Você quer ser usado por Deus? Eita glória!

by - outubro 19, 2015

Salve Maria Imaculada, nossa Co-Redentora e Mãe!

Estava eu sentado numa cadeira na área de casa, pensando na vida, quando escuto a voz de uma mulher que frequenta a universal dizendo mais ou menos o seguinte: “Eu quero servir a Deus. Eu quero ser usada por Deus. Eu quero poder orar pelas pessoas e as pessoas serem curadas..!” Eita glória! Poder! Aleluia! Não, não duvido que ela possa ser usada e muito menos que Deus possa realizar coisas extraordinárias usando pessoas comuns. Só que o sentido de ser usado por Deus, ou seja, ser instrumento dEle para manifestar Sua graça, está um tanto quanto deturpado.

Sem hipocrisia, eu também desejo orar pelas pessoas e elas serem curadas. O dom de cura é de Deus, e Ele dá para quem quiser. E Deus querendo dar esse dom pra quem Ele quer, essa pessoa tem que manifestá-lo. Afinal, diante de tantas doenças, sofrimentos, enfim, é um dever de caridade dar de graça aquilo que você recebeu.

Só que Deus quer usar a todos nós! Sim, Deus quer manifestar o Seu poder, a Sua glória, o Seu amor em nossa vida; e a partir dela atingir todas as nações. Só que quando eu me prendo apenas nas manifestações extraordinárias (Receba a cura! - Curou-se; por exemplo), acabo por esquecer o que Deus me chama a fazer para de fato ser usado.

Eu quero ser usado por Deus, mas mais do que curar um corpo, eu quero curar o mundo. Mas eu não posso curar a chaga do mundo. Mas Deus é todo poderoso e pode. Deus é misericordioso e também quer mudar o mundo, sanar a dor do mundo, e quer usar você e eu para isso. E como conquistaremos o mundo? Como mudaremos este mundo que para muitos está perdido? Como Deus vai me usar? Ora, sendo o que Deus te chamou a ser desde sempre. Cumprindo sua vocação e colocando seus dons – dados por Deus – em prática.

Para ser mais específico: Deus não quer te usar somente para curar uma doença, Deus quer te usar para ser santo e santificar o mundo! Talvez aquela mulher, você e eu nunca teremos dom de curar uma pessoa em estado terminal, mas todos nós temos o potencial de, pela graça de Deus, sermos santos. É incrível como muitos enamorados pelo amor de Deus, pelo poder de Deus ao contemplar milagres, querem ser profetas que curam, mas não se encantam em realizar o que Deus pede: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lev. 19,2) Mas eu não dou conta de ser santo – pode dizer alguém desiludido consigo mesmo e que, incoerentemente, acredita que Deus pode mover montanhas mas não pode fazer um pecador ser santo. Mas aí que entra o sentido do “ser usado por Deus”. Ninguém consegue ser santo sozinho. Por isso recebemos o dom do Espírito Santo que é o santificador das almas e vem a nós para fazermos santos. Mas somos livres para sermos “usados por Deus” para sermos santos ou se queremos continuar numa vida medíocre. Deus pede para sermos santos, mas Ele mesmo afirma: Eu sou o Senhor que vos santifica” (Lev 22,32) Moral da história: Deus pede para sermos santos, e Ele mesmo nos dá a santidade. Problema da história: só não somos santos se não quisermos.

Santa Catarina de Sena dizia “Jovens, se forem aquilo que deveis ser colocareis fogo no mundo”. E aqui a santa fala do fogo do Espírito Santo! Mas devemos querer ser usados para a santidade. Se hoje os jovens colocam fogo – no sentido moderno do “por fogo”, ou seja, por desordem, destruição, por o PT na presidência, essas coisas do diabo... - é porque não conheceram o amor de Deus que dá sentido as vidas. E esse amor de Deus me pede algo, algo que devo ser, algo que devo fazer, algo que dá sentido a vida. E sem o Criador, como entender o que preenche a criatura? Por isso vemos os jovens nas drogas, na prostituição, nas ideologias satânicas, buscando de certa maneira algo que preencham as suas vidas. E o que vemos? Só o fogo destruidor. Mas para vermos o fogo de santidade incendiando a face da terra, o que precisamos fazer? Ser o que Deus quer que sejamos. E o que Ele quer que sejamos? Santos.

Será que atingimos um nível de mediocridade tão avassalador que, ao olharmos os problemas mais graves do mundo, somos incapazes de pedir a Deus inspiração para ser Seu instrumento para mudar o mundo ao invés de ficarmos reclamando a espera de seu fim? Como posso eu ficar apenas esperando dons extraordinários, se o extraordinário dom da santidade Deus me dá para mudar toda a sociedade, mas me prendo apenas a algo que eu quero, não ao que Deus quer.

E, sim, sim, mil vezes sim, você sozinho pode mudar a sociedade sozinho. Daniel, por exemplo, é mostrado na Sagrada Escritura como um homem que SOZINHO foi fiel a Deus e não se curvou ao tirano Nabucodonosor, e converteu o reino. Sozinho! So-zi-nho! Mas é porque Daniel não era medíocre. Ele era fiel a Deus mesmo sendo ministro do reino. Ele foi o melhor que ele podia ser na condição que Deus o colocou. Ou seja, Daniel foi santo.

Quer ser usado por Deus? Então seja santo. Seja um estudante santo; um professor santo; um advogado santo; um juiz santo; um faxineiro santo; um empresário santo; um gari santo; um pintor santo; um pedreiro santo; um engenheiro santo; um vendedor santo; enfim, seja lá qual for sua profissão, seja santo e mudarás o mundo! E saibam que é isso que a Palavra de Deus nos ensina: Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens (Colossenses 3,23).

Se Deus me quiser dar o dom de curar, bendito seja Deus. Não estou desdenhando desse dom, muito pelo contrário. Oxalá todos vós que me ledes recebesses esse dom maravilhoso do Espírito Santo. Mas raciocina comigo: se eu orar por uma pessoa e Deus me suar para proclamar a cura dela, não significa que essa pessoa terá além do corpo curado, o coração convertido. Quantas pessoas você conhece que receberam a cura e depois sumiram da Igreja? Claro, também conhecemos vários que através da doença/cura se converteram. Mas a questão é: não é porque oramos pela cura de alguém e esta recebe-a que ela se converterá. Por isso peçamos a Deus a graça de sermos usados para curar além do corpo, mas a alma. E como as palavras convencem, mas é o testemunho que arrasta, peçamos a Deus a graça de arrastar multidões para Deus através do nosso testemunho de vida coerente com o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo! Dizia São Francisco de Assis que quando saísse para pregar, se preciso usasse palavras. Possamos revolucionar o mundo com a santa loucura da santidade. Sim, loucura, pois iremos – como diz o Papa Francisco – nadar contra a correnteza. Mas eis o que dá sentido a vida. Somos chamados de loucos, simplesmente por conhecermos um Deus de amor que dá sentido as nossas vidas, enquanto os “normais” são infelizes e passam a vida a fugir dela, seja pelas ideologias que não satisfazem, seja pelas drogas, enfim. Nadar contra a correnteza. Ser santo. Eis o que devemos almejar para sermos usados por Deus e manifestar a Sua glória num tempo em que se vive um secularismo destruidor.

Concluo dizendo que é isso o que o Concílio Vaticano II quer nos ensinar com a abertura dos leigos na Igreja. Não achem que um mundano que foi doutrinado na escola a odiar a Jesus e a Igreja vá procurar um padre para confessar quando ele estiver sendo oprimido pelos seus pensamentos. Ele vai procurar um psicólogo provavelmente. Agora olha que interessante: como será diferente se ele encontrar um psicólogo católico que queira viver a santidade. Entendeu agora, jovem? Seja um(a) psicólogo(a) santo. Muitos, como disse, querem dons extraordinários, mas quem quer assumir o dom de, por exemplo, ser um professor santo? Nem todas as crianças e jovens vão para a catequese, e mesmo os que vão passarão 1 hora com você no fim de semana, porém cinco horas durante cinco dias da semana na escola, muitas vezes aprendendo ideologias e perversões. Agora que diferente seria se dentro do sistema escolar estivesse presente homens e mulheres que desejam, vivem e espelham a SANTIDADE. Não precisa nem falar explicitamente de Jesus numa aula de matemática, mas se o professor for santo, pela sua vida, de uma maneira ele atrai. Mas sabe qual o problema? A gente nunca tenta mudar o mundo sendo santo naquilo que é nossa vocação, queremos ser Power Rangers da fé. Não, amiguinho e amiguinha, seja santo e santificarás o mundo ao seu redor.

Entendem agora o papel dos leigos na chamada “Nova Evangelização”. Essa nova evangelização não é o que muitos aí pensam ao fazer carnavais usando o nome de Cristo. Consiste em viver o “Estar no mundo sem ser do mundo”. Se o mundo ao seu redor está uma porcaria, é porque você é mais um mundano murmurador. Assuma o chamado de Deus pra sua vida, seja santo, e verás um mundo diferente. Tá ruim? Então seja santo e ficará ótimo! Os santos não reclamavam, os santos santificavam.

Salve Maria Imaculada, nossa Co-Redentora e Mãe!

(A Vocação universal do homem é a santidade - CVII)

"Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo."  (João 16,33)

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