segundo o desígnio de Deus, tornou-se a proteção dEla
e de Jesus, o Filho de Deus da qual Ela, a humilde escrava do Senhor,
tornara-se Mãe.
Quantas
pessoas acabam perdendo vocações, por exemplo, porque em tal
comunidade, instituto, ordem, enfim, pediram pra fazer mais um ano de
vocacional. Se pedirem muitos anos de discernimento, faça-os, ora,
pois. Queres ser religioso(a), padre, consagrado, enfim, por amor de
Deus ou por vaidade? Se for por vontade própria, de fato, vai sair.
Se for vontade de Deus, persista, nem que tenha que esperar trinta
anos para receber discernimento (como S. Beatriz da Silva que viveu
trita anos como serviçal num convento até receber autorização pra
fundar a ordem da Imaculada Conceição, conforme Nossa Senhora lhe
pediu numa aparição). Seja despojado. Se despoje das suas vaidades.
Se despoje da sua vontade própria. Tudo concorre para o bem, ou
seja, para a salvação, para o cumprimento da vontade de Deus...
daqueles que amam a Deus. Mas você ama a Deus ou os dons, carismas,
vocações, ordens, etc., que Deus suscita? Nossa Senhora não amava
mais a virtude do que a Deus. Deus deve ser o centro do nosso amor.
Deus é o nosso fim. Deus é a essência, o sentido da nossa vida.
E
o interessante é que Nossa Senhora fala para o Anjo São Gabriel
quando este lhe anuncia que ela seria Mãe de Deus: “Como se
fará isso, pois não conheço homem?” (Lucas 1,35). É
belo ver que Nossa Senhora não duvidou do poder de Deus, como alguns
podem achar. Afinal, alguns versículos antes, a Sangrada Escritura
nos mostra que Zacarias fez pergunta semelhante em relação a Isabel
estar grávida (cf. Lc 1,18), e a consequência da dúvida de
Zacarias foi este receber o castigo de ficar mudo até São João
Batista nascer (cf. Lc 1,19ss). Ora, sabemos que Deus não faz
distinção
de pessoas (cf. Atos
dos Apóstolos 10,34). Então se a incredulidade de um resultou em
ficar mudo, Nossa Senhora não levou uma bronca, nem sofreu um
castigo, mas continuou falando e pode proclamar o Magnificat (cf. Lc
1,46ss); portanto, conclui-se que a Santíssima Virgem não duvidou.
Mas,
por que, então, Maria perguntou como se realizariam todas aquelas
coisas? A resposta é exatamente isso que citei acima: ela pergunta
não por duvidar do poder de Deus, mas por querer continuar Virgem.
Deus sonda os corações, e este Deus comunica ao Anjo que Ela não
duvidou, mas queria permanecer pura. E Deus se agrada dos santos
desejos. E Nossa Senhora declara-se a escrava do Senhor, porque a
razão da vida dela era ser um nada, ser despojada. Ela quis
perder-se totalmente em Deus. Ela quis diminuir para Deus aparecer. E
foi tão humilde e tão unida ao Espírito Santo como jamais ninguém
poderá igualar, que Deus não só fez morada em seu coração, mas
encarnou-se em seu ventre puríssimo. O Espírito Santo vinha falar
pelos profetas e voltava; mas ao respousar na Santíssima Virgem, não
só permanece poderosamente, mas como gera a carne de Deus da sua
carne imaculada. De fato, Nossa Senhora tem toda razão quando
proclama: “realizou em mim maravilhas aquele
que é poderoso” (Lc 1,49).
Deus também quer realizar
maravilhas na nossa vida, mas para isso é preciso renúncia, coragem
e disposição da nossa parte. Só a Virgem Maria teve o privilégio
de ser mãe de Deus. Só Ela. E Ela que se declarou escrava do
Senhor, aparece em Apocalipse 12 com uma coroa de 12 estrelas. Eis
que a humilde foi exaltada por Deus e, mesmo com o inferno tremendo,
TODAS AS GERAÇÕES TEM QUE PROCLAMAR MARIA SANTÍSSIMA BENDITA! (Cf.
Lc 1,48). Mas as virtudes humanas nós podemos imitar. E essas
maravilhas Deus quer realizar em nós. Ou seja, podemos imitar sua
humildade, pureza, amor, paciência, etc. A vontade de Deus para nós
é que sejamos santos: “Sede santos, porque eu, o Senhor
vosso Deus, sou santo” (Levítico 19,2). Mas não se
preocupe por saber que tu, assim como eu, és miserável; pois o
mesmo livro vai nos alentar: “Eu sou o Senhor que vos
santifica” (Levítico 22,32). Deus exaltou a humilde Virgem
Maria, que queria ser uma serviçal da mãe de Deus, e exaltou-A,
fazendo-A a própria Mãe do Verbo encarnado (Mãe de Deus), e Rainha
do Céu e da Terra. Nós, somos miseráveis, pecadores, nada
virtuosos comparados com a Santíssima Virgem, porém, Deus quer que
sejamos santos, e é Ele quem nos santifica. E Ele nos santificará
se nós imitarmos a Santíssima Virgem Maria: sejamos humildes e
despojados de nossas vontades, vaidades. Renunciemos todo pecado e
nos apeguemos à santa vontade de Deus.
Amém?
Possamos então todos os dias
declarar: Eis aqui o(a) escravo da Escrava do Senhor, faça-se em mim
segundo a Tua vontade.
Salve Maria Imaculada, nossa
Co-Redentora e Mãe!
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