Confissões de um domingo Eucarístico (Missa)

by - janeiro 15, 2012

            
             É incrível como a Misericórdia de Deus nos atinge e nos arrasta. Deus é tão dócil para com seus filhos, que as vezes me pergunto porque muita gente anda tão distante d’Ele, vivendo mentiras achando serem felizes. Quando alguém encontra o verdadeiro amor, não quer jamais magoá-lo, e sempre tenta estar na sua presença. Talvez por isso, os homens sem querer estar na presença de Deus para se dar por amor a quem se entregou por amor, também vivem dispersos e sem Deus.
            Hoje, vivendo um drama particular, me encontrei tendo que ir para a Missa e ao mesmo tempo me Confessar. Na minha Paróquia não é normal ter confissão no dia de hoje, e pelos problemas então... Decido ir para a outra Paróquia da cidade, e aproveitar e ficar para a Santa Missa. Mas quando ainda estava no ônibus começa a chover. E quando desço do ônibus, o guarda-chuva não foi o suficiente para evitar que eu ficasse encharcado. Ao contrário de tantas vezes na mesma situação, não fiquei resmungando. Mas pensei “e olha que eu to indo me confessar, imagine se não o fosse...” Foi então que me recordei de algo que aconteceu com Santa Teresa d’Ávila: Santa Teresa que certa vez ao ter uma grande dificuldade em uma viagem que ia para fundar um novo convento, assim cumprindo as ordens do Senhor, olha para o céu e diz: “Senhor porque tantas dificuldades se estou cumprindo as Tuas ordens?” e Deus responde-lhe: “Teresa, não sabe que é assim que trato aos meus amigos?” e Teresa retruca dizendo: “por isso que o Senhor tem poucos...” Logo eu me acalmei. Querendo ou não, as vezes é a forma de Deus se mostrar presente. Afinal, se eu não tivesse pecado não estaria tendo que sair bem mais cedo de casa, para buscar uma confissão do outro lado da cidade, e que posteriormente estar debaixo de chuva. O que é uma distancia e uma chuva diante de passar a eternidade no inferno por ter cometido o pegado da preguiça e do acomodamento e não se confessar? Prefiro toda essa dificuldade e ter me confessado e ter recebido o Esposo de minha alma na Eucaristia, do que ter ficado em casa e depois ido a Missa próximo mas sem poder comungar.
            Será que nós estamos passando por cima das grandes barreiras para nos encontrarmos com Deus? As vezes ao se falar de provação, obstáculos, dificuldades, etc., se fala muito em doenças, mortes, perdas... Mas e essa dificuldade relatada por mim, será que passamos por cima por amor a Deus? Muitos para não se molhar não teriam nem ido a Santa Missa porque sem dar o devido valor a Eucaristia, dizem que Missa terão outras. Quanto mais a Confissão, que as pessoas as vezes não tem noção da incrível dimensão que ela atinge. Muitos poderiam não querer pegar chuva para ir fazer uma simples confissão, afinal para muitos confissão pode ser feita em outro momento. Mas e se me der um ataque cardíaco, ou for atingido por uma bala perdida, ou for atropelado, ou pegar uma doença contagiosa repentinamente, ou uma série de atentados contra ávida que ninguém esta esperando? O que seria de mim? Por causa da minha preguiça e acomodação, e mais, da minha presunção, iria eu pro inferno... Talvez nessas enormes dificuldades, Deus esteja querendo fazer o ultimo encontro pessoal mais perfeito com você, que se dá na Eucaristia, tendo recebido o perdão dos pecados através da Confissão. E as dificuldades que lhe apareceram, uma chuva que te deixa molhado, pode ser o simples motivo da sua ida ou não ao Céu. Afinal, Deus nos da provações, mas o que é uma chuva e uma roupa molhada comparado a Cruz de Cristo? Tudo bem que tem um pouco da vergonha por chegar ensopado, e ficar na missa molhado e com uma leve tremedeira... Mas pegue sua Bíblia e leia na parte da Paixão de Cristo, e me diga o que tudo isso que me aconteceu é maior do que a vergonha e zombaria sofrida por Jesus? Jesus percorreu grandes obstáculos por amor, e é por amor que devemos passar por cima de tudo isso. E nós ainda temos uma “canja” nem é sempre que temos grandes obstáculos assim. Ou por acaso em Brasília chove todos os dias? Já Jesus Cristo se entrega todos os dias em cada Santa Missa que é Celebrada no mundo inteiro. O que é meu amor comparado ao amor de Deus por nós?
            As vezes acho que a gente ao tirar o olhar penetrante da nossa alma para a Eucaristia, acaba por querer se desviar do olhar penetrante de Misericórdia do Senhor. Estava eu ensopado e envergonhado esperando minha vez para me confessar, e uma senhora de idade contando seus causos. Dizendo de uma parenta (se não me engano), nordestina, que estava doente e o médico havia lhe “desenganado”. Ela teria rezado a Deus por uma cura, e mais tardiamente sonhou com uma velhinha lhe ensinando a fazer um chá de ruman. Milagrosamente (aparentemente) ela ficou curada. Não quero ser o investigador que decreta milagre de Deus ou não. Mas achei tão bonito aquela senhora que carregava um terço e que ali esperava o inicio da Santa Missa dar esse testemunho. Mas a secretária e o padre (ou era diácono) zombavam. Não necessariamente zombavam, mas não levavam a sério e faziam piadas. O tal homem que não sei dizer se já é padre ou sacerdote ainda dizia em tom irônico “é eu também, bebi a água do rio Jordão e me deu uma dor de barriga; mas eu tinha prisão de ventre e Jesus me libertou...” A senhora que estava ali, devia ser conhecida deles, aparentemente tinham uma certa intimidade. Mas zombar assim a tadinha é demais. Não vou aqui defender que foi milagre de Deus, até porque quando ia em lugar espírita, o tal médium também ensinava remédios caseiros para alguns casos. Mas achei infeliz a atitude para com aquela senhora. Isso me parece atitude de quem se acostuma tanto com a Igreja - no sentido ruim da palavra – que também deve achar que no altar o pão é pão, e o vinho é vinho. Pois se duvidas que Deus realiza uma cura física e/ou espiritual, também duvida que Jesus é capaz de transformar o pão em Sua carne, e o vinho em Seu sangue.
            Depois confessei-me. No confessionário estava um padre novo para mim. Confesso a vocês amados leitores, não gostei muito dele. Ele havia perguntado quantas pessoas havia para se confessar e pediu para que não colocasse mais ninguém na fila pois se atrasaria para a Missa. Em meu coração fiquei triste, pois se chegar alguém vai para o inferno porque o padre quis? Ficara sem Comungar ou comungará em pecado por causa do padre? Mas logo vi o quão miserável eu sou. O padre super simpático, me dando conselhos e sendo para mim PROFETA! As pessoas que querem ouvir a Deus deveria procurar um padre, pois além de confessar seus pecados ainda tem ali um profeta. Talvez por falta de ter esse direcionamento as pessoas ficaram sem a voz do Pastor que é Jesus, e estão cada vez mais perdidas. Fui para a Missa, e logo vi que meu rancor sobre o padre, ele tinha razão. Se ele ficasse muito tempo no confessionário não teria ninguém para renovar o Sacrifício de Cristo. E assim uma multidão ficaria sem o alimento da alma.
            Fui para a fila de confissão, ainda molhado. Refletindo sobre tudo, sobre a liturgia. Eis que Deus me faz um chamado, e faz a você também. Ele chamou a Samuel, Ele também me chama. Ele chama a você também! Comungo, faço minha ação de graças. E fico refletindo, o quão maravilhoso é Deus. E pensando realmente em vocação, este ano que devo fazer o vocacional Shalom, e refletindo sobre uns pensamentos, lembro-me de que na hora em que eu esperava para ir me confessar, chega lá também um amigo meu. Este amigo todo rockeiro, traz um crucifixo mas fica transparente no contraste da camisa de banda de rock, sua boina preta e sua extravagante bota preta. Ele que fazia catequese para fazer a primeira Comunhão e Crisma acabou saindo porque agora trabalha a noite – abrindo uma brecha, será que você também não tem trocado Deus por coisas matérias? Você tem que trabalhar, mas procurar uma solução para jamais abandonar a Deus é o melhor a se fazer – e estava ele ali não para se confessar e receber Jesus Eucarístico assim como eu; ele estava ali apenas para pagar um carnê de um sorteio da Paróquia. É triste ver que as pessoas fazem como ele, mesmo que participem da Missa, vão pra Igreja apenas para cumprir um roteiro. Mas com Deus não existe um roteiro, com Deus existe amar extremamente. E as vezes vejo que as pessoas não amam estar ali. Não é um julgamento, é uma observação. E sobre minha vocação, com Cristo ali no meu peito, me faz entender mais uma vez, que o Seu chamado é para que se resgate tantos que estão como meu amigo, apenas roteirando a ida na Igreja, cumprindo ordens humanas. Deus me chama para que eu chame tantos que jazem nas trevas, no mundo sombrio e frio, para o amor aconchegante que só podemos encontrar no altar do Senhor.
            Como a obra de Deus nunca é incompleta, voltando pra casa vou até a parada que costumo ir pegar ônibus. Em meio a “igrejas” protestantes com seus cultos, vejo ruas vazias. Vejo que mudo já que nem passei na casa de amigos que moram por ali. Vou rezando meu terço, pareço um louco insano por rezar o terço em pleno século XXI. O ônibus demora e termino de rezar o terço. Passa um ônibus, mas decido pegar o outro. Este passa, e lá vejo o chamado de Deus. Sento perto de um bêbado que exalava um odor não muito agradável. Antes que você se confunda, Deus não me chama a ser um bêbado; mas sim me embriagar do Espírito Santo de Deus para que tantos que estão na situação daquele pobre coitado que portava a embriaguês e uma mala possa conhecer Jesus. Desci do ônibus, não fui pelo caminho habitual. Deus me mandava ir por outro caminho, eu que a principio ia reto ao ouvir o chamado queria ir pela esquerda, mas passava tanto carro que decido ir indo em frente e pegar a direita. E adivinha: lá eu vi o chamado de Deus! A rua estava completamente fechada de tanto carro. Parecida grande avenida em dia de congestionamento. E o som rolava alto, meninas mal vestidas, bebidas alcoólicas liberada, e um cara com uma moto que se correr o que o motor faz barulho vai de Brasília a Goiânia em 2 minutos. Eu que sai da Santa Missa aonde as pessoas caminham para o Reino de Deus, entro em contraste na avenida em que as pessoas tiram o passaporte para o “reino da perdição eterna”. Eu com Jesus Eucarístico, unido ao meu Senhor; enquanto muita gente não sabe da sua real existência. Muitos falam, mas poucos conhecem; e dos que conhecem ainda existem os que o negam sem querer testemunhá-Lo. E eu ali, tendo que sentir um pouco da dor de Deus em mim. Afinal Ele estava dentro de mim (havia comungado).
Eu preciso assumir a minha missão, eu preciso dar uma resposta diante do chamado de Deus. E eu partilho isso não pra dizer que eu tenho uma missão, mas para lembrá-Lo que você também tem uma. A cada dia eu vejo que os pecados que talvez mais irão pesar no meu julgamento não serão os cometidos por mim, mas sim as almas que eu deixei de evangelizar e por causa da minha omissão e covardia foram para o inferno. Será que você também não tem sido conivente com a falta de Evangelização? Será que você por pequenas barreiras vai deixando Deus de lado, e com isso aos poucos perdendo a fé em Deus e da Sua real presença na Eucaristia? Será que por barreiras tão simples, você acaba por deixar Nossa Senhora de lado? Conheço pessoas que por causa de coisas bobas, procuraram o protestantismo, e querendo conciliar hoje se diz católica, mas já quer jogar as imagens fora e trata a missa como algo que talvez depois se passa lá. Talvez se Jesus tivesse tido essa mesma atitude diante da Cruz, até hoje nós estaríamos procurando um Deus para adorar e Comungar, e não teríamos. Afinal Ele também poderia ir pra Cruz outro momento (usando essa infeliz e triste linha de pensamento). Assuma sua missão, mesmo que você não saiba se é sacerdotal, matrimonial, consagrada, celibato, etc., eu também não sei exatamente qual é a minha. Mas a vocação que todo cristão é chamado, é estar diante do altar se preparando para receber o seu Senhor. Faça um vocacional e não seja covarde recuando diante do chamado e do amor de Deus. Mas sobretudo, vá a Santa Missa e obviamente Confessado, comungue o Seu Senhor. Não tem nada mais maravilhoso do que este belo momento de amor recíproco entre Deus e o homem. Deus que é tudo que se faz pão e vinho por amor ao homem. E o homem que é miserável mesmo, mas que pelo menos se dispõem de estar ali e não em outros lugares que o mundo lhe oferece.
E antes de finalizar, lembre-se que Deus tem um chamado para você. Basta abrir os ouvidos e pedi pro Senhor falar. Creio que você até saiba qual é o seu chamado. Procure dar o seu SIM concreto, pois existem pessoas que estão nas garras do demônio, e para irem para os braços do Pai dependem do seu SIM para o chamado de Deus.
Shalom!

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3 comentários

  1. A dor e o sofrimento é a nossa "prova de fogo". Na verdade uma prova de amor a Deus sobre todas as coisas e pessoas. Sabemos disso quando permanecemos na fé mesmo nos momentos de cruzes inevitáveis. É o abraçar a Cruz para carregá-la de bom grado que nos configura a imagem do Cristo padecente. Essas cruzes são o preço das almas, pq como diz São Pe Pio; "a salvação das almas custam sangue..."

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