Salve Maria Imaculada!
A
sociedade em que vivemos está em um verdadeiro caos. Para onde olharmos ou vivermos, estaremos de
alguma forma, introduzidos em um mundo descristianizado. Talvez este termo “descristianizado”
seja mais usado para contar como está a situação da fé em alguns lugares, como
é de exemplo a própria Europa. Mas, a descristianização passa de certo modo onde
nós estamos. Talvez, nós, com todo fervor que achamos que temos, sejamos a ação
prática da descristianização no mundo.
Não quero
entrar no mérito de Liturgia, ou de doutrina mais profunda, aonde seria mais
complexo. Mas gostaria de que nós refletíssemos se a vida em que levamos é
digna de um cristão católico. Se pecar, renuncie ao pecado. Mas, como em algum
momento encontramos Cristo, e nos tornamos bebês em Seus braços, chega o
momento em que crescemos e temos que dar nossos passos. A Palavra de Deus vai
nos ensinar que a fé: se não tiver obras
é morta em si mesma (Tiago 2,17). E qual tem sido a nossa obra? Ficar
apenas na internet, até falando de Deus, mas por vezes tendo respeito humano
com determinada pessoa? Estamos falando do amor de Deus, até sentindo este amor,
mas estamos levando ao invés de apenas falar? Sim, porque muitos falam do amor
de Deus, mas só leva o amor de Deus as outras pessoas aqueles que amam Deus de
volta. E como você tem amado o outro? Indo a Igreja? Muito bem. Mas, além da
Igreja, tem amado o pobre, o corrupto, o ladrão, o miserável, etc? São Padre
Pio dizia que Deus está duas vezes no pobre. Então porque não amamos o pobre,
porque temos repulsa? (Vale lembrar que pobre aqui, não é apenas
financeiramente, mas sim todo aquele que não conhece a Deus). As vezes é fácil
pegar um microfone e pregar para as pessoas que já te esperam; difícil é ir em
um hospital dar uma palavra de ânimo e de conforto para um doente terminal de
câncer ou qualquer outra doença. Denunciar o pecado é relativamente fácil – não
que seja errado, São João Batista denunciava o pecado do povo, e se faz
necessário isso pois muitos se perdem por falta de conhecimento (cf. Oséias
4,6) -, difícil mesmo é falar do amor e do perdão de Deus dentro de uma
penitenciária, por exemplo.
Falo isso
irmãos, pelo fato de que todo mundo se acha um Francisco de Assis ou uma Teresa
de Calcutá na vida. Porém, o que mais ouço são comentários de condenação e
preconceito com o miserável. A beata Madre Teresa de Calcutá já dizia: “As
pessoas boas merecem nosso amor; as pessoas ruins precisam dele...” – Ou seja,
tem um monte de gente precisando do nosso amor, e o que fazemos? Nós somos os
piores, a pior raça de cristão. Pois conhecemos a Cristo, mas temos medo de
dizer que Ele é o nosso Senhor, e de que para amar a Cristo também amamos
aqueles que é causa de vergonha e escândalo para muitos.
Dentre os
inúmeros comentários que ouço, está aqueles contra os criminosos. Quanta falta
de amor! E nem falo dos criminosos para com as vítimas, falo da sociedade para
com eles. Sei que podem me chamar de louco e defensor de “quem não presta”
(como alguns os classificam), mas se Cristo morreu na cruz também por Ele,
porque eu também não posso dar a minha vida por um miserável que a maior pena
que sofre é não ter uma experiência com Cristo? Talvez o seu e o meu pecado são
maiores do que qualquer crime que tenha em uma penitenciária. Sabe por quê?
Porque eu e você talvez já tenhamos tido uma experiência com Jesus, e sabemos
muito bem o que é bom e o que é ruim (quanto mais aqueles que são escravos de
Nossa Senhora, e assim romperam com as correntes do demônio). A maioria
daqueles que lá estão, ouviram falar de Cristo, até tentaram conhecê-Lo, mas
não tiveram um encontro pessoal com Cristo. Então, o nosso pecadinho é menor
que o pecadão deles. Reflita...
E sabe de
quem é a culpa? Minha e sua. Mas como? – diz você – se eu não ajudei eles a
roubar, matar, prostituir, estuprar, traficar, nem ensinei a ninguém a ser
contraventor, enfim não ensinei a cometer seus crimes. Mas, como dito, a raiz
de todo crime é um vazio que só Deus preenche. E, sendo assim, eles só estão na
vida em que estão, porque não tiveram um encontro com a Pessoa de Jesus Cristo.
E por que a culpa é minha? – me diz você neste momento-. A culpa é sua, porque
enquanto ficávamos acomodados na nossa preguiça, não saímos a evangelizar. A
culpa é nossa porque não damos catequeses consistentes. A culpa é nossa porque
sequer saímos a dar catequeses. A culpa é nossa porque quando nos “convertemos”
cantávamos e dizíamos com todas as letras que iríamos para onde o Senhor nos
enviasse; mas depois fomos para onde era mais light, mais brando, e o pobre que
se dane.. neh? As famílias e jovens favelados que se explodam, tentemos
evangelizar o playboy filho de papai que cheira cocaína porque esta depressivo
pelo fato da namorada(o) não ter atendido o telefone – não to dizendo que este
não deve ser evangelizado, até porque é pobre também porque não conhece a Deus,
mas falo isso porque muitos eventos católicos são elitizados mais voltados para
quem tem uma boa renda familiar. Oxalá todas tentassem introduzir quem não tem
condições em seus eventos -. A culpa é nossa porque queremos ser servidos e não
servir.
Prestei
atenção que a maioria dos repórteres – em sua maioria os âncoras – que descem o
cacete nos menores infratores e nos criminosos, nunca visitam os presídios para
dar uma palavra de estímulo para mudar de vida. Pasmem, dentro da Igreja é
assim também. As pessoas que vão em presídios ou coisas do tipo são,
infelizmente, tratadas como santas, enquanto são tão ruins quanto outro ser
humano, apenas porque vai a um presídio. Sei que não é o carisma de todos ir a
hospitais, presídios, favelas, até boca de fumo, ou qualquer lugar aonde a
Palavra de Deus necessite ser proclamada. Mas, NINGUÉM ter o carisma – ou uma
minoria da Igreja – é inacreditável. Não dá para deixar os moradores de rua
apenas nas mãos da Toca de Assis. Assim como também não dá para deixar os
presidiários apenas nas mãos da Pastoral Carcerária. Enfim, já pensou em ir
ajudar estes movimentos? Ou mesmo na sua possibilidade ajudar quem precisa com
o material, e com o espiritual? Perdão, mas pobre não vai cair do Céu no seu
colo como sinal de Deus não, pobre vai estar (e está) ao lado da sua casa
gritando: EU PRECISO DE DEUS!
Ainda
falando dos repórteres, tem um que acho bizarro e sínico. Desce o pau nos
menores infratores, dizendo que não prestam (e as palavras que vocês devem
saber quais), que eles não mudam de vida porque não querem; etc. Aí o repórter
que estava ao vivo em uma das unidades para menores infratores disse “Fulano,
alguns jovens aqui assistem você e mandaram um abraço”. Aí esse repórter sorriu
e disse “é alguns querem mudar de vida, mas não é todos...” Opa espera aí minha
gente! Agorinha nenhum prestava, aí recebeu um elogio agora já tem alguns que
prestam e podem mudar de vida? É assim que infelizmente temos tratado a
evangelização. Só falamos de Deus para quem vai nos retribuir, nos elogiar, nos
achar “santos”. Mas, para aqueles que julgando por um olho humano, teriam menos
chances de deixar a Palavra penetrar no coração, já não queremos. Porque não
queremos diálogos com assassinos, traficantes, etc. Mas, quem precisa mais do
que estes, somos nós. A gente as vezes ficamos acostumados com glamour de bandas
e pregadores que querem apenas aparecer, e ficamos querendo amar quem vai nos
amar e gritar nosso nome. E assim, esquecemos as palavras de São Paulo que vai
nos dizer: “Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me
impõe. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1Crontios 9,16) Então,
renunciemos a vaidade e o orgulho, e nos decidamos por Deus. Pois só decididos
por Deus, vamos parar de querer desejar apenas anunciar no altar aonde irei
aparecer, e iremos querer adentrar nas celas, Hospitais, sarjetas, etc.
As vezes
reflito o porquê fazer isso se muitos não irão ter uma vida imediata na Igreja.
Mas sempre vem ao meu coração, que para esses que aparentemente já estão
perdidos, o meu falar de Deus é para que nem que seja na hora da morte eles
lembrei do que Deus falou através da minha boca, e se arrependam, e de uma
forma extraordinária possam ser salvos; e quem dera Deus, sejam eles levados
pela Virgem Maria para junto de Deus. Já você, que se acha o “santo dos santos”
porque ora em línguas, repousa, canta, conta piada, “planta bananeira no
espírito”; você que acha saber mais que o Papa, inventor da tradição; onde
estão as tuas obras?
Vale
lembrar que muitos que estão nos presídios e sarjetas já fizeram a catequese
(mesmo que de forma incompleta). Então reflita se a catequese que você dá Sr catequista
está sendo boa o suficiente para levar os jovens a se encontrarem com Deus. E
mais, você que condena as pessoas por seus crimes, saiba que você também pode
parar em uma penitenciária ou na sarjeta, só que não para evangelizar, mas para
cumprir pena. Afinal, se a sua fé se baseia em emoções que não te levam a fazer
obras, a sua fé é vã. Espero te ver em presídios, hospitais, sarjetas, ou em
qualquer lugar onde as pessoas não conhecem a Deus, evangelizando, e não
precisando ser evangelizado.
JPII e a pessoa que atentou contra sua vida. |
Lembro do
Beato João Paulo II, que quando sofreu um atentado, não condenou a pessoa que
tentou contra a sua vida. Mas, surpreendendo a todos, foi de encontro ao homem
que atirou nele, na prisão, dando-lhe seu perdão.
E como
Jesus está a voltar ou você a ir ao encontro d’Ele pois você pode morrer a
qualquer momento, lembre-se das palavras de Cristo: “Tive fome e me destes de comer;
tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me
vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim”. (Mateus
25,35-36ss) E sabemos que quando fazemos isso a Cristo é quando fazemos
ao necessitado. Espero que nenhum de nós venhamos a perder o Reino de Deus pelo
fato de não ter amado Cristo no pobre.
Salve
Maria Imaculada!
Shalom!
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