Vaticano II e o Ecumenismo: afinal, o que o Concílio ensinou?
Salve
Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
Uma das
coisas mais criticadas no Concílio Vaticano II é o Decreto Unitatis Redintegratio sobre o Ecumenismo. Não poucas pessoas
afirmam que o CVII errou ao ensinar o Ecumenismo, pois estaria contrariando o
ensinamento de séculos da Igreja; afinal, a Igreja sempre proclamou que fora
dela não há salvação (reafirma isso no próprio CVII, inclusive).
O
protestantismo sempre foi tratado como uma heresia, tanto que resultou na
excomunhão do “fundador” do movimento protestante, Martinho Lutero. Se o
protestantismo é tão ruim, tendo dilacerado a unidade da Igreja, levando tantas
almas ao erro e colocando suas almas em risco de danação, como é possível a
Igreja pregar o ecumenismo? Bom, responder este questionamento, caríssimos, é
necessário mergulhar na Unitatis
Redintegratio e entender o que é o ecumenismo pregado pelo Concílio.
O nosso
problema é que achamos que Ecumenismo é uma espécie de samba do criolo doido,
um sincretismo com tudo quanto é religião (de maneira especial todas as
cristã). É comum em nome do ecumenismo se fazer orações em conjunto com protestantes,
colocar protestantes para pregar em eventos católicos, negar verdades da fé
católica para não ofender, até colocar macumbeira no altar para ser “ecumênico”.
Bom, na verdade, nada disso faz parte do real Ecumenismo que a Igreja prega no
Concílio Vaticano II (aliás, religiões afro, por exemplo, nem no ecumenismo se enquadram, mas sim no diálogo inter-religioso).
Confesso
que me surpreendi com o real ensinamento da Igreja sobre o Ecumenismo. Sei que
as dúvidas são grandes, ainda mais porque ouvimos falar muito sobre, mas não
lemos quase nada dos documentos do Concílio. Por isso, separei os apontamentos
pertinentes da Unitatis Redintegratio
em forma de perguntas e respostas para ficar mais didático; colocando apenas o
número do documento quando for citação. Confiram o real ensinamento do Concílio
Vaticano II sobre o Ecumenismo:
O que é o Ecumenismo?
É um
movimento que busca a unidade entre os cristãos.
Quem participa deste movimento ecumênico?
“Participam
dele os que invocam Deus Trino e confessam a Cristo como Senhor e Salvador, não
só individualmente mas também reunidos em assembleias. Cada qual afirma que o
grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e de Deus. Quase todos, se bem que de
modo diverso, aspiram a uma Igreja de Deus una e visível, que seja
verdadeiramente universal e enviada ao mundo inteiro, a fim de que o mundo se
converta ao Evangelho e assim seja salvo, para glória de Deus.”
(nº 1)
Portanto, a Igreja é clara em afirmar que
o movimento ecumênico, ou seja, o esforço por uma unidade real, não se dá com
todos os protestantes, mas sim com aqueles que cumprem alguns princípios. Só há
ecumenismo – segundo o CVII – se a denominação protestante confessar a Trindade
Santa e proclamar que Jesus é o Senhor e Salvador. Parece bobo, mas só nessa
declaração o CVII está eliminando cerca de 80% das seitas protestantes
brasileiras. Claro que eu posso estar exagerando. Mas entenda o seguinte: o
Ecumenismo não é feito com igrejola de esquina. Muitas dessas igrejas
protestantes não professam que Jesus é Deus, ou tem o Espírito Santo como uma
força, mas não como uma pessoa. Além de outras seitas, como as Testemunhas de
Jeová, que tem em Jesus somente um profeta, mas não como Deus. Portanto, não há
ecumenismo com essas pessoas.
Além do mais, a Igreja é clara em dizer
que este esforço por unidade tem que ser com igrejas protestantes que professem
a necessidade de seguir a Cristo não só individualmente mas também em assembleia.
Ora, nós sabemos que boa parte das igrejas protestantes que se espalharam pelo
Brasil não creem na necessidade de uma assembleia para se salvar. Aliás, nem se
tem algo formulado sobre doutrina; é somente um pastor com um curso de teologia
(quando tem) que funda a seita, depois vende pra uma outra denominação (quem
nunca viu uma igreja x amanhecer com a placa y? É lei da oferta e procura: tem
tantos dizimistas, rende tanto... Quanto me paga?
Além do mais, uma parte considerável
dos protestantes professam a seguinte ideia: Jesus sim, Igreja não. Portanto,
não há movimento ecumênico com tais pessoas que não acreditam na necessidade de
estar ligado à uma Igreja.
Isso é muito importante porque as
pessoas acham que ser ecumênico é se reunir com protestantes e rezar junto com
eles, sem mencionar a fé católica, focando no que une. Bom, não é bem assim...
Tanto é que se formos seguir a risca o que o Concílio Vaticano II ensina sobre
o Ecumenismo, como vimos nesta declaração, alguns encontros ecumênicos deveriam
ser cancelados e replanejados. Portanto, não é lícito você começar a criar
grupos pra rezar com protestante, ficar coladinho neles, porque muitas vezes o
protestante nem se quer se enquadra naquilo que a Igreja diz ser lícito.
Dê
um exemplo de igreja protestante que há movimento ecumênico.
Igreja Luterana. Além, é claro, de
igrejas mais antigas que estão dentro do ensino proposto acima. As novas
igrejas que surgem muitas vezes bebem de doutrinas pagãs, onde se confunde quem
é Deus (Pai, Filho e o Espírito Santo), e você não tem garantia se o coração de
tais membros apontam para o Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.
Mas para exemplificar, Luteranos e
Anglicanos, por exemplo, creem em Deus uno e Trino, professam que Jesus é o
Senhor e creem que suas igrejas são verdadeiras e que os fiéis tem que estar
ligadas a ela. Então a Igreja Católica trabalha no ecumenismo para tentar
trazê-las a plena unidade com Cristo Cabeça da Igreja.
O
que fazer com as diferenças de doutrina, por exemplo, entre católicos e
protestantes?
“De
facto, as discrepâncias que de vários modos existem entre eles e a Igreja
católica quer em questões doutrinais e às vezes também disciplinares, quer
acerca da estrutura da Igreja criam não poucos obstáculos, por vezes muito
graves, à plena comunhão eclesiástica. O movimento ecuménico visa a superar
estes obstáculos. No entanto, justificados no Baptismo pela fé, são
incorporados a Cristo, e, por isso, com direito se honram com o nome de
cristãos e justamente são reconhecidos pelos filhos da Igreja católica como
irmãos no Senhor.” (nº3)
Como
dizer que eles são irmãos e estão de algum modo ligados à Igreja se sempre
foram chamados de hereges?
É
mister lembrar que nem toda seita protestante tem todos os sacramentos
declarados inválidos pela Igreja. Portanto, o Batismo em algumas igrejas
protestantes é reconhecido como válido pela Igreja Católica.
“Aqueles, porém, que agora nascem em tais comunidades e são
instruídos na fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação, e a
Igreja católica os abraça com fraterna reverência e amor” (nº3).
Portanto, caríssimos, uma coisa é o
pecado de Lutero em ter dividido a cristandade; outra situação, porém, é a dos
luteranos de 500 anos depois, que nasceram e foram criados nessa realidade. O
protestantismo cresce no Brasil, e uma coisa é o pecado daqueles que
abandonaram a Igreja com consciência do que faziam, outra coisa são os filhos
dessas pessoas que foram criados na doutrina protestante. Você só fala com ódio
dos protestantes nascidos e criados no protestantismo porque você nasceu
provavelmente num lar católico, com uma senhorinha rezando o Terço e pessoas
lhe ensinando a doutrina da Igreja. Mas nem todo mundo teve a graça de nascer
em um lar católico.
Sendo assim, existem milhões de
protestantes que de alguma maneira estão ligados à Igreja Católica por causa do
Batismo, mas que precisam ser acolhidos com amor e misericórdia, para serem
conduzidos (atraídos, melhor dizendo) à verdade plena.
Portanto, o movimento ecumênico visa
diminuir as discrepâncias entre as diversas denominações e a Igreja Católica,
para sermos uma só Igreja, ou seja, CATÓLICOS (UNIVERSAL).
Como
deve acontecer na prática os encontros ecumênicos?
“Por
«movimento ecuménico» entendem-se as atividades e iniciativas, que são
suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e
oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos. Tais
são: primeiro, todos os esforços para eliminar palavras, juízos e ações que,
segundo a equidade e a verdade, não correspondem à condição dos irmãos
separados e, por isso, tornam mais difíceis as relações com eles; depois, o
«diálogo» estabelecido entre peritos competentes, em reuniões de cristãos das
diversas Igrejas em Comunidades, organizadas em espírito religioso, em que cada
qual explica mais profundamente a doutrina da sua Comunhão e apresenta com
clareza as suas características. Com este diálogo, todos adquirem um
conhecimento mais verdadeiro e um apreço mais justo da doutrina e da vida de
cada Comunhão. Então estas Comunhões conseguem também uma mais ampla
colaboração em certas obrigações que a consciência cristã exige em vista do bem
comum. E onde for possível, reúnem-se em oração unânime. Enfim, todos examinam
a sua fidelidade à vontade de Cristo acerca da Igreja e, na medida da
necessidade, levam vigorosamente por diante o trabalho de renovação e de reforma.”
(nº4)
Permitam-me neste ponto parar um pouco
as “perguntas” e respostas para me estender na explicação. A Igreja pede para
que se evite usar palavras, juízos e ações que não correspondam com a verdade
dos irmãos separados. Para muitos isso pode parecer que a Igreja está ensinando
uma espécie de respeito humano, que deve-se esconder a doutrina da Igreja para
não ofender o protestante etc. Mas na realidade o Concílio só está pedindo para
se evitar rivalidades esdrúxulas, ofensas gratuitas. Até pouco tempo eu achava
que tudo que envolvesse protestantismo era ação do demônio. Fulano foi curado
em alguma igreja protestante, logo eu diria que é o demônio. Bom, não é bem
assim. Não tem como dizer que todos os feitos realizados no protestantismo, por
pessoas sérias, que buscam a Deus – embora de maneira não plenamente perfeita –
estão agindo sobre influência do demônio. Digamos não iremos atrair nenhum
irmão protestante tratando-o assim. Uma coisa é mostrar as diferenças
doutrinais, fazer uma apologética da fé católica, outra coisa é sair para a
ofensa pessoal. Lembre-se que muitos destes não largaram a Igreja, mas nasceram
no meio protestante.
Além do mais, o Concílio Vaticano II,
ao contrário do que os falsos ecumênicos pregam por aí, diz que é necessário
pregar a doutrina católica na íntegra.
Portanto, as reuniões ecumênicas não podem ser usadas para negar a
doutrina católica, esconder imagem, crucifixo, medalha, etc, para não ofender.
Vimos no trecho acima que que na ação ecumênica, ou seja, em reuniões
ecumênicas, cada qual (os protestantes e os católicos) deve explicar com
clareza no que consiste sua fé. Então não é um “chega aqui e vamos rezar” e
depois sair dizendo “que lindo rezar junto”. Não, o Concílio diz que é para os
protestantes explicarem no que eles creem, quais suas características; e os
católicos, por sua vez, também explicar sua fé. Exemplo: os protestantes
explicam, por exemplo, como se reúnem em comunidade, como é seu culto; os
católicos, devem explicar o que é a Santa Missa, porque cremos na presença real
de Jesus (apresente os milagres de Lanciano, por exemplo).
Infelizmente as pessoas entendem o “focar
naquilo que une, não no que separa” de uma maneira distorcida. O movimento
ecumênico é justamente para que se debata estas questões. Tanto é que o
Concílio diz claramente que quem deve participar de tais encontros são PERITOS
COMPETENTES. Ora, se o Concílio diz claramente que quem deve estar nessas
reuniões são PERITOS COMPETENTES, pressupõe-se que vão colocar os doutores na
fé católica para explicar os detalhes da fé católica, correto? Bom, aí é que
entra o problema. A práxis é bem diferente. E, infelizmente, o CVII leva
porrada inocentemente, porque ensina uma coisa, mas muitos católicos fazem
diferente. Ao invés de chamar por exemplo, Padre Paulo Ricardo, Dom Rifan, Dom
Henrique Soares, Professor Felipe Aquino, que são exemplos de PERITOS COMPETENTES sobre a fé católica,
não, chamam o fulano que não lê o catecismo, mas adora um livro protestante. Ou
seja, o ecumenismo que seria um momento de diálogo entre as diferentes
confissões para se compreender mutuamente descobrindo a verdade de cada uma,
naquilo que cada confissão é, é desperdiçado, porque não usamos a oportunidade
para expor a verdade da Igreja, para ficar no ecumenismo sentimental.
Talvez você diga que não se pode falar de doutrina em tais
encontros, que não podemos espantar falando sobre Nossa Senhora, Eucaristia,
Papa, porque espantaria. Bom, respeito tua opinião, mas ela não condiz com o
ensinamento do Concílio Vaticano II:
O modo e o
método de formular a doutrina católica de forma alguma devem transformar-se em obstáculo
para o diálogo com os irmãos. É
absolutamente necessário que toda a doutrina seja exposta com clareza. Nada tão
alheio ao ecumenismo como aquele falso irenismo pelo qual a pureza da doutrina católica
sobre detrimento e é obscurecido o seu sentido genuíno e certo.
Ao mesmo
tempo, a fé católica deve ser explicada mais profunda e corretamente, de tal
modo e com tais termos que possa ser de facto compreendida também pelos irmãos
separados. (nº 11, grifo meu)
Este é, caríssimos, o ensinamento da
Igreja Católica no Concílio Vaticano II sobre o Ecumenismo. Se você é do tipo
que gosta de esconder a fé católica para não afastar protestante, o CVII está
dizendo que nada atrapalha mais o ecumenismo do que tal atitude.
Isso me faz questionar, por exemplo, o
motivo de tantas vezes pregadores e padres serem perseguidos por pregarem a
doutrina católica. Se eu falo numa pregação que na Santa Missa comemos a Carne
de Jesus Cristo e bebemos Seu preciosíssimo Sangue, mas numa igreja
protestante, come-se pão de padaria com suco de uva, as pessoas podem achar que
sou pouco ecumênico. Ora, mas a Igreja está falando que deve-se pregar a
doutrina claramente. Não há desculpa para se evitar falar a verdade da Igreja
nos próprios movimentos da Igreja, para não ofender eventuais protestantes que
estejam a visitar. Se eles estão visitando, é providência divina, e precisam
conhecer a verdade. Conheço casos de jovens protestantes que foram pra
catequese por curiosidade ou motivos diversos, mas com o catequista expondo
corretamente a doutrina da Igreja, se converteu. Ou seja, se obteve a plena
unidade. Talvez essas e tantas graças não aconteceriam se omitíssemos a verdade
com medo de ofender. Ter tal atitude é ofender a Cristo que é caminho, verdade
e vida, e a própria Igreja (que é o corpo místico de Cristo) que proclamou no
Concílio que se deve pregar a doutrina católica com clareza para os
protestantes. Portanto, não devemos parar de pregar sobre Nossa Senhora, mas
pregar de uma maneira que eles também possam entender; não devemos parar de
pregar sobre a confissão, sobre a Missa, etc., mas pregar de uma maneira que
eles possam compreender a fé da Igreja Católica.
Com
o ecumenismo, o Concílio está dizendo que não é preciso o protestante se
converter ao catolicismo?
Acredito que com os apontamentos acima
ficou claro que a Igreja deseja atrair todos os cristãos para a única Igreja fundada
por Jesus Cristo. Só há unidade plena na Igreja que é Una, Santa, Católica e Apostólica.
E a Igreja afirma isso na Unitatis Redintegratio.
“Na
Sua Igreja instituiu o admirável sacramento da Eucaristia, pelo qual é tanto significada
como realizada a unidade da Igreja” (nº2)
Portanto, a unidade da Igreja se realiza, caríssimos, na Eucaristia; como está
descrito nos Atos dos Apóstolos “perseveravam eles na doutrina dos apóstolos,
nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações.” (Atos 2,42). Portanto,
só há plena unidade onde há o Santo Sacrifício da Missa válido. Ou seja, na
Igreja Católica. Por isso vários protestantes anglicanos têm voltado para a
Igreja Católica, validando assim sua participação na Eucaristia.
“Jesus
Cristo quer que o Seu Povo cresça mediante a fiel pregação do Evangelho,
administração dos sacramentos e governo amoroso dos Apóstolos e dos seus
sucessores os Bispos, com a sua cabeça, o sucessor de Pedro, sob a ação do
Espírito Santo; e vai aperfeiçoando a sua comunhão na unidade: na confissão
duma só fé, na comum celebração do culto divino e na fraterna concórdia da
família de Deus.
Assim
a Igreja, a única grei de Deus, como um sinal levantado entre as nações,
oferecendo o Evangelho da paz a todo o género humano, peregrina em esperança,
rumo à meta da pátria celeste” (nº2).
Portanto, o Concílio Vaticano II está
afirmando que a vontade de Deus é que todos estejam na unidade da Igreja
Católica, que é única grei de Deus, na unidade dos Bispos, com Pedro (Papa) e
sob Pedro. Enfim, a Igreja não está dizendo “tudo bem você aí e a gente aqui”.
Não! O Concílio está dizendo que a vontade de Deus é que exista um só pastor e
um só povo. É essa a vontade de Deus, afinal, Cristo criou uma só Igreja ao
dizer em Mateus 16,18-19: “E eu te declaro: tu és Pedro e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu
te darei as chaves do Reino Dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado
nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
E,
para não deixar dúvidas, o CVII afirma ainda:
“Contudo,
os irmãos separados, quer os indivíduos quer as suas Comunidades e Igrejas, não
gozam daquela unidade que Jesus quis prodigalizar a todos os que regenerou e convivificou
num só corpo e numa vida nova e que a Sagrada Escritura e a venerável Tradição
da Igreja professam. Porque só pela Igreja
católica de Cristo, que é o meio geral de salvação, pode ser atingida toda a
plenitude dos meios salutares. Cremos também que o Senhor confiou todos os
bens da nova Aliança ao único colégio apostólico,
a cuja testa está Pedro, com o fim de constituir na terra um só
corpo de Cristo. É necessário que a
ele se incorporem plenamente todos os que de alguma forma pertencem ao Povo de
Deus. Este Povo, durante a peregrinação terrena, ainda que sujeito ao pecado
nos seus membros, cresce incessantemente em Cristo. É conduzido suavemente por
Deus, segundo os Seus misteriosos desígnios, até que chegue, alegre, à total
plenitude da glória eterna na celeste Jerusalém.” (nº 3 – grifo meu).
Portanto, o Concílio está afirmando que
é NECESSÁRIO que os protestantes se convertam à Igreja Católica Apostólica
Romana para se obter a plena comunhão. Pregar o contrário disso, caríssimos, é
ir contra o ensinamento do Concílio Vaticano II. Por isso, entre o que pregam
em nome do CVII, e o que o próprio CVII ensina, fique com os documentos do
CVII, pois a verdade está ali.
O
que fazer para a unidade dos cristãos?
Devemos fazer aquilo que a Igreja
ensina, mesmo antes do Concílio Vaticano II: rezar, rezar, rezar. É preciso
compreender que eles são nossos irmãos que estão em erro, e não devemos nos
satisfazer com o perigo de perderem a alma. É preciso pelo menos rezar por
eles. Uma prática que Leão XIII recomendava para a conversão dos protestantes era
a recitação do rosário.
Mas, no mais, toda ação para realizar a
unidade dos cristãos deve seguir os princípios do Concílio, que, como vimos,
não mascara a verdade católica para agradar os irmãos separados. Portanto,
ajamos de maneira ecumênica, sim, mas somente nos princípios indicados pelo
Concílio, buscando sempre atrair os irmãos separados para a Igreja.
Podemos ver essa ação claramente hoje
com a aproximação de Anglicanos e Luteranos, que a cada dia que passa
demonstram que não há tanta discórdia doutrinal, e em breve se terá unidade
plena, ou seja, em breve RETORNARAM para o seio da Igreja Católica.
No mais, rezar, rezar, rezar.
É
lícito ir à um culto protestante?
De forma alguma. O movimento ecumênico
não faz ser lícito um católico participar de cultos protestantes. Isso fala
muito bem os outros documentos da Igreja, Código de Direito Canônico, etc.
Portanto, não use o ser ecumênico para fazer confusão doutrinária. Se esforce
para conhecer a fé católica e praticar com profundidade a mesma. Um dos maiores
problemas dos católicos de hoje em dia é que querem a todo custo ser ecumênicos,
se mostrar dóceis e abertos aos protestantes, enquanto não conhecem nada da sua
própria fé. Antes de querer dar uma de ecumênicos, vamos primeiro aprender a
ser católicos. Sim, vamos aprender a rezar, a adorar, vamos aprender o que a
Igreja ensina, para quando estivermos com os irmãos protestantes, podermos mostrar
o que a Igreja ensina. Se não você pode se meter a ser ecumênico com as
melhores das intenções, mas ao invés de trazer eles para a verdade da Igreja, é
você que vai abandonar a Igreja porque não se aprofundou primeiro na fé
católica.
Ecumenismo
e salvação:
“[...]não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por
Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar
nela ou a nela perseverar” (Concílio Vaticano II - Lumen Gentium, 14)
Mas respeitar
protestantes assim, não é modernismo?
Alguns acham estranho os filhos da Igreja irem ao encontro das
ovelhas perdidas. Quantos são os que crucificam o Papa Francisco por ter amigo
protestante, ou por estar junto com Luteranos, por exemplo, em esforços
ecumênicos? Papa manda mensagem para Pentecostais, e o povo se escandaliza, ao
invés de reconhecerem como sinais dos tempos, ou seja, como um sinal da conversão
dos protestantes.
Por isso, faço aqui uma citação do livro A Alma de Todo Apostolado,
muito conhecido, publicado bem antes do CVII, e muito bem quisto no meio
tradicional da Igreja. Eis o trecho:
O ardente
amor por Jesus e a verdadeira dileção pelas almas darão ao apóstolo todas as
audácias compatíveis com o tato e com a prudência. A um leigo eminente ouvimos contar
o seguinte fato: Falando com S. Pio X, tinha esse leigo, no decurso da
conversação, desfechado algumas palavras mordentes sobre um
inimigo da Igreja. "Meu Filho, disse-lhe o Papa, não aprovo a sua
linguagem. Como castigo, ouça esta história. Acabara de chegar à sua primeira Paróquia
um sacerdote que eu conheci muito bem. Julgou ele do seu dever visitar todas as
famílias: judeus, protestantes, até maçons, ninguém foi excluído, e o pároco
anunciou do púlpito que renovaria a visita todos os anos. Tanto se admiraram
disto os colegas dele que se queixaram ao bispo. Este mandou logo chamar o
acusado e repreendeu-o com veemência. "Excelência, respondeu-lhe modestamente
o Pároco, Jesus no Evangelho ordena ao pastor que conduza ao aprisco todas as
suas ovelhas, oportet illas addúcere, Como lograr esse resultado sem ir à
procura delas? De mais a mais, eu nunca transijo com os princípios;
limito-me a testemunhar meu interesse e minha caridade a todas as almas, mesmo
às desgraçadas, que Deus me confiou. Anunciei essas visitas do púlpito; e se é
desejo formal de V. EX.a que eu cesse de as fazer, queira
ter a bondade de me dar por escrito essa proibição, a fim
de que se saiba que eu apenas obedeço às
ordens de V. Ex.a” Abalado
pelo acerto destas palavras, o Bispo não insistiu. O futuro veio depois dar
razão a esse sacerdote que teve a alegria de converter algumas dessas almas
desgarradas e impôs às outras grande respeito pela nossa santa religião. O
humilde sacerdote veio a ser, por vontade de Deus, o Papa
que agora lhe dá, meu filho, esta lição de caridade. Seja, pois, inabalável nos princípios, mas estenda sua caridade a todos
os homens, mesmo que sejam os piores inimigos da Igreja".
(Alma de Todo Apostolado, pag. 124 – Grifo meu)
São Pio X é modernista por demostrar
proximidade com não católicos? Eu acho que não.Então porque atacam Francisco e
os demais Papas pós conciliares? Coerência, meu povo. Que São Pio X interceda
por nós, e nos ensine a ser verdadeiros católicos, e buscar a unidade com os
cristãos, estando nós também em plena unidade com a Igreja Católica.
Salve Maria Imaculada, nossa
Corredentora e Mãe!
Viva Cristo Rei do Universo!
São José, rogai por nós!
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