Salve
Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
No
capítulo 8 do Evangelho segundo São João podemos ler a longa discussão que
Jesus teve com os fariseus. Em um determinado trecho podemos fazer uma
meditação, mergulhar mais a fundo nas palavras de Cristo, e descobrirmos os
meios para nos unirmos a Deus de verdade.
Os
fariseus tinham um pseudo relacionamento com Deus. Tudo estava nas aparências,
na lei pela lei; mas o coração, longe estava do verdadeiro sentido que é o
próprio Deus. Por isso, caríssimos, leiamos com devoção as palavras de Cristo:
Se me
glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; meu Pai é quem me glorifica,
aquele que vós dizeis ser o vosso Deus e, contido, não o conheceis. Eu, porém,
o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria mentiroso como vós. Mas
conheço-o e guardo a sua palavra.” (João 8,54-55)
Neste
trecho, então, podemos observar três caminhos para ter um relacionamento com Deus
verdadeiro – totalmente contrário ao dos fariseus, que era falso.
Para
termos essa união com Deus, para chegarmos a perfeição no relacionamento com
Nosso Senhor Jesus Cristo, é preciso:
1)Confessar o senhorio de Deus na sua vida – primeiramente
é preciso declarar que Jesus Cristo é nosso Senhor e salvador, reconhecer sua
divindade. Aliás, professar nossa fé na Santíssima Trindade – não somente com
os lábios, mas confessar na vida. É necessário declarar o senhorio de Jesus na
nossa vida, ou seja, não ter ídolos, falsas divindades. É por isso que Jesus
fala sobre o Pai em termos estranhos aos fariseus, ou seja, diz que o Pai é
aquele “que vós dizeis ser o vosso Deus”. Ora, nós dizemos que Jesus é nosso
Deus, que cremos na Santíssima Trindade, que o adoramos; mas falamos apenas da
boca para fora, ou realmente temos a Deus uno e trino como único Deus da nossa
vida? Ou será que temos colocado outras realidades no lugar de Deus? Há pessoas
que idolatram o dinheiro, o prazer, o poder, que recorrem a magia, aos
horóscopos, ao espiritismo, as chamadas macumbas, candomblé, etc., ao mesmo
tempo que se dizem cristãs. Ora, o próprio Jesus disse “ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro” (Mateus 6,24), e em
seguida exemplifica dizendo “não podeis
servir a Deus e à riqueza” (idem). Ora, ou somos católicos e temos Deus uno
e trino (Pai, Filho e Espírito Santo) como única divindade da nossas vidas,
como Senhor, ou somos como os fariseus que só tinham a Deus por Pai de fachada.
Isso é grave! Há muitas pessoas que vão à Missa com certa frequência, quiçá
dominicalmente, mas também frequentam centros espíritas e/ou de umbanda, ou
professam filosofias e ideologias condenadas pela Igreja, afastando-se
completamente da fé católica. Se queremos ser verdadeiros adoradores e
chegarmos a perfeição do relacionamento com Deus, precisamos urgentemente renunciar
todos os ídolos da nossa vida – renunciar toda falsa religião, filosofia,
prática contrária aos ensinamentos de Cristo, etc. Afinal, não podemos apenas
dizer que Cristo é nosso Senhor, mas mostrar com a nossa vida que Jesus é nosso
Deus.
2)Conhecer a Deus (cf. versículo
55) – O primeiro mandamento nos ordena amar a Deus sobre todas as coisas. Mas,
como nos ensinam os santos, não se ama aquilo que não se conhece. Nós precisamos
conhecer a Deus para amá-Lo. Nós não conseguimos conhecer a Deus sozinhos, mas
o próprio Deus se deixa conhecer. Por isso somos cristãos, pois Jesus é a
própria revelação de Deus: Jesus é, conforme João 1 em diante, o Verbo de Deus
que se fez carne. Jesus é Deus de Deus que se fez carne no ventre da Virgem
Maria. É preciso, portanto, conhecer esse Deus que nós dizemos servir. Quem é
Jesus? O que Ele nos ensinou? O que a Igreja, Seu Corpo Místico, está a nos
ensinar? Mas, o conhecer a Deus aqui como caminho para a união com Deus, não é
apenas conhecer intelectualmente, mas conhecer como um amigo conhece o outro:
no amor, na partilha, na conversa, na presença. Nós precisamos ter uma vida de oração. É por isso que muitos embora
meditem intelectualmente, leiam muitos livros de teologia, ainda não conhecem a
Deus; pois, como ensinava S. Padre Pio, nos livros nós procuramos a Deus, mas
na oração o encontramos. É necessário o estudo, mas, mais necessário, a oração.
Portanto, não basta agir como os mestres da lei e os fariseus que sabiam da
lei, mas é necessário conversar com o autor da lei, com o amado Deus, com nosso
Senhor. É extremamente necessário ter uma experiência pessoal com Nosso Senhor
Jesus Cristo. Experiência pessoal, aliás, que não quer dizer necessariamente
uma experiência sensível de alto nível de mística; mas um ato de achar o que se
procurava: Cristo Jesus. É necessário buscar a Cristo todos os dias através da
oração, ou mesmo ir diante do Sacrário, e buscar conhecer a Cristo, buscar esse
encontro, e Cristo, vendo tua insistência em querer conhece-Lo e amá-Lo, se
encontrará cada vez mais na tua alma, ou seja, acenderá a luz da fé, iluminará
tua mente. Mas que fique claro: é preciso conhecer a Deus... Deus se deixa
encontrar... Ele se revela a todo aquele que O busca na oração.
3)Guardar a Palavra - Jesus diz claramente que ele conhece o Pai e
guarda a Sua Palavra (cf. v. 55). É interessante porque Jesus é a própria
Palavra do Pai encarnada (cf. João 1,1ss). Mas Jesus que se revela como o Filho
de Deus, vem usar da sua pedagogia que é a melhor, ou seja, a pedagogia do
exemplo. Ele é Deus de Deus – como rezamos no Credo -, mas mesmo sendo igual a
Deus, enquanto homem que se fez, Ele buscou a oração para mostrar que o homem
deve estar em contato com seu Criador. Jesus conhece o Pai não somente por que
ora à Ele, mas porque veio d’Ele. Jesus não somente conhece o Pai, mas veio
dEle; o homem também veio de Deus e, a exemplo de Cristo, também voltará para o
Pai (estaremos todos no juízo – uns estarão com Deus para sempre, outros
condenar-se-ão). Jesus veio do Pai porque saiu dEle, Eles são um com o Espírito
Santo... Um só Deus; o homem veio de Deus porque é sua criatura. Jesus veio com uma missão que o Pai lhe deu:
salvar a humanidade do pecado, pagando um alto preço, o preço do seu próprio
sangue, para salvar-nos da perdição eterna. Da mesma maneira, à imitação de
Cristo, necessitamos guardar a Palavra de Deus. Ora, o Concílio Vaticano II
recorda-nos que o fim último do homem é Deus. A Igreja nos ensina que o homem
nasceu para conhecer e amar a Deus. Ora, mas como se ama a Deus? Jesus ensina: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”
(João 14,15) e também “Se guardardes os
meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os
mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor” (João 15,10). Após confessar
o senhorio de Jesus em nossa vida, e depois de conhecer a Deus na oração, é
necessário guardar os mandamentos de Deus para atingirmos nosso fim que é Deus.
Não podemos ser falsos cristãos que acham que fazem o suficiente por ir na
Missa aos domingos, rezam de vez em quando, mas não guardam a Palavra de Deus –
continuam numa vida de pecado. Há inclusive pessoas que acham que estão na
graça de Deus, embora vivendo com consciência situações de vida contrárias ao
que a Igreja ensina como correto, somente porque são abençoadas materialmente
falando, ou porque receberam uma visão ou algo do tipo. Há pessoas que acham
que vão se salvar porque pagam o dízimo. Há pessoas que somente porque tiveram
uma experiência sensível, normalmente em oração, através de uma visão ou algo
do tipo, acha que não precisa mudar de vida, como se carismas apontasse
santidade. Em Mateus lemos “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor,
entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai, que
está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em
vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos
milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim,
operários maus!” (Mateus 7,21) Portanto, não basta ter uma experiência
sensível; é necessário colocar em prática a Palavra de Deus. Não basta rezar,
mas é necessário buscar aplicar a Palavra de Deus na nossa vida. Como
ensina-nos São Tiago: “Sede cumpridores da palavra e não apenas
ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos” (Tiago1,22).
Se nós
desejamos a santidade que Deus nos chama, possamos dar um passo em direção a
Ele, pois ele dará sete em nossa direção. Que Nossa Senhora, a escrava do
Senhor, a Mulher bendita, Aquela que é a Criatura que mais esteve unida a Deus,
nos ensine a trilhar o caminho da santidade, ensinando-nos a confessar o
senhorio de Cristo, conhecendo a Deus e colocando em prática Sua Santa Palavra.
Salve
Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
Viva
Cristo Rei!
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