4 lições sobre o martírio de S. João Batista
Da
narração evangélica do martírio de São João Batista podemos
meditar em três pontos importantes para a nossa vida de conversão.
Muitas vezes focamos apenas no fato de que João denunciou o pecado
de Herodes e, em consequência de falar a a verdade, foi decapitado.
Mas o texto é muito profundo. E talvez, sem sabermos, estamos no
mesmo pecado de Herodes e Herodíades. E não estou me referindo ao
adultério.
“[...]Pois
o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere,
por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele
se tinha casado. João tinha dito a Herodes: 'Não te é permitido
ter a mulher de teu irmão'. Por isso, Herodíades o odiava e queria
matá-lo, não conseguindo, porém. Pois Herodes respeitava João,
sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia,
sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.
Chegou,
porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu
natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus
oficiais e aos principais da Galiléia. A filha de Herodíades
apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes
e dos seus convivas. Disse o rei à moça: 'Pede-me o que quiseres, e
eu te darei'. E jurou-lhe: 'Tudo o que me pedires te darei, ainda que
seja a metade do meu reino'. Ela saiu e perguntou à sua mãe: 'Que
hei de pedir?'. E a mãe respondeu: 'A cabeça de João Batista'.
Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei,
exprimiu-lhe seu desejo: 'Quero que em demora me dês a cabeça de
João Batista'. O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua
promessa e dos convivas, não quis recusar. Sem tardar, enviou um
carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou
João no cárcere, trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e
esta a entregou a sua mãe. Ouvindo isso, os seus discípulos foram
tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.” (Marcos 6,17-29)
O
primeiro ensinamento que podemos tirar deste trecho é: não nos
basta saber a verdade, devemos tomar posse dela; devemos
renunciar o pecado. Herodes sabia da verdade proclamada por São
João Batista, porém, não renunciou a vida de pecado. João afirmou
a Herodes que ele (Herodes) não podia ter a mulher de seu irmão. A
Palavra que lemos diz claramente que Herodes ficava embaraçado
quando João Batista pregava. Todos quando estamos no erro e vem um
profeta e nos apresenta a luz da verdade, ficamos embaraçado.
Mas
Herodes não teve aquele primeiro momento de embaraço e depois bateu
no peito pedindo perdão ao Senhor. Não. Ele – aparentemente -
continuou mantendo relações com Herodíades que alimentou um ódio
mortal por João Batista por este ter dito a verdade. E mesmo Herodes
respeitando João, sabendo que ele era um homem santo e justo, mandou
prender João instigado por Herodíades (isso é uma evidência que
mesmo após João Batista falar do adultério, mantiveram a relação
pecaminosa).
Ora,
não nos basta ir pra encontros, ouvir pregações, músicas, e
continuar na vida de pecado. Veja, Deus vai falar por meio de várias
pessoas. Muitas vezes vamos ficar embaraçados, mas, muitas vezes,
após aquela pregação, aquele livro, aquele texto, simplesmente
dizemos “fulano é radical demais. Deus é amor”. Porém o
próprio Deus disse “Desde a época de João
Batista até o presente, o Reino dos Céus é arrebatado à força e
são os violentos que o conquistam” (Mateus 11,12). Como
assim os violentos? Fazer violência a si mesmo pra lutar contra o
pecado. Pra ser santo. Pois o próprio Deus disse em Levítico 19,2
“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. Não
nos basta apenas chamar Jesus de Senhor, como afirma Lucas 6,46:
“Porque me chamais: Senhor, Senhor... e não fazeis o que digo?”.E
o que Jesus nos diz? Eis o ensinamento de Jesus: “Completou-se
o tempo e o Reino de Deus está próximo: fazei penitência e crede
no Evangelho” (Marcos 1,15); “Se alguém quiser vir comigo,
renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que
quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas aquele que tiver
sacrificado a sua vida por minha causa, irá recobrá-la” (Mateus
16,24-25). Herodes quis salvar a sua vida... A sua vida de
pecado, de amente de Herodíades; já João, não quis salvar a sua
vida e deixou ser sacrificado, mas não negou, não deixou de
anunciar a verdade. E vale lembrar que aqui não há meio termo:
“Dizei somente: 'Sim' se é sim; 'não' se é não. Tudo o que
passa além disso vem do Maligno” (Mateus 5,37).
Hoje
o convite do Senhor é para que renunciemos o nosso pecado e tomemos
posse da vida da graça. O que há de pecado na sua vida? Renuncie!
São diversas as passagens em que o Senhor nos chama a renúncia e a
mudança de vida. Mas quero lembrar de uma frase do Apóstolo São
Paulo: “Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta
contra o pecado” (Hebreus 12,4). Tentações sempre
teremos, mas devemos ser fortes em Deus. Devemos resistir. Não
podemos ser “cristãos gabriela” dizendo “eu nasci assim, eu
cresci assim...” Chega! Conversão! Crede no Evangelho e
convertei-vos! Não basta conhecer a verdade, não basta conhecer
Jesus de uma maneira superficial. Jesus não vale a pena, Jesus vale
a vida! Jesus e o nosso tudo. Por isso deves renunciar tudo – TUDO
MESMO – aquilo que não é do agrado de Deus na nossa vida. Pois
como vai dizer São João da Cruz, se estamos presos por uma corda
muito grossa ou por um fino fio de cabelo, estamos presos do mesmo
jeito. Que sejamos livres em Deus. Presos somente no coração de
Jesus e Maria.
O
segundo ensinamento que tiramos desta passagem é: devemos
renunciar a gula, bebedeiras e danças mundanas. No versículo 21
em diante vemos que Herodes foi comemorar seu aniversário e, para
desgraça total, deu uma grande festa mundana. Regada, com toda
certeza, a muita bebida e comida. A gula é um grande mal, combate a
virtude da Temperança e anda de mãos dadas com a luxúria. Quem
come exageradamente mais frágil fica na sua sexualidade e pode pecar
contra a castidade. Sim, pois quem está no pecado da gula come por
prazer puro e simples, e, prazer por prazer, logo se vê mais
mergulhado em maus lençóis.
Da
mesma forma a bebedeira. Beber não é pecado, porém, a embriaguez é
(Como bem podem
ver neste video “Beber é pecado? [Bebida Alcoolica e
Embriaguez/Alcoolismo]). E sabe-se que a bebida aumenta o libido,
ou seja, desejo sexual. Como queremos viver a santidade se somos uns
beberrões? Uma pessoa com o vício da bebida começa muito a ser
tentado na sua sexualidade. Fica sem forças para lutar contra o
pecado. Assim como especialistas dizem que uma pessoa embriagada não
tem seus reflexos 100% para poder dirigir; uma pessoa neste estado
não consegue ver uma mulher passar e não pecar ao menos no coração.
Lembro que há anos atrás vi uma reportagem que perguntava para
vários jovens nas noites o porquê bebiam antes de fazer uma contada
nas mulheres. A resposta era praticamente a mesma: para ter coragem
de chegar, ficar mais relaxado... A bebida dá essa sensação, e,
para os mundanos, fará com que concinta e tente transformar em ato
aquilo que já gerou em seu coração. Virtude atrai virtude; pecado
atrai pecado. Temperança atrai santidade, castidade; Embriaguez
atrai morte, impureza...
E
aqui no contexto de Herodes vale muito, pois este pecou porque
provavelmente já devia estar cheio da “marvada” e foi
olhar um espetáculo de dança indecente. Uma mulher formosa, porém,
insensata, destroi com reinos inteiros. Uma mulher instigada pelo
demônio mostrando sua sensualidade tem destruído tantas e tantas
famílias. “Um anel de ouro no focinho de um porco: tal é a
mulher formosa e insensata” (Provérbios 11,22). E a
Palavra de Deus vai dizer ainda: “Toda mulher que se entrega
à devassidão é como o esterco que se pisa na
estrada.”(Eclesiástico 9,10)
Herodes
não deveria ter cometido o vício da Intemperança. Foi guloso. E
depois, mesmo que não tivesse bebido, jamais deveria estar
assistindo tal espetáculo: uma mulher dançando sensualmente. A
própria Palavra diz que a filha de Herodíades dançou com grande
satisfação de Herodes e dos convidados, portanto, essa dança foi
inspirada pelos mais podres espíritos infernais. Pois se satisfez
Herodes que teve coragem de ter a mulher de seu próprio irmão; se
contentou os convidados que em geral deviam ser todos romanos,
imagine o tipo de gente: só pessoas que cometiam os mais luciferinos
pecados da carne, pois moral sexual era algo que não existia para
este povo.
Assim
devemos renunciar a essas danças indecentes. São Francisco de Sales
dizia: "As
danças e os bailes são coisas de si inofensivas; mas os costumes de
nossos dias tão afeitos estão ao mal, por diversas circunstâncias,
que a
alma corre grandes perigos nestes divertimentos. Dança-se
à noite e nas trevas, que as melhores iluminações não conseguem
dissipar de todo, e quão fácil que debaixo do manto da escuridão
se façam tantas coisas perigosas num divertimento como este, que é
tão propício ao mal. Fica-se aí alta hora da noite, perdendo-se a
manha seguinte e conseguintemente o serviço de Deus. Numa palavra, é
uma loucura fazer da noite dia e do dia noite, e trocar os exercícios
de piedade por vãos prazeres. Todo
baile está cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma
disposição muito favorável às paixões desregradas e aos amores
perigosos e desonestos, que são as conseqüências ordinárias
dessas reuniões.
Referindo-me aos bailes, Filotéia, digo-te o mesmo que os médicos
dizem dos cogumelos, afirmando que os melhores não prestam para
nada" (OS
BAILES E OUTROS DIVERTIMENTOS PERMITIDOS, MAS PERIGOSOS - CAPÍTULO
XXXIII São Francisco de Sales [1567-1622],
do livro Filotéia.)
(Grifos meu). No
Diário de Santa Faustina encontramos um episódio de sua vida pouco
falado, mas que, no entanto, nos mostra com profundidade o mal dos
bailes e danças mundanas: “[...]Quando
todos se divertiam a valer, a minha alma sentia [tormentos]
interiores. No momento em que comecei a dançar, de repente, vi Jesus
a meu lado, Jesus sofredor, despojado de suas vestes, todo coberto de
chagas e que me disse estas palavras: “Até
quando hei de ter paciência contigo e até quando tu Me
desiludirás?” (Diário
nº9)
Vejam,
muitos que até frequentam isso sentem o mesmo que Santa Faustina:
tormentos interiores; pois o Espírito Santo mesmo suscita em nossos
corações que estes não são lugares que um Cristão deva
frequentar. Mas a santa (vale lembrar que este foi o fato que lhe fez
se converter verdadeiramente e ir pro convento) ao invés de sair do
local inapropriado – talvez por respeito humano pelas amigas que
estavam na festa – começou a dançar. E logo que começa a dançar
aparece Jesus Cristo flagelado e nú. A nudez de Jesus em Sua Paixão
sempre nos recorda que ele sofreu esta humilhação em reparação as
imodéstias da carne (pessoas que ficam pouco ou nada vestidas).
Basta Faustina começar a dançar. A dança – como se vê nos
bailes – ofendem a Jesus. Comete-se e/ou leva outros a pecar pelo
olhar, a desejar, etc. Assim como aconteceu a Herodes que, embrigado
pela luxúria exitada por uma dança, prometeu dar a “pombagira”
(demônio ligado aos pecados da carne) o que ela lhe pedisse. Jesus
mostrou como os bailes e as danças indecentes ferem o Seu Coração.
Portanto, renunciemos a esta prática.
Portanto,
não só devemos renunciar frequentar tais lugares, e não dançar
danças indecentes que incitem o pecado no outro; mas guardar nosos
olhar. Santo Antão dizia “basta um olhar impuro para se abrir as
portas do inferno”. E conhço gente que não se conforma que em
tratados de teologia moral, certo autor escrever que ficar olhando
para uma pessoa que se tem atração sexual é pecado. Ora, aqui não
é olhar pra uma pessoa da qual eu esteja “gostando”, mas olhar
pra quem gera em mim atração sexual forte. Se eu me sinto impelido
a cometer pecado ao ver tal pessoa, eu mortifico o olhar evitando
olhar pra tal pessoa, ou fico olhando? Bom, Herodes olhou e... deu
pecado. Sempre há pecado nesses olhares maliciosos. Repito “Ainda
não tendes resistido até o sangue na luta contra o pecado”
(Hebreus 12,4). Jesus disse “Se teu olho te é causa de queda,
arranca-o e lança fora; pois te é melhor entrar no Reino de Deus só
com um olho, do que com dois ir para o inferno”. Ora, aqui não é
arrancar o olho físico, mas buscar não olhar aquilo (ou
aquele/aquela) que me leva a pecar no coração. Antes de Herodes
cometer adultério com Herodíades, com certeza ele olhou e a desejou
(e vice-versa). Antes dele prometer dar o que fosse para a filha de
Herodíades, ele olhou e desejou a criatura na dança. Portanto,
olhos no chão ou no Céu, nunca nas pessoas de forma impura. Não to
dizendo que não devemos olhar mais para as pessoas, mas se olhar
para tal pessoa gera em mim sentimentos desordenados, melhor é
evitar olhar do que abrasar-se (ou consentir no coração, que já
pecado). Pois como a própria Palavra de Deus diz: “Não
lances os olhos para uma mulher leviana, para que não caias em suas
ciladas. [...] Não detenhas o olhar sobre uma jovem, para que a sua
beleza não venha a causar tua ruína. Nunca te entregues às
prostitutas, para que não te percas com os teus haveres. Não lances
os olhos daqui e dali pelas ruas da cidade, não vagueies pelos
caminhos. Desvia os olhos da mulher elegante, não fites com
insistência uma beleza desconhecida. Muitos perecem por causa da
beleza feminina, e por causa dela inflama-se o fogo do desejo.”
(Eclesiástico 9,2-8)
A
terceira lição que tiramos do martírio de João Batista é:
devemos guiar nossos filhos para o Céu, não para o inferno.
Jesus Cristo disse que o demônio veio para matar, roubar e destruir
(João 10,10). Portanto, Herodíades instigando a própria filha a
conseguir o assassínio de João Batista, por causa de seus
interesses, está ensinando a filha a fazer a vontade do diabo que é
matar – como aconteceu –, roubar e destruir.
Antes
de falar da mãe que ensina o errado aos filhos; quero falar de como
esta filha de Herodíades se parece com nossa juventude atual. Já
vai dizer o ditado popular que mente vazia é oficina do diabo.
Aquela jovem era tão vazia, tão vazia, que além de conseguir algo
pela dança (como vimos algo imoral), após receber de Herodes a
promessa de dar a ela o que quisesse, nem que fosse metade de seu
reino, o que a jovem fez? Ela poderia assegurar seu futuro (e não
digo no sentido de pegar mesmo metade do reino de Herodes e ser
poderosa, mas pedir meios de sobrevivência, talvez que paracem de
colocar galha no pai dela); mas não, a jovem era tão vazia que nem
sabia o que pedir, foi perguntar pra anta e adúltera da mãe.
Assim,
caros jovens, quero alertá-los que devem ter objetivos na vida. Mas
objetivos lícitos e santos. Muitos jovens hoje sofrem e não veem
sentido algum na vida porque se matam pra estudar pra passar num
concurso público. Seu sonho? Não, sonho do pai, da mãe, do
namorado (marido). Há jovens, homens e mulheres, que são
completamente infelizes porque nada tem sentido. Fazem uma faculdade
que não desejava, mas ante a possibilidade de cursar uma faculdade,
veio a pressão dos pais que queriam que fizesse curso A ou B que
dará mais dinheiro do que curso C que a pobre criatura queria. E
logo se está em trevas.
Devemos
obedecer os nossos pais, seguir seus conselhos; mas não quando estes
são contrários a vontade manifesta de Deus. Muitos jovens são
chamados a vida religiosa, e não vão porque os pais se opuseram. Há
quem prefira prostituir o filho ou a filha, do que ter um filho padre
e/ou uma filha freira. Já ouvi um caso que um garotinho disse que
queria ser padre, a mãe ficou maluca, proibiu o garoto de ir a
Igreja (Se fosse era pra ficar calado, pra não chamar atenção e
dizer que queria ser padre), de ver DVDs de padres, e ainda comprou
DVD de banda de forró pro garoto. Uma mãe dessa é ou não uma
anta? Se Deus te chama, vai. “Importa obedecer
antes a Deus do que aos homens” (Atos 5,29). Não queira
cursar uma faculdade, fazer um concurso público, só porque fulano
quer que você faça; procure fazer a vontade de Deus. Deus quer? Se
quer, vai em frente. Não seja como a pobre coitada da filha de
Herodíades, que já cresceu num ambiente completamente estragado, e
tendo uma oportunidade foi fazer a vontade da mãe, que era só dela
mesmo, e nunca vontade de Deus.
O
que nós temos ensinado aos nossos filhos? Herodíades ensinou sua
filha a arte de seduzir os machos pela dança. Ensinou-a a matar
(conseguindo que matassem João Batista), mas não só pela espada,
mas pelo olhar. A dança dela matou os convidados com a morte que o
pecado mortal traz. E infelizmente muitas mães nos dias de hoje tem
feito o memo.
Conheço
uma jovem que é catequista em uma comunidade pobre, e acabou
observando que algumas de suas pequenas catequizandas (acho que menos
de 10 anos) só se vestiam com roupas muito curtas. Mas como falar
sobre modéstia com uma pequenina? Difícil, não? Mas ela resolveu
conversar com uma, e, para grande tristeza, após perguntar o porquê
ela usava aquelas roupas, a pequenina disse mais ou menos assim:
“porque minha mãe disse que se eu não me vestir assim, os
rapazes não vão me achar bonita e não vão querer olhar pra mim.”
Isso é um absurdo! Que confusão no coração dessa garotinha!
Por isso devemos tomar cuidado ao falar sobre modéstia em alguns
casos, pois o que vemos do lado de fora é um reflexo do seu
interior: está tudo bagunçado. Muitas moças têm o coração bom,
porém ferido e destruído pelo pecado. Se vestem de forma indecente
porque o coração é uma bagunça. A vida é uma bagunça; a família
é um sofrimento só. E muitas são ensinadas desde pequenas a se
vestirem para que os outros olhem e achem bonita (ou desejem).
Meu
irmão, minha irmã, não ensine essas coisas para os seus filhos.
Ensinem-os a temer a Deus, a serem santos. Que terrível é saber que
há pais que levam seus filhos aos prostíbulos. Pais que ensinam os
filhos a serem beberrões, a fumarem, a xingarem, a fazer o que não
presta. E a virtude, que pais tem-a ensinado aos filhos?
Quando
da antiga Lei que o Senhor prescreveu ao povo Hebreu, a Palavra de
Deus disse: “Ensinai-as aos vossos filhos, falando-lhes delas
sea em vossa casa, seja em viagem, quando vos deitardes ou
levantardes.” (Deuteronônio 11,19). E nós, temos ensinado
para as crianças que Jesus Cristo é o Senhor? Temos ensinado as
leis de Deus? Temos ensinando os 10 mandamentos? Temos ensinado as
criancinhas a rezarem o Santo Terço e honrarem Nossa Senhora? Temos
guiado elas ao Céu? Ou, à exemplo de Herodíades, temos programado
nosso filhos a seguirem o caminho dos quintos dos infernos? Ó meus
irmãos, sei que falo duro, mas os exemplos são inumeráveis de pais
e mães que ensinam só pecado para as crianças. Esses dias mesmo
quando voltava da Missa um pai ensinava aos dois pequeninos filhos a
xingarem. E o xingamento são as coisas leves. Infelizmente há casos
piores.
Ontem
estive em um terço em que uma menina que devia ter 5 anos rezava a
Ave Maria conosco. Aliás, tinha outra criança maior que também
rezou conosco. Mas infelizmente o ordinário hoje são as crianças
dançarem funk e demais ritmos que levam a promiscuidade. Hoje o
normal é uma criança de 12 anos cantar funk com letras heróticas e
as pessoas acharem normal. E tudo com concentimento dos pais. Hoje é
normal crianças e adolescentes no baile funk e nas demais festas,
juntos ou ensinadas pelos pais, tocando o terror, se prostituindo...
Ó como é triste isso. Como é triste saber que estão fazendo o
contrário do que a Palavra de Deus fala para não fazer: “Não
prostituas tua filha, para que a terra não se entregue à
prostituição e não se encha de crimes” (Levítico 19,29)
Infelizmente
essa tem sido a realidade. Muitos pais são até mesmo pedras de
tropeço. Muitos filhos querem seguir os caminhos de Deus, seguir os
passos da Igreja, porém, os pais inventam mil e um compromissos e
situações para desviar os filhos da Igreja. Por isso disse que não
se deve obeceder quando a vontade dos pais é contrária a vontade de
Deus. Digo no sentido de que se seu pai te mandar ir pra balada, você
não é obrigado a obedecer. Ninguém é obrigado a obedecer se a
ordem é cometer um pecado. Temos que obedecer a Deus, fazer a
vontade de Deus. A obediência aos pais é obrigatória no Senhor:
Filhos, obedecei vossos pais segundo o Senhor; porque isso é
justo. O primeiro mandamento acompanhado de uma promessa é: Honra
teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas longa vida sobre a
terra [Dt 5,16]. Pais, não exaspereis vossos filhos. Pelo
contrário, criai-os na educação e doutrina do Senhor.”
(Efésios 6,1-4)
Portanto,
que possamos criar e educar nossos filhos e nossos jovens na doutrina
do Senhor; e não segundo as máximas do mundo como fez Herodíades.
A
quarta lição que tiramos do martírio de São João Batista é: não
podemos ter respeito humano. Mais do que a denúncia do pecado,
mais do que uma dança, o que decretou a morte de João Batista foi o
respeito humano que tinha Herodes. A Palavra nos mostrou claramente
que Herodes ficou triste quando a filha de Herodíades lhe pediu a
cabeça de João. Fica aqui claro que não foi ele que alimentou ódio
contra João; mas sim Herodíades. Mas como não cortou os laços do
pecado, mas com consciência de estar em pecado – porque havia sido
exortado por João acerca do adultério – continuou na mesma vida
sem fazer penitência e continuando alimentando-se dos prazeres da
carne; acabou por matar João por puro respeito humano.
Ele
sabia que João tinha falado a verdade. Ele sabia que o adultério é
imoral; tanto é que ficou perturbado com as palavras de João. Ele
sabia que João era justo e santo (cf. v. 20). Mas mesmo sabendo da
santidade de João, e sabendo que ele é que estava errado (ele
também ouvia o que João pregava de boa mente, portanto, nunca quis
por ele mesmo fazer mal a João, subtende-se). Mas por que ele manda
matar João? Não foi só porque aquela jovem lhe pediu. Mas porque
ele era vaidoso, orgulhoso, fútil. Tinha respeito humano. O
versículo 26 diz “O rei entristeceu-se; todavia, por causa da
sua promessa e dos convivas, não quis recusar”. Veja, ele não
era obrigado a cumprir aquilo porque é moralmente errado matar um
inocente. Ele ficou triste pois lhe foi pedido para matar alguém que
ele admirava. Aliás, mais que isso, alguém que ele sabia que era
justo e santo. Mas manda matar porque tinha prometido na frente dos
convidados. Talvez se ele tivesse prometido em segredo, talvez aquela
jovem levasse um não. Mas como a promessa foi feita na frente de
muitas testemunhas, ele tinha que cumprir. Afinal, como assim o
grande rei Herodes promete algo e não cumpre? O Rei Herodes ficar
rebaixado em todo reino, diante de todas as autoridades, por não ter
cumprido uma promessa feita a sua sobrinha, que pedia a cabeça de um
maltrapilho (o que deviam pensar de São João Batista)... Jamais.
Portanto, mesmo sabendo que João era santo, justo, e nada fez para
morrer; ele mata porque não quer ficar mal com os convidados, a
amante, a filha da amante, com seu egoísmo podre.
Portanto,
não tenhamos respeito humano. O respeito humano é um verme podre
que corrói nosso interior. Muitas pessoas conhecem Jesus mas não
seguem Ele na radicalidade, no fevor, dando a vida a Cristo, por
causa do respeito humano. Muitos não largam a faculdade para entrar
num seminário ou num convento, por exemplo, porque temem o que vão
achar dele. Muitos não se abrem ao dom da vida, porque temem o que
os outros vão pensar se eu tiver muitos filhos. Ora, não importa o
que os outros pensam, o que importa é fazer a vontade de Deus. E se
Deus te chama a ser padre, largue tudo e siga este caminho e seja
feliz na vontade de Deus. Se Deus te chama a ser freira, largue tudo
e seja feliz na sua vocação. Se Deus te chama ao matrimôni, viva
um casamento na santidade, abertos a vida. Se Deus der 1 filho,
eduque-o na santidade. Se der 10, eduque-os na santidade. Se não der
nenhum, vocês são mães e pais espirituais. Mas por amor de Deus
jogue fora os preservativos, Dius e pílulas que são abortivas. Pare
de prostituir o seu casamento. Vivam a vontade de Deus. Sejam abertos
a vida. Deus é quem escolhe quantos filhos um casal terá. É Deus,
e não nós.
Se
Deus te chama a pregar. Prega! Não tenha respeito humano. João
Batista era o contrário do que vemos em toda esse sistema de pecado
de Herodes. João Batista conhecia a verdade e vivia. Ou seja, ele
não só pregava a santidade de vida, mas a sua vida era santa. Em
outras Palavras, a vida dele era uma pregação. Como diz Santo
Agostinho: Eloquente aquele cuja vida é uma pregação. João
Batista não frequentava lugares licenciosos, bailes, não fitava
olhar nas mulheres, não dançava. Mas a Palavra diz que até vinho e
cerveja ele se abstinha (cf. Lucas 1,15); e era cheio do Espírito
Santo de Deus. João Batista não ensinou ninguém a dançar, nem a
querer as coisas do mundo, como fez Herodíades com sua filha, mas
este pregava conversão e penitência. Por fim, ele era justo e
santo, e não tinha respeito humano. Vivia a Palavra de Deus
escondido no deserto, ou as claras quando pregava e batizava. E falou
a verdade tanto para os mais pobres, como para o próprio Herodes.
Eis
os ensinamentos que tiramos do martírio de São João Batista. Que
Nossa Senhora nos ajude a fazermos a vontade de Deus. Que Ela que é
a Rainha dos mártires, nos ajude a darmos a vida como São João
Batista. Que possamos dar a vida por Cristo Rei, e que nunca o
neguemos. O martírio, a vida coerente com o Evangelho, é tudo uma
graça de Deus. E Nossa Senhora sendo a medianeira de todas as
graças, que Ela nos dê esta e nos livre de nunca sermos como
Herodes e Herodíades. Pois se Herodíades educava para o mal, Nossa
Senhora educa-nos para o Céu. Ela é nossa Mãe Celeste que nos
ensina a virtude e nos carrega em seus braços, nos leva em Seu
Imaculado Coração, nos leva ao Céu para junto de Deus nosso
Senhor.
Salve
Maria Imaculada, nossa Co-Redentora e Mãe! Viva Cristo Rei!
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