Geração nem-nem: Nem Família, Nem Estado!

by - novembro 12, 2016

Salve Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
Nós nos acostumamos a ouvir a expressão “geração nem-nem” para designar os jovens que nem estudam, nem trabalham. Porém, esta característica talvez seja consequência de outro “nem-nem” – trata-se da educação que não é dada nem pela família, nem pelo Estado. E como fica esta geração?
Muitas pessoas ficam no discurso: quem tem que educar é a família, as escolas, por sua vez, cabem o dever de ensinar (os conteúdos). De fato, quem tem que educar os filhos são os pais. É obrigação e dever destes educar sua prole. São os pais que devem educar, transmitir suas convicções, crenças, modos, etc. Ao Estado cabe fornecer boas escolas públicas, para que ensinem os conteúdos. E, aliás, se o que a escola ensina for contrário ao que os pais creem, estes têm o direito de intervir – judicialmente até – porque à estes cabe educar os filhos.
Mas o grande problema se encontra justamente no fato de quem nem todas as famílias cumprem com sua obrigação, outorgando ao Estado a função de educar os filhos. Não são raros os casos de pais que largam os filhos na escola desde o jardim de infância, pois querem se “livrar” de um peso, diminuir a bagunça, e acha que o(a) professor(a) tem a função de ensinar a criança que não pode tacar uma pedra na cabeça da coleguinha, nem xingá-la. Enfim, não são poucos os professores que tem que gastar boa parte do tempo de suas aulas ensinando boas maneiras, pois os pais simplesmente mandam os filhos para as instituições para que os profissionais da educação “se virem”, afinal, segundo alguns pensam, é função deles educar.
Mas os professores também têm culpa. Perdão, os professores não – mas pedagogos modernos, psicólogos de meia tigela, intelectuais infames, a mídia em geral, que adora anunciar que os pais têm que ser modernos na educação dos filhos. Outro dia eu li um texto na faculdade (o que direi é sério, este texto é real) em que o autor dizia que nós (adultos opressores) não devemos corrigir uma criança, mas, antes, devemos questioná-la para fazê-la refletir o porquê ela está fazendo aquela escolha. Vou usar uma figura simples para você compreender como este texto é uma porcaria: teu filho de quatro anos está enfiando o dedo na toma, então, o que você faria: corrigi-o de tal maneira que ele não vá fazer isso novamente; ou vai dizer pra ele “Por obséquio, porque meu filhinho querido quer fazer com que uma corrente elétrica passe pelo teu corpo?”. Segundo o que se ensina por aí, o pai e a mãe não podem corrigir, punir, pois, segundo estes malucos, estaria criando trauma nas crianças. A criança já chega na escola rebelde, e o que você vai fazer, caro professor? Nem os pais dão jeito, se der uma palmada vai para a cadeia, segundo o desejo de certas pessoas. Ora, os pais não educam e muitas vezes não lhes deixam educar.
Unido à estas barbáries, há ainda o grande problema de que vivemos em um tempo extremamente consumista. Como o Papa Francisco afirma, vivemos numa cultura do descartável, usamos e abusamos, e depois descartamos as coisas, e as pessoas. Nós só queremos o prazer momentâneo, uma felicidade fake, algo bem artificial. Nós queremos a comodidade da vida. As pessoas querem ganhar muito dinheiro, se divertir, viajar, ter uma vida de... Sei lá de quê. Mas o fato é que ter filho significa que você tem um outro alguém para se preocupar, para dar a vida.  Quando uma mulher engravida, significa para ela (e deve significar para o homem também) o fim da comodidade, da busca da vida mansa. Ter filhos significa ter uma dura missão de educar, cuidar, e não sustentar somente. É por isso que o aborto é recorrido por muitas pessoas que pensam em fazer esta besteira, porque muitas vezes este ser humano vai para descarte porque significa o fim da comodidade, sem noites na balada, pois tem alguém que necessita da atenção e doação. Aquelas que abortam por influência do companheiro, muitas vezes é pelo mesmo motivo, porque o canalha usou da mulher para ter prazer, mas não quer assumir a responsabilidade, pois ter um filho é uma grande responsabilidade que o fará ter que sair da zona da molecagem para enfim se tornar um homem.
O fato é que a cultura moderna em geral faz as pessoas enxergarem a criança como um problema. Antigamente, ao receber a confirmação de que estava grávida, o máximo que acontecia era o susto momentâneo por não estar esperando, por algum problema financeiro de momento, mas o casal recebia a criança e labutavam para o seu bom desenvolvimento, com amor - com muito amor. Hoje não são raros os casos de que o casal leva um susto. Mas não é emoção, temor, mas sim desespero mesmo; porque, para eles, um filho significa o cancelamento da viagem, um gasto a mais, etc. É o desespero total.
E aí vem o problema da geração “nem família, nem Estado” na questão educacional. Mesmo que a pessoa não tenha consciência dessa rejeição à criança – enquanto assumir as responsabilidades -, os pais acabam outorgando a função que era deles para outras pessoas. Hoje as pessoas dizem que tem que trabalhar muito, não sobra tempo para nada. A concepção de muitos pais, infelizmente, é que eles já estão fazendo mais do que a sua obrigação comprando comida e roupa para as crianças, que o resto não compete a eles. E aí pergunto, caro leitor, se os pais não ensinarem a moral, suas crenças, aos seus filhos, quem ensinará? Aliás, estes pais creem em algo?
Sim, na maioria das vezes creem. Mas nada além de dar comida e o vestuário, basicamente, é função dos pais, segundo parece transparecer alguns. Muitos católicos, por exemplo, acham que a função de ensinar a fé compete aos catequistas. Triste engano. O próprio Catecismo da Igreja Católica afirma que são os pais os primeiros catequistas dos filhos, que a educação moral e religiosa é dever dos pais, etc. E não é questão de ignorância! Muitos padres repetem em homilias que os pais devem ensinar a fé aos filhos, ensiná-los a rezar e, o mais importante, rezar com eles. Já nos anos 70, 80, o famoso Frei Damião de Bozano pregava suas Santas Missões no Nordeste, e questionava os pais que não ensinavam a fé aos filhos. Segundo o Frei, ele perguntava para as crianças quem era Jesus, quem era Deus, etc., e as crianças não sabiam. Outro disse ao frei que Eucaristia era “aquela bixinha branca”... O que comentar? Os católicos sabem o quanto dói saber que Jesus Eucarístico é tratado assim, de qualquer jeito. Mas quem deve ensinar estas coisas? Os pais! Mas, para os pais modernos, para quê ensinar que na Missa a hóstia consagrada é o próprio Cristo, se, afinal, as Paróquias tem catequistas para isso mesmo? E daí fazemos surgir uma geração de indiferentismo religioso. Reclamamos, mas somos responsáveis por isso.
Esse negócio de ensinar a fé aos filhos é tão sério, que a Irmã Lúcia, vidente de Nossa Senhora em Fátima, afirma em suas memórias, que a primeira palavra que pronunciou foi “Ave Maria”, porque enquanto sua mãe ensinava a catequese para sua irmã mais velha, lhe segurava no colo. O que as crianças pequenas falam hoje? É de dar pavor! Onde aprendem? Em casa, no colégio... Mas e as coisas puras e santas, você ensina? Talvez porque não se pratica. Afinal, muitos pais além de outorgarem a função de ensinar catequese aos à Paróquia, ainda não seguem a fé. Não vai à Igreja, mas o filho não perde um domingo de encontro de Crisma; aí depois os jovens somem da Igreja e não sabemos (fingimos) o motivo. Não se vive a fé, então em quem eles se espelharão?
E com os outros aspectos da educação não é diferente. Fulaninho, 10 anos, está com algumas dificuldades na escola. A mãe, Beltrana, não vai a reunião de pais. Porém, avisam a Beltrana que o filho vai mal em algumas coisas na escola, que o filho está passando tempo demasiado no videogame, assistindo TV, etc. Beltrana se irrita, e diz que ele (Fulaninho) sabe que tem que estudar, e que vai servir é para ele. Sim, queridos leitores, este é um caso real. E muitos pais tem esta mesma concepção: se quer estudar, estude; se não quer, o problema é seu. Para estas pessoas, o que importa, aparentemente, é só dar comida para não serem presos enquadrado no ECA; dane-se, portanto, o incentivo ao estudo. Muitos pais até louvam o fato de os filhos passarem horas no videogame e/ou computador, afinal, segundo eles, pelo menos não estão na rua. Grande coisa! A única diferença é que está criando um provável monstro conectado. E não digo monstro no sentido de delinquência, crime, mas se a criança não estuda e passa o dia no sofá diante de uma tela, o que se esperar?
Fulaninho precisa de ajuda, mas quem o ajudará? Ele não vê sentido em estudar, não gosta de estudar. Mas isso tem muito a ver sim com a educação dada em casa. Há estudos que mostram filhos que tem pais mais presente em sua educação, na qual os pais leem historinhas, acabam tendo a inteligência mais desenvolvida. Os pais de hoje não leem para os filhos, nem leem para eles mesmos. Ou seja, não tem exemplo. Como gostar de estudar? Muitos pais analfabetos incentivavam, mesmo com grande sacrifício, o estudo dos filhos. Hoje, os pais que tem tudo para ajudar os filhos, não faz nada.
E aí nós vemos o quanto uma parte considerável desta geração está comprometida. Todos sabemos que o ensino público no Brasil é uma tremenda porcaria. Muitas escolas públicas estão preocupadas em rezar a cartilha de Paulo Freire, transmitir os “valores” marxistas, doutrinar a juventude. O ensino mesmo... Um lixo! Na escola o ensino é ruim, em casa os pais não incentivam o estudo e ainda permitem uso de aparelhos eletrônicos de maneira descriminada. O resultado que temos é que a criança e o jovem não recebem boa educação nem em casa, nem na escola.
Falando da moral, isto se torna mais grave. Se os pais não assumem a sua responsabilidade de ensinar a moral e a fé aos filhos, eles não aprenderão as mesmas na escola. E nem adianta ir chorar para o padre, afinal, mesmo que você mande os filhos para a catequese, este passa duas horas com teu filho, a escola passa, no mínimo cinco horas por dia de segunda à sexta, ensinando contra-valores. Se você não ensinar o valor da castidade para os teus filhos, a escola está ensinando que o legal é liberar geral. Enquanto você se omite em preservar a pureza dos teus filhos, as escolas estão distribuindo camisinhas, e incentivando o sexo livre. Na escola se está ensinando a “ideologia de gênero”, dizendo que os teus filhos não nascem nem homem, nem mulher, que eles é que irão escolher o gênero, que segundo esta concepção, há vários. Enfim, muitos conteúdos que o MEC, e outros de autoria privada de professores marxistas, estão disponibilizando para as crianças e jovens, são contrários ao que a população deseja. O grande problema é: muitos estão pouco se lixando para isso, embora discorde do que é ensinado na escola. Muitos não querem ter o trabalho de ensinar os filhos, de rezar com eles, mas a escola não teme fazer um baile funk para crianças de 12 anos “se pegarem”.
Jesus Misericórdia! O que será desta geração que é abandonada pela família, e que recebe do Estado uma deformação?
Se as crianças e jovens não recebem boa educação nem de algumas famílias, nem do Estado, é necessário surgir projetos que façam esta caridade. Não só projetos, mas mesmo professores individualmente, por exemplo, ao ensinar boas maneiras as crianças. Sim, caro professor, se você for reclamar de um aluno que não escova os dentes, é perigoso algum dos pais querer quebrar os teus dentes. Então, faça o que os pais não fazem. Eu sei que é trabalhoso, é uma carga maior, mas você tem que ser realista: se você não ensinar, esta criança estará condenada à falta de higiene e terá problemas maiores no futuro. É preciso então nós termos atitude de “pais” e “mães” do coração, de adotá-las espiritualmente, de fazer por elas o que os pais não fazem – por ignorância, impossibilidade vou mesmo por dolo. Não importa o motivo, o que importa é que temos que fazer algo. Se nem a escola, nem os pais transmitem o ensino de qualidade, então que tal criar vários projetos de reforçamento escolar, onde se tentará suprir a necessidade deste aluno para aprender realmente? Que tal criar projetos de evangelização para as crianças, onde se poderá levar a elas o amor de Jesus? Que tal fazermos projetos com lazer, mas que não fique somente nisso, mas que ensine uma moral, ensinar o bem, etc? Afinal, muitos projetos focam apenas em juntar um monte de crianças que moram nas periferias em um campo de futebol e acham que já basta. Não, não basta dizer para o rapaz que se tirar nota ruim não vai jogar. Porque joga. É preciso criar projetos que, dentro dele mesmo, tenha o esporte, mas tenha o reforçamento escolar, e tenha a moral, os bons costumes. Afinal, muitos vão praticar esporte em certos projetos, e fumam baseado depois; até porque estão inseridos nesta realidade. É preciso ir além. Precisamos salvar a nossa geração. E se o Estado não fará; se muitas famílias também não farão, seja por não quererem, ou por não saberem o que fazer, então, sejamos auxílio para as famílias. Façamos alguma coisa.
Lembro ainda, caríssimos, que há aquelas famílias – e eu não poderia ser irresponsável de esclarecer isso – que por seu arranjo moderno, acaba por dificultar esta educação. Embora sempre se possa se esforçar para dar mais. Mas é um fato que hoje é comum “famílias mutiladas”, ou seja, filhos que moram apenas com um dos pais por causa do divórcio, mães solteiras, etc. Eu mesmo sou filho de pais separados. Então o que acontece muitas vezes é o seguinte: é “sozinha” para criar de um ou mais filhos, e tem que trabalhar fora deixando as crianças só ou sob tutela de outros. Estas pessoas se esforçam bastante, e não estou julgando-as, mas, pelo contrário, clamando que surjam projetos que possam ajudar pessoas, como tantas mães solteiras, a educarem as crianças. Se estas pessoas estão só para este importante ofício (da educação plena), sejamos, então, seu auxílio.
Essa geração já sofre por não receber educação nem da família, nem do estado. E agora... Nem tu, nem eu?

You May Also Like

0 comentários