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Como uma
médica se tornou uma das figuras mais ilustres da educação? Na realidade, ela
começou a trabalhar com crianças com problemas mentais; e após criar um
ambiente saudável para essas crianças especiais, notou-se uma melhora em seu comportamento
e desenvolvimento. As crianças deficientes mentais educadas/estudadas por
Montessori participaram de uma espécie de concurso junto com crianças normais,
porém sem que ninguém soubesse que eram crianças com deficiência mental; e,
para espanto da própria Montessori, as suas crianças deficientes se saíram
melhores que as crianças normais. Obviamente ficou feliz pelo desenvolvimento
de suas crianças, mas, por outro lado, ela ficou a se questionar o motivo de
crianças normais terem rendimento menor do que crianças deficientes. Aquilo
atormentou a doutora, que então passou a trabalhar com crianças normais.
Em suma,
o que Montessori fez com aquelas crianças deficientes foi preparar um ambiente
sadio e, a partir disso, educa-las a partir das suas necessidades próprias.
Quando foi trabalhar com crianças normais, ela pôde perceber com mais clareza que
as crianças normais não eram educadas de acordo com suas necessidades, mas sim num
ambiente de repressão e dor, que acabava por inibir o seu desenvolvimento pleno
(moral, da personalidade, e não apenas intelectual).
Preciso
confessar que tenho um questionamento semelhante ao de Montessori: por que
crianças normais estão tendo desempenho tão ruins no Brasil? Por que o índice
de analfabetismo funcional aumenta? Por que mesmo tendo mais escolas do que
havia há cinquenta anos atrás, o Brasil ainda aparenta estar tão atrasado? Talvez
a educação de 20 ou 30 anos atrás era de nível elevadíssimo em comparação com o
nível atual. O que podemos fazer? Afinal, a maioria das nossas crianças e
jovens são absolutamente normais. O que está acontecendo no processo
educacional brasileiro?
Bom,
acredito que nós podemos responder há alguns destes questionamentos se
estudarmos o próprio método Montessori, assim como também as novas pesquisas de
neurociência que vem nos ajudar a entender o funcionamento do cérebro e a forma
que aprendemos. Mas de maneira especial, acredito que Maria Montessori, mesmo
tendo falecido na metade do século XX, tem muito a nos ensinar no século XXI.
Obviamente, boa parte dos seus escritos se referem a educação infantil, ou
seja, pré escola (ou, especificamente, de crianças de 0 à 6 anos de idade).
Se
focarmos na questão CRIANÇA PEQUENA, o método em questão é fascinante! Quando
li no livro A formação do homem Montessori
afirmando que havia crianças de 4 anos de idade sendo alfabetizada, fiquei extremamente
encantado e desejoso de conhecer o método. Quem quiser compreender o método Montessori
de maneira ampla, e os exercícios sensoriais para auxiliar a criança na
alfabetização espontânea, pode ler o livro Pedagogia
Científica. Com certeza este livro auxiliará bastante quem deseja realmente
fazer uma mudança positiva na educação brasileira. O construtivismo distorcido
e mal aplicado aqui no Brasil faz com que professores protelem o tempo de
alfabetização das crianças, afirmando que “quando ela se sentir pronta, ela
aprende”, e, não poucas vezes, a criança chega no Fundamental II com uma enorme
deficiência na leitura e escrita. E com a idade de 9-10 anos é bem mais maçante
para a criança aprender. Mas, já com 4-6 anos de idade, segundo Montessori, a
criança está no tempo da Mente absorvente, ou seja, ela tem uma energia
interior que a faz aprender com grande facilidade e espontaneidade. Portanto,
os professores estão perdendo o tempo certo da alfabetização, deixando para
depois, que, pelo funcionamento do cérebro da criança, será mais difícil fixar
na mente.
Mas mesmo
para o Ensino Fundamental II e Médio os ensinamentos de Montessori são úteis.
Obviamente, por ter se dedicado quase que exclusivamente as crianças, a
contribuição do método dela para crianças e adolescentes devem ser uma
adaptação do método. Falo isso justamente para evitar confusões; afinal, alguém
poderia dizer que o aluno vai aprender só sem o auxílio dos professores,
enquanto, na verdade, Montessori fala coisas semelhantes para crianças nos
exercícios sensoriais, e não para adolescentes em aula de química.
Existem
três princípios do Método Montessori que, adaptados de maneira correta nas
demais etapas da educação, poderá contribuir significativamente para uma
melhora na educação brasileira. No livro A
Criança ela, usando a figura de um embrião vertebrado, faz a seguinte
comparação:
[...]
poder-se-ia distinguir um todo dividido em três partes: cabeça, região torácica
e região abdominal. E, depois, muitos pontos especiais que se vão definindo
ordenadamente, pouco a pouco, terminando por solidificar-se: as vértebras.
Assim, no primeiro esboço de um método educativo existe um todo, uma linha
básica, onde se destacam três fatores principais: o ambiente, o professor e o material; além disso, muitas
particularidades que se vão definindo, justamente com as vértebras.
(Montessori, M. A Criança. 1936. Grifo meu)
Esta é,
portanto, a vértebra do Método Montessori: o ambiente, o professor e o
material. Se queremos transformar a educação no Brasil, devemos, a exemplo de
Montessori, trabalhar nestes três pontos. O ambiente escolar, o professor e o
material devem ser a vértebra do sistema educacional brasileiro.
No
decorrer de A Criança ela explica
muito bem como se faz isso na educação infantil, porém, estes princípios podem
ser adaptados para os outros níveis. Façamos uma breve análise de como podemos
construir essa vértebra educacional no Brasil.
Ambiente
Qual o
ambiente escolar hoje? Bom, podemos encontrar de tudo nas escolas brasileiras.
Tudo mesmo: cadernos, lápis, bola, pino de cocaína, maconha...
Mas o
problema não fica somente na questão da criminalidade; o ambiente “normal” que
as escolas têm não promove o aprendizado dos alunos.
Na
educação infantil, Montessori criou um espaço preparado de acordo com as
necessidades que a criança tem naturalmente. Falando de crianças maiores, 10
anos, ou mesmo adolescentes no ensino médio, como o ambiente pode influenciar
no aprendizado? Nós não temos na maioria das escolas um ambiente que leve o
estudante a... estudar! Em suma, nós não temos muitos locais apropriados para a
leitura, nem mesmo um real incentivo a leitura. Se um aluno não conseguir
estudar em casa por x motivos, ele poderá estudar na escola após a aula?
Dificilmente, nossas escolas são tão barulhentas quanto as ruas. Talvez você
diga que é natural de crianças e jovens serem barulhentos. Então, caríssimo, aí
é que eu recomendo que você conheça o Método Montessori e descubra como ela
colocava turmas lotadas de crianças fazerem silencia de maneira espontânea. A
criança gosta de silêncio – e os jovens também; o problema é que nós não os
exercitamos no silencio nem lhes preparamos um ambiente propício.
Muito se
fala da polêmica da quase retirada da Educação Física das disciplinas
obrigatórias do Ensino Médio. Mas, cara para nós: o ambiente para as atividades
físicas não é o adequado na maioria das escolas – principalmente para quem
estuda a tarde em regiões quentes. Quadras descobertas, falta de material
adequado, etc. Além do mais, a Ed. Física resume-se em duas ou três aulas por
semana, onde uma parte é em sala, outra na quadra; muito pouco para fazer
alguém ficar em forma. Ela torna-se, na verdade, uma espécie de
confraternização dos jovens. Resultado: saem da Ed. Física cansados, suados,
agitados, e não conseguem prestar atenção na aula de Química, Física,
Matemática ou qualquer outra disciplina. Afinal, estão agitados...Portanto,
nosso “ambiente escolar” é todo bagunçado e não propicia um aprendizado eficaz
nos jovens.
Professor
Várias
pesquisas mostram que a quantidade de professores sem nível superior é enorme.
É bem verdade que nem sempre um diploma resolve as coisas, afinal, ter nível
superior não é o mesmo que ter didática. Há muitos mestres e doutores que não conseguem transmitir com eficácia 10% do
que ensinam. Porém, é preciso reconhecer que o professor é muito mal formado no
Brasil. Eu sou estudante de Pedagogia, e posso constatar isso. É incrível como
nos direcionam para sermos construtivistas, embora citando algumas outras
abordagens, porém, sempre somos bombardeados com os pensamentos de Paulo Freire.
Porém, se formos analisar os ensinamentos do próprio Piaget (um dos principais
teóricos do construtivismo), podemos contatar que o Construtivismo piagetiano
original é bem diferente do que nos ensinam na faculdade. O resultado disso é
que formamos milhares de professores todos os anos despreparados, doutrinados
sob uma verdadeira ideologia, que tem afetado negativamente várias crianças.
Outro dia
mesmo encontrei um colega que cursava Letras, e fiquei surpreso ao saber que
ele havia trancado. Um dos motivos relatados por ele, é que não levava jeito
para essa coisa de professor, afinal, o que ele aprendia na faculdade, quando
ia dar aula nos estágios, não funcionava nada. Eis o problema: a formação do
professor é ruim, porque se reza a cartilha de Paulo Freire, enquanto
educadores sérios – e a própria neurociência é deixada de lado.
Mas Maria
Montessori fala algo importantíssimo sobre o professor em sua obra que fiquei
impactado. Segundo a educação montessoriana, o professor não deve buscar
corrigir a criança, mas sim os seus próprios defeitos. Afinal, a criança age
por imitação. Qual é o adulto que ela está imitando? Na própria escola –
falando em educação infantil -, quando se vai alfabetizar a criança, ela irá
escrever como escuta. Se eu não corrijo a maneira que eu falo, a criança vai
falar e escrever errado. Eu preciso me corrigir.
Este
princípio de corrigir os próprios defeitos, de buscar a própria perfeição, de
buscar ser o melhor que pode – não para se exaltar, mas para ser o melhor para
os outros, deve estar marcado com fogo no coração do professor. O professor é
mal remunerado, mal reconhecido, mas é movido pelo amor. E porque amamos as
crianças e jovens, porque amamos esta VOCAÇÃO que DEUS nos deu, nós, mesmo sem
os recursos que queríamos ter, devemos buscar ser os melhores professores que
nossos alunos podem ter. Não é questão de remuneração, mas sim de que se nós
não nos qualificarmos para contribuir na educação plena das crianças e jovens,
teremos um futuro danificado pela ignorância.
O
professor precisa entender essa sua vocação singular na sociedade atual. É
preciso buscar a sadia perfeição por amor as crianças e jovens.
Mas, se
queremos mudar o sistema, devemos clamar a Deus que realize o milagre de o
Estado se importar com a educação. Aliás, não só no Estado, mas também nas
próprias universidades que só sugam as mensalidades, mas nem sempre devolvem um
ensino de qualidade. É preciso que se dê formações sólidas, principalmente na
área da neurociência (isso é importante, até porque Maria Montessori dizia que
sua educação era científica, ou seja, usando que a ciência lhe dava na época.
Hoje a ciência tem muito mais a contribuir, mas, no entanto, passamos mais
tempo estudando Paulo Freire do que pesquisas da psicologia infantil,
neurociência, etc). É de suma importância que o Estado e a iniciativa privada
invista em pesquisa científica, afinal, a universidade é um local de pesquisas
(ou deveria ser).
Por fim,
caríssimos, entendamos que o professor é uma peça fundamental para vencermos o
jogo da educação no Brasil. Sem professores de qualidade, estaremos destruídos.
Afinal, quem ensinará a verdade as crianças?
Um meio
para salvar as crianças é o homeschooling,
também conhecido como educação familiar. Mas os próprios pais precisam lutar
contra seus próprios defeitos, e buscar dar duro para ensinar com eficácia aos
filhos e/ou aprender junto com eles.
Material
Você já
leu os livros didáticos dos teus filhos? Pois é, muitas vezes nós temos um
material escolar que imbeciliza o aluno (principalmente em história, filosofia
e sociologia). Além do bombardeamento da ideologia de gênero, muitas vezes o
material em si traz o problemas de ser fraco mesmo.
Porém,
fazendo uma adaptação do método montessoriano para crianças maiores e
adolescentes, poderemos ganhar bastante. Montessori usava o sentido das crianças
para ensiná-las (ou deixa-las aprender “sozinhas”). Só para servir de exemplo,
a alfabetização se dava assim (de maneira bem resumida): a criança está na
época de formar enriquecer a linguagem, tudo fixa muito rápido. Como as línguas
latinas são vocais, ou seja, cada letra representa um som, Montessori usava
letras soltas onde as crianças podiam tocá-las, sentir o formato, as curvas,
enquanto a metra dizia o som da letra, e uma palavra que começava com aquela
letra. Enfim, este alfabeto solto era um material sensorial, que, para esta
idade, facilitava o aprendizado espontâneo da criança. Falando em ensino
fundamental II e ensino médio, que materiais podemos utilizar?
O que
precisamos entender é que passado o período da mente absorvente (por volta dos
6 anos), a criança precisará de um maior esforço para aprender as coisas.
Portanto, ela precisará ouvir explicações e ter seu próprio esforço pessoal
para fixar determinado conteúdo na mente. Como bem explicava o Professor Pier,
após a aula, o estudante precisa escrever no seu caderno, pois, lendo e
escrevendo os pontos principais da aula, usará uma parte maior do seu cérebro e
aprenderá com maior eficácia. Portanto, embora a tecnologia tenha avançado
bastante, livro, caderno e lápis ou caneta continuam sendo materiais essenciais
para o estudante.
Quando se
fala de materiais para auxiliar no ensino-aprendizagem, as pessoas logo vem com
a ideia de tablets, computadores, aplicativos, etc. Mas isso não quer dizer
eficácia no aprendizado. Tablets não podem substituir caderno e lápis nas
escolas – e o professor Pier explica muito bem o porquê (usando a neurociência)
(Clique aqui e assista a palestra).
Quando eu
penso em materiais para auxiliar no ensino-aprendizagem do Fundamental II e
Ensino Médio, me vem à mente, por exemplo, laboratórios de ciências. Qual
escola pública tem laboratórios? Raríssimas! Os únicos laboratórios em que os
alunos têm algum acesso é o de informática. Além de não ter eficácia comprovada,
parece que os computadores servem apenas para prender os alunos naquela sala
com ar condicionado. Não, não gastemos dinheiro à toa. Precisamos gastar
conscientemente. Precisamos equipar nas escolas verdadeiros laboratórios, onde
o aluno não fique na teoria, mas, auxiliados pelo professor, possam ver na
prática.
Isso sem
contar a necessidade de se ter boas bibliotecas. Mas infelizmente onde se tem,
pouco é usada. É necessário trabalhar inteligentemente nisso para fazer o aluno
se interessar pela leitura.
Conclusão
No mais,
caríssimos, a principal contribuição que Montessori nos dá é o exemplo de
dedicação para educar as crianças. Ela deu o melhor de si em prol das crianças.
Ela sabia perfeitamente que das crianças depende o futuro da humanidade. Se as
crianças eram educadas em ambientes que deformavam sua personalidade, teríamos
(como temos) adultos cheios de transtornos, neuroses, doentes. Se queres salvar
o mundo, salve as crianças. E se seu método educativo buscava a verdade e
elevar todos à verdade, busquemos também isso.
Montessori
foi inspiradíssima por Deus ao pegar os ensinamentos da medicina e aplicar a
educação. Obteve grande êxito. Nós estamos na segunda década do século XXI,
temos uma gama de pesquisas científicas nos mostrando como as crianças e jovens
aprendem melhor e mais eficazmente. Que tal fazermos da nossa educação também
uma Educação científica. Garanto que obteremos resultados positivos e pararemos
de passar vergonha no PISA e demais avaliações internacionais.