Geração nem-nem: Nem Família, Nem Estado!
Salve Maria
Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
Nós nos
acostumamos a ouvir a expressão “geração nem-nem” para designar os jovens que
nem estudam, nem trabalham. Porém, esta característica talvez seja consequência
de outro “nem-nem” – trata-se da educação que não é dada nem pela família, nem
pelo Estado. E como fica esta geração?
Muitas
pessoas ficam no discurso: quem tem que educar é a família, as escolas, por sua
vez, cabem o dever de ensinar (os conteúdos). De fato, quem tem que educar os
filhos são os pais. É obrigação e dever destes educar sua prole. São os pais
que devem educar, transmitir suas convicções, crenças, modos, etc. Ao Estado
cabe fornecer boas escolas públicas, para que ensinem os conteúdos. E, aliás,
se o que a escola ensina for contrário ao que os pais creem, estes têm o
direito de intervir – judicialmente até – porque à estes cabe educar os filhos.
Mas o grande
problema se encontra justamente no fato de quem nem todas as famílias cumprem
com sua obrigação, outorgando ao Estado a função de educar os filhos. Não são
raros os casos de pais que largam os filhos na escola desde o jardim de
infância, pois querem se “livrar” de um peso, diminuir a bagunça, e acha que
o(a) professor(a) tem a função de ensinar a criança que não pode tacar uma
pedra na cabeça da coleguinha, nem xingá-la. Enfim, não são poucos os
professores que tem que gastar boa parte do tempo de suas aulas ensinando boas
maneiras, pois os pais simplesmente mandam os filhos para as instituições para
que os profissionais da educação “se virem”, afinal, segundo alguns pensam, é
função deles educar.
Mas os
professores também têm culpa. Perdão, os professores não – mas pedagogos modernos,
psicólogos de meia tigela,
intelectuais infames, a mídia em geral, que adora anunciar que os pais têm que
ser modernos na educação dos filhos. Outro dia eu li um texto na faculdade (o
que direi é sério, este texto é real) em que o autor dizia que nós (adultos
opressores) não devemos corrigir uma criança, mas, antes, devemos questioná-la
para fazê-la refletir o porquê ela está fazendo aquela escolha. Vou usar uma
figura simples para você compreender como este texto é uma porcaria: teu filho
de quatro anos está enfiando o dedo na toma, então, o que você faria: corrigi-o
de tal maneira que ele não vá fazer isso novamente; ou vai dizer pra ele “Por
obséquio, porque meu filhinho querido quer fazer com que uma corrente elétrica
passe pelo teu corpo?”. Segundo o que se ensina por aí, o pai e a mãe não podem
corrigir, punir, pois, segundo estes malucos, estaria criando trauma nas
crianças. A criança já chega na escola rebelde, e o que você vai fazer, caro
professor? Nem os pais dão jeito, se der uma palmada vai para a cadeia, segundo
o desejo de certas pessoas. Ora, os pais não educam e muitas vezes não lhes
deixam educar.
Unido à
estas barbáries, há ainda o grande problema de que vivemos em um tempo
extremamente consumista. Como o Papa Francisco afirma, vivemos numa cultura do
descartável, usamos e abusamos, e depois descartamos as coisas, e as pessoas.
Nós só queremos o prazer momentâneo, uma felicidade fake, algo bem artificial. Nós queremos a comodidade da vida. As
pessoas querem ganhar muito dinheiro, se divertir, viajar, ter uma vida de...
Sei lá de quê. Mas o fato é que ter filho significa que você tem um outro alguém
para se preocupar, para dar a vida.
Quando uma mulher engravida, significa para ela (e deve significar para
o homem também) o fim da comodidade, da busca da vida mansa. Ter filhos
significa ter uma dura missão de educar, cuidar, e não sustentar somente. É por
isso que o aborto é recorrido por muitas pessoas que pensam em fazer esta
besteira, porque muitas vezes este ser humano vai para descarte porque
significa o fim da comodidade, sem noites na balada, pois tem alguém que
necessita da atenção e doação. Aquelas que abortam por influência do
companheiro, muitas vezes é pelo mesmo motivo, porque o canalha usou da mulher
para ter prazer, mas não quer assumir a responsabilidade, pois ter um filho é
uma grande responsabilidade que o fará ter que sair da zona da molecagem para
enfim se tornar um homem.
O fato é que
a cultura moderna em geral faz as pessoas enxergarem a criança como um
problema. Antigamente, ao receber a confirmação de que estava grávida, o máximo
que acontecia era o susto momentâneo por não estar esperando, por algum
problema financeiro de momento, mas o casal recebia a criança e labutavam para
o seu bom desenvolvimento, com amor - com muito amor. Hoje não são raros os
casos de que o casal leva um susto. Mas não é emoção, temor, mas sim desespero
mesmo; porque, para eles, um filho significa o cancelamento da viagem, um gasto
a mais, etc. É o desespero total.
E aí vem o
problema da geração “nem família, nem Estado” na questão educacional. Mesmo que
a pessoa não tenha consciência dessa rejeição à criança – enquanto assumir as
responsabilidades -, os pais acabam outorgando a função que era deles para
outras pessoas. Hoje as pessoas dizem que tem que trabalhar muito, não sobra
tempo para nada. A concepção de muitos pais, infelizmente, é que eles já estão
fazendo mais do que a sua obrigação comprando comida e roupa para as crianças,
que o resto não compete a eles. E aí pergunto, caro leitor, se os pais não
ensinarem a moral, suas crenças, aos seus filhos, quem ensinará? Aliás, estes
pais creem em algo?
Sim, na
maioria das vezes creem. Mas nada além de dar comida e o vestuário,
basicamente, é função dos pais, segundo parece transparecer alguns. Muitos
católicos, por exemplo, acham que a função de ensinar a fé compete aos
catequistas. Triste engano. O próprio Catecismo da Igreja Católica afirma que
são os pais os primeiros catequistas dos filhos, que a educação moral e
religiosa é dever dos pais, etc. E não é questão de ignorância! Muitos padres
repetem em homilias que os pais devem ensinar a fé aos filhos, ensiná-los a
rezar e, o mais importante, rezar com eles. Já nos anos 70, 80, o famoso Frei
Damião de Bozano pregava suas Santas Missões no Nordeste, e questionava os pais
que não ensinavam a fé aos filhos. Segundo o Frei, ele perguntava para as
crianças quem era Jesus, quem era Deus, etc., e as crianças não sabiam. Outro
disse ao frei que Eucaristia era “aquela bixinha branca”... O que comentar? Os
católicos sabem o quanto dói saber que Jesus Eucarístico é tratado assim, de
qualquer jeito. Mas quem deve ensinar estas coisas? Os pais! Mas, para os pais
modernos, para quê ensinar que na Missa a hóstia consagrada é o próprio Cristo,
se, afinal, as Paróquias tem catequistas para isso mesmo? E daí fazemos surgir
uma geração de indiferentismo religioso. Reclamamos, mas somos responsáveis por
isso.
Esse negócio
de ensinar a fé aos filhos é tão sério, que a Irmã Lúcia, vidente de Nossa
Senhora em Fátima, afirma em suas memórias, que a primeira palavra que
pronunciou foi “Ave Maria”, porque enquanto sua mãe ensinava a catequese para
sua irmã mais velha, lhe segurava no colo. O que as crianças pequenas falam
hoje? É de dar pavor! Onde aprendem? Em casa, no colégio... Mas e as coisas
puras e santas, você ensina? Talvez porque não se pratica. Afinal, muitos pais
além de outorgarem a função de ensinar catequese aos à Paróquia, ainda não
seguem a fé. Não vai à Igreja, mas o filho não perde um domingo de encontro de
Crisma; aí depois os jovens somem da Igreja e não sabemos (fingimos) o motivo.
Não se vive a fé, então em quem eles se espelharão?
E com os
outros aspectos da educação não é diferente. Fulaninho, 10 anos, está com
algumas dificuldades na escola. A mãe, Beltrana, não vai a reunião de pais.
Porém, avisam a Beltrana que o filho vai mal em algumas coisas na escola, que o
filho está passando tempo demasiado no videogame, assistindo TV, etc. Beltrana
se irrita, e diz que ele (Fulaninho) sabe que tem que estudar, e que vai servir
é para ele. Sim, queridos leitores, este é um caso real. E muitos pais tem esta
mesma concepção: se quer estudar, estude; se não quer, o problema é seu. Para
estas pessoas, o que importa, aparentemente, é só dar comida para não serem
presos enquadrado no ECA; dane-se, portanto, o incentivo ao estudo. Muitos pais
até louvam o fato de os filhos passarem horas no videogame e/ou computador,
afinal, segundo eles, pelo menos não estão na rua. Grande coisa! A única
diferença é que está criando um provável monstro conectado. E não digo monstro
no sentido de delinquência, crime, mas se a criança não estuda e passa o dia no
sofá diante de uma tela, o que se esperar?
Fulaninho
precisa de ajuda, mas quem o ajudará? Ele não vê sentido em estudar, não gosta
de estudar. Mas isso tem muito a ver sim com a educação dada em casa. Há
estudos que mostram filhos que tem pais mais presente em sua educação, na qual
os pais leem historinhas, acabam tendo a inteligência mais desenvolvida. Os
pais de hoje não leem para os filhos, nem leem para eles mesmos. Ou seja, não
tem exemplo. Como gostar de estudar? Muitos pais analfabetos incentivavam,
mesmo com grande sacrifício, o estudo dos filhos. Hoje, os pais que tem tudo
para ajudar os filhos, não faz nada.
E aí nós
vemos o quanto uma parte considerável desta geração está comprometida. Todos
sabemos que o ensino público no Brasil é uma tremenda porcaria. Muitas escolas
públicas estão preocupadas em rezar a cartilha de Paulo Freire, transmitir os “valores”
marxistas, doutrinar a juventude. O ensino mesmo... Um lixo! Na escola o ensino
é ruim, em casa os pais não incentivam o estudo e ainda permitem uso de
aparelhos eletrônicos de maneira descriminada. O resultado que temos é que a
criança e o jovem não recebem boa educação nem em casa, nem na escola.
Falando da
moral, isto se torna mais grave. Se os pais não assumem a sua responsabilidade
de ensinar a moral e a fé aos filhos, eles não aprenderão as mesmas na escola.
E nem adianta ir chorar para o padre, afinal, mesmo que você mande os filhos
para a catequese, este passa duas horas com teu filho, a escola passa, no
mínimo cinco horas por dia de segunda à sexta, ensinando contra-valores. Se
você não ensinar o valor da castidade para os teus filhos, a escola está
ensinando que o legal é liberar geral. Enquanto você se omite em preservar a
pureza dos teus filhos, as escolas estão distribuindo camisinhas, e
incentivando o sexo livre. Na escola se está ensinando a “ideologia de gênero”,
dizendo que os teus filhos não nascem nem homem, nem mulher, que eles é que
irão escolher o gênero, que segundo esta concepção, há vários. Enfim, muitos
conteúdos que o MEC, e outros de autoria privada de professores marxistas,
estão disponibilizando para as crianças e jovens, são contrários ao que a
população deseja. O grande problema é: muitos estão pouco se lixando para isso,
embora discorde do que é ensinado na escola. Muitos não querem ter o trabalho
de ensinar os filhos, de rezar com eles, mas a escola não teme fazer um baile
funk para crianças de 12 anos “se pegarem”.
Jesus
Misericórdia! O que será desta geração que é abandonada pela família, e que recebe
do Estado uma deformação?
Se as crianças
e jovens não recebem boa educação nem de algumas famílias, nem do Estado, é
necessário surgir projetos que façam esta caridade. Não só projetos, mas mesmo
professores individualmente, por exemplo, ao ensinar boas maneiras as crianças.
Sim, caro professor, se você for reclamar de um aluno que não escova os dentes,
é perigoso algum dos pais querer quebrar os teus dentes. Então, faça o que os
pais não fazem. Eu sei que é trabalhoso, é uma carga maior, mas você tem que
ser realista: se você não ensinar, esta criança estará condenada à falta de
higiene e terá problemas maiores no futuro. É preciso então nós termos atitude
de “pais” e “mães” do coração, de adotá-las espiritualmente, de fazer por elas
o que os pais não fazem – por ignorância, impossibilidade vou mesmo por dolo.
Não importa o motivo, o que importa é que temos que fazer algo. Se nem a
escola, nem os pais transmitem o ensino de qualidade, então que tal criar
vários projetos de reforçamento escolar, onde se tentará suprir a necessidade
deste aluno para aprender realmente? Que tal criar projetos de evangelização
para as crianças, onde se poderá levar a elas o amor de Jesus? Que tal fazermos
projetos com lazer, mas que não fique somente nisso, mas que ensine uma moral,
ensinar o bem, etc? Afinal, muitos projetos focam apenas em juntar um monte de
crianças que moram nas periferias em um campo de futebol e acham que já basta.
Não, não basta dizer para o rapaz que se tirar nota ruim não vai jogar. Porque
joga. É preciso criar projetos que, dentro dele mesmo, tenha o esporte, mas
tenha o reforçamento escolar, e tenha a moral, os bons costumes. Afinal, muitos
vão praticar esporte em certos projetos, e fumam baseado depois; até porque
estão inseridos nesta realidade. É preciso ir além. Precisamos salvar a nossa
geração. E se o Estado não fará; se muitas famílias também não farão, seja por
não quererem, ou por não saberem o que fazer, então, sejamos auxílio para as
famílias. Façamos alguma coisa.
Lembro
ainda, caríssimos, que há aquelas famílias – e eu não poderia ser irresponsável
de esclarecer isso – que por seu arranjo moderno, acaba por dificultar esta
educação. Embora sempre se possa se esforçar para dar mais. Mas é um fato que
hoje é comum “famílias mutiladas”, ou seja, filhos que moram apenas com um dos
pais por causa do divórcio, mães solteiras, etc. Eu mesmo sou filho de pais
separados. Então o que acontece muitas vezes é o seguinte: é “sozinha” para
criar de um ou mais filhos, e tem que trabalhar fora deixando as crianças só ou
sob tutela de outros. Estas pessoas se esforçam bastante, e não estou
julgando-as, mas, pelo contrário, clamando que surjam projetos que possam
ajudar pessoas, como tantas mães solteiras, a educarem as crianças. Se estas
pessoas estão só para este importante ofício (da educação plena), sejamos,
então, seu auxílio.
Essa geração
já sofre por não receber educação nem da família, nem do estado. E agora... Nem
tu, nem eu?
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