Salve
Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
Um dos maiores santos do século XX, senão da história da Igreja, foi o frade capuchinho conhecido como São Padre Pio de Pietrelcina. Este santo é conhecido não somente pela vida austera e oferta a Deus, mas pelos grandes milagres realizados através de suas orações e de um dom peculiar: perscrutar corações. Ao confessar seus penitentes, não poucas vezes o fiel não precisava abrir a boca, afinal Padre Pio, por graça de Deus, lia a alma da pessoa e falava quais haviam sido os seus pecados. Portanto, no santo de Pietrelcina era abundante o dom de ciência. Ele era íntimo de Deus e tinha grandes revelações.
O
problema é que
passados alguns anos as pessoas têm
usado a figura – os
dons, melhor dizendo – de Padre
Pio para defender teses um tanto quanto alheias a fé. Como São Padre Pio tinha fama de altíssima santidade – como realmente tinha – e um dom de ciência muito apurado, não falta gente defendendo ideias usando em
sua defesa “mas Padre Pio, quando
vivo, aprovava.”
Para
facilitar o entendimento, citarei um caso específico: supostas aparições de
Nossa Senhora em Garabandal (Espanha). Para quem não sabe, a Igreja afirma que quem decide
sobre veracidade ou não de
aparições é o Bispo local da diocese em que
supostamente os fenômenos
ocorreram. Acontecem que todos os Bispos, do titular da época das aparições na década de 60 até o atual, negaram os fenômenos sobrenaturais. A Congregação para a Doutrina da Fé, consultada por um dos Bispos, reiterou
a posição de que a decisão devia ser do Bispo; logo, prosseguiu o
entendimento de que os fenômenos
ocorridos em Garabandal não
foram sobrenaturais.
E o
que Garabandal tem a ver com São
Padre Pio? Ora, não
falta defensores de tal aparição
justificando a negativa da Igreja com um “mas
Padre Pio disse que em Garabandal era Nossa Senhora que aparecia”. Ora, é preciso entender a fé católica. São Padre Pio era santo, mas ele não detinha o poder das chaves, dadas ao
Papa (Cf. Mateus 16,17-18). O Concílio
Vaticano I proclamou o dogma da infalibilidade Papal. É o Papa que ao seu pronunciar solenemente
tem a infalibilidade.
Partindo
do pressuposto de que São
Padre Pio disse que as aparições de
Garabandal era Nossa Senhora (pressuposto, porque alguém pode ter inventado. Eu disse pode, não afirmei que foi), nós temos um confronto de afirmações: de um lado Padre Pio afirmando
que era Nossa Senhora; de outro, a Igreja afirmando que não era Nossa Senhora. A qual afirmação seguir? As Sagradas Escrituras
dizem:
“A IGREJA É COLUNA E SUSTENTÁCULO DA VERDADE” (1Tim 3,15)
Ora,
é a Igreja que tem o poder de declarar a verdade de fé. E se formos olhar a
vida e os escritos de Padre Pio, em fontes confiáveis, nós podemos ver um homem
que cria nessa verdade: devemos obedecer a Igreja, que é coluna e sustentáculo
da verdade.
Por
mais que uma pessoa seja santa e cheia de dons, não faz ela estar acima da
Igreja. Certa vez o Padre Paulo Ricardo afirmou que Santa Catarina de Sena
teria tido uma visão de Nossa Senhora dizendo que ela (Nossa Senhora) não era imaculada.
Ora, essa visão foi produto da mente de Santa Catarina ou ilusão do demônio,
uma vez que a IGREJA decretou, por meio do Papa Pio IX, o dogma da Imaculada
Conceição da Santíssima Virgem.
Em
quem crer: na visão da santa de Sena – realmente santa e proclamada doutora da
Igreja, diga-se de passagem – ou na Igreja que proclamou um dogma sobre o
assunto? É óbvio que na Igreja!
Da
mesma forma, não só em relação à Garabandal, mas em diversos outros temas,
quando o único argumento a favor de determinada situação for “Padre Pio apoiava”,
fique com a Igreja (caso esta tenha se posicionado).
Nenhum
santo, por mais inteligente ou com dons sobrenaturais, se é verdadeiro santo,
se coloca acima da Igreja. Santo Tomás de Aquino e Santa Teresa de Ávila são
exemplos disso. Embora santos, doutores, sábios, místicos... Nos seus escritos
haviam termos de aviso semelhantes a este: submeto o que escrevo ao juízo da
Santa Igreja. Se escrevi algo contrário ao que ensinar a Igreja, revogo tudo o que
disse.
Nenhum
santo fica com suas ideias ou supostas revelações quando Aquela que recebeu a
missão de transmitir a verdadeira revelação se pronuncia: Roma Locuta, causa
finita est. Roma falou, a causa encerrou! – Como diria Santo Agostinho.
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