“Então,
um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes
e perguntou-lhes: “Que quereis dar-me e eu vo-lo entregarei” Ajustaram com ele
trinta moedas de prata. E desde aquele instante, procurava uma ocasião favorável
para entregar Jesus”. (Mateus 26,14-16)
Meus queridos irmãos e irmãs, Salve
Maria Imaculada!
É comum vermos as pessoas condenarem
Judas, o traidor de Jesus. Em época de Semana Santa se medita a Paixão, morte e
ressurreição de Jesus. E nisso tudo teve a traição de Judas. Judas, um dos
Doze, amado por Cristo, traiu Jesus. As pessoas gostam de malhar o Judas; e
isso é até comum em algumas regiões fazer bonecos representando Judas
Iscariotes para “malhá-lo” e assim se “vingar” da traição feita a Jesus. Mas
fico a me perguntar: será que quem malha Judas está tirando a trave do seu
próprio olho? Não é uma defesa a Judas, ele se perdeu, duramente condenado por
seus próprios atos, cometeu suicídio em seguida; e o próprio Jesus disse: Mas ai daquele que homem por quem o Filho
do Homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!
(Mateus 26,24). Que terrível destino o de Judas. Não quero entrar na
discussão de “será que Judas foi mesmo para o inferno?”; até porque Jesus mesmo
já disse severamente sobre quem O traísse. O que quero é que meditemos: será
que também nós, não estamos traindo Jesus, da mesma forma ou pior que Judas
Iscariotes?
Muitos de nós tivemos uma experiência
com Cristo, um encontro pessoal com o Ressuscitado que passou pela Cruz. Judas
também teve esse encontro, com o Deus encarnado: Jesus de Nazaré. É verdade que
Cristo ainda não tinha sido crucificado e nem ressuscitado (obviamente). Mas
ele viu Jesus, tocou em Jesus, viu os sinais... Judas era próximo de Cristo.
Dizem que na tradição judaica, durante a ceia pascal, se dá o pão molhado no
vinho para a pessoa mais cara, e Jesus deu o pão molhado no vinho para Judas
(cf. João 13,26). Como Jesus amava Judas! E Judas, tristemente, O traiu! E como
Jesus ama a cada um de nós! E como, tristemente, temos O traído também! E
talvez pior do que Judas, pois nós já vimos a ressurreição, sinais de dois mil
anos acontecendo da ressurreição de Cristo. E nós, como Judas, desesperamos da
salvação. Ou ainda somos presunçosos. Judas ao fim da vida se desesperou após
ter traído Jesus, mas a vida toda com Cristo ele foi presunçoso. Nós traímos
Cristo todas as vezes que cometemos pecado. Judas cometeu muitos, mas não soube
pedir perdão, e foi tão cegado pelo pecado, que trocou o Amor, a felicidade
perfeito, o Amado Jesus, por míseras moedas de prata. Moedas que não serviram
para nada, já que se suicidou. Não por arrependimento, pois, caso contrário,
ele diria JESUS FILHO DE DAVI, TEM PIEDADE DE MIM PECADOR! Mas ele se matou por
remorso. Jesus não quer pessoas com remorsos, mas pessoas arrependidas de suas
faltas. Talvez ainda esteja valendo o “ai de quem trair o Filho do Homem”...
Mas como identificar na minha vida a
mesma presunção de Judas? Meus queridos irmãos, lembrem-se que quando nos
encontramos com Cristo, nós podemos até ter gozos, consolações espirituais, mas
sentir o toque de Deus na alma não quer dizer salvação. Precisamos nos
converter. Se eu repouso no Espírito Santo em eventos da RCC ou comunidades
carismáticas, mas não “repouso” na cruz, na via purgativa, tentando me
converter, e, como vai dizer São Paulo, resistir até o sangue na luta contra o
pecado (cf. Hebreus 12,4), infelizmente o “repouso no Espírito” não valeu de
nada se não me levou a conversão, pois de que adianta repousar na terra e na
outra vida cair no “colo do diabo”? Sei que o que falo parece difícil de
entender, e parece até meio ilógico. Mas analisemos: Judas viu os milagres de
Jesus; ele foi eleito, não foi só um discípulo, mas um dos Doze Apóstolos. No
entanto, não lhe bastou ser tão amado por Deus, ele mesmo sendo Apóstolo
continuou pecado. Quer que eu prove? Tudo bem, veja: Judas ao ver Maria
derramar bálsamo de nardo puro nos pés de Jesus, Judas diz que era melhor vender
esse bálsamo de Nardo e dar para os pobres; e então, o Evangelista conclui: “Dizia isso não porque ele se interessasse
pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela
lançavam.”(João 12,6) Então, vemos aqui que Judas já traia Jesus a muito
tempo. Jesus sabia dos crimes de Judas, mas deu a chance de tomar jeito. E o
que Judas fez? Se obstinou no pecado, e de tanto roubar, traiu Jesus por 30
moedas de prata. Podia ele ter feito como o Bom Ladrão, que, na cruz, vendo-se
condenado junto com o Jesus inocente, diz “Jesus, lembra-te de mim quando
tiveres entrado no teu Reino”, e Jesus logo diz-lhe “Em verdade te digo: hoje
estarás comigo no paraíso” (Cf. Lucas 23,40-43).
Será que a nossa atitude não tem
sido a mesma de Judas? Conhecemos a Cristo, temos um certo conhecimento de Sua
Palavra, mas continuamos nos mesmos pecados de quando éramos ignorantes. E
sempre temos os discursos gravados: “Só Deus pode julgar”, “Eu pecado mesmo
porque sou humano, não somos santos”, “Quem não tem pecado que atire a primeira
pedra”,etc., Mas esquecem-se de um detalhe. Quando falamos do pecado, não
estamos condenando o pecador, mas mostrando o pecado, que precisamos fazer
amizade com Deus e não com o demônio, pois quem
peca é do demônio! (Cf. 1João 3,8). E nós vamos sendo presunçosos quando
usamos versículos como o de Maria Madalena para justificar nossos pecados.
Basta ver o que Jesus diz para a mesma mulher pecadora: “Nem eu te condeno. VAI E NÃO TORNES A PECAR” (João 8,11). Aí que
está a diferença, julgar é diferente de dizer não tornes a pecar. Uma pessoa
que ama verdadeiramente a Cristo não pode, em hipótese alguma, querer usar o “nem
eu te condeno” para dizer que Cristo apóia o meu pecado porque Ele me ama. Pois
Cristo, aplica a esta mulher adúltera uma das maiores penitências: não tornar a
pecar. Se eu condeno qualquer pecado, inclusive os que eu tenho que lutar
diariamente para não cometer e por vezes caio, eu tenho que dizer: NÃO TORNES A
PECAR! Jesus te ama! Mas você ama Jesus a ponto de parar de ofendê-Lo e obedecê-Lo
no chamado a não mais pecar?
Judas viu toda a vida pública de
Jesus, viu as exortações contra os pecados, contra a hipocrisia. Mas, foi
hipócrita, continuou na obstinação do pecado. Você talvez tenha ouvido tantas
pregações, lido tantos livros que te exortam contra o pecado. E você continua
pecando... Você vê o vigário de Cristo na terra que é o Santo Padre o Papa nos
ensinando, mas prefere atacar a Igreja por ela não aceitar os seus e os meus
pecados. É mais fácil, como Judas fez, usar a desculpa de vender o bálsamo de
nardo para dar aos pobres, para termos o pretexto de roubar. É mais fácil usar
nossas condições, fraquezas, para não dizer que somos covardes de nem mesmo
querer lutar contra o pecado.
A gente vai achando tão normal trair
Jesus no ordinário, que rapidamente chegamos ao extraordinário. Conheço uma
mulher que se lamentava de não poder ir para a Vigília Pascal porque iria
trabalhar. Tudo bem se o trabalho não fosse opcional. Era diarista, e, porque
queria ganhar um algo a mais, iria trabalhar na festa de aniversário do filho
da patroa. Ela dizia que a Vigília Pascal era a Missa mais importante do ano. Depois
ela falava que na Semana Santa se confessaria. Eu então disse: “mas pra que se
na outra semana vai ter que confessar novamente já que mesmo tendo consciência
da importância da Vigília Pascal, vai faltar por livre vontade, isso é pecado
grave”. Ela concordou. E eu acrescentei mais ou menos isso: “só espero que não
morra do sábado para o domingo, porque aí você morrerá em pecado mortal”. E o
triste era ela dizer “não, mas eu não morro domingo não, Deus me livre”. A
única coisa que pude falar foi: “cuidado, presunção é pecado contra o Espírito
Santo, e não tem perdão”. Veja meus irmãos, Judas traiu Jesus por algumas
moedas de prata. E você, por quantos trocados tem traído Jesus? Esta mulher
trai Jesus por uma diária a mais. Espero que ela não vá, ou saia mais cedo.
Quantas pessoas faltam a Santa Missa dominical para ganhar mais uma diária.
Conheço pessoas que confirmam ter faltado a Missa dominical para fazer prova de
Concurso Público. Pessoas que não rezam mais, mas que só estudam buscando o
conhecimento humano para ter melhor vida profissional e financeira abandonando
o espiritual. Pessoas que praticam sexo fora do casamento e mesmo assim comunga
sem poder. Pessoas que se masturbam, até mesmo pessoas da Igreja que deveriam
ser exemplos dizendo que não é pecado... Pessoas que dizem ser católicas, mas
que querem a distribuição da camisinha, a legalização do aborto, o “casamento
gay”, a libertinagem. Pessoas que mesmo sabendo a verdade da Igreja, continuam
usando e incentivando o uso de anticoncepcionais. Quantas pessoas que mesmo
dizendo professar a fé católica, quando chegam no poder acabam trocando essa fé
católica pela boa fama para não ofender as pessoas contrárias a Igreja. Tantos
e tantos pecados que machucam Jesus e é uma traição nossa... Quisera eu que com
toda a sociedade, inclusive eu, fossemos muitas “Marias Madalenas” que após ter
encontrado o Cristo nunca mais pecou. Mas somos, infelizmente, um bando de “Judas”
que todos os dias estamos traindo Jesus em troca de poder, prazer, dinheiro,
respeito humano, etc.
Reflitamos a cada dia sobre isso.
Precisamos ter propósitos sérios de conversão. “Lembra-te de teu fim, e jamais pecarás”(Eclesiástico 7,40). Judas,
por certo, não lembrou de seu fim, e pecou... Pecou e tristemente pereceu! Você
está em tempo de se arrepender como fez Maria Madalena, o Bom Ladrão, Pedro,
Paulo... Só que você tem que parar de bancar o Judas, e enquanto diz que você
serve a Deus, que é ungido, que é amado por Deus, que Deus te ama do jeito que
você é, ame a Deus renunciando os seus pecados. “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Levítico
19,2). Judas via o material, o passageiro. Lembra-te que tu és pó, e para o
pó voltará. Rico ou pobre; Negro ou branco; católico, protestante, ateu,
budista, maçon, pagão, satanista... tudo vai parar “debaixo de sete palmos” (a
não ser que seja cremado). Todos morreram, todos virarão pó, comida de insetos
e vermes. E, se não tiver tido uma vida reta, agradável a Deus, conhecendo essa
Verdade que é Cristo... tristemente passará pela segunda morte que é eterna:
INFERNO! Confesse seus pecados, não deixe pra amanhã. Talvez este texto seja a
última vez que Deus te chame a conversão e para confessar seus pecados, não
perca tempo: confesse! Não traia Jesus! Leia este texto sobre a
importância da Confissão (primeiro texto deste blog). E lembre-se do caso
que ocorreu com São Pio de Pietrelcina: “uma
viúva pediu para São Padre Pio rezar para saber aonde o recem falecido marido
dela estava. Padre Pio silenciou e fez uma cara de dor e disse: "Seu
marido esta no inferno". A mulher entao disse: "Mas como? meu marido
se confessou antes de morrer." Padre Pio entao respondeu: " No tempo
de juventude dele, ele tinha um chamado, ele brincou com o chamado do Senhor,
por que ele quis delitar no pecado e curtir a vida; passou um tempo e ele ficou
obstinado pelo pecado e não conseguia voltar para Deus. E antes de confessar,
ele esqueceu de confessar alguns pecados para o padre, omitiu e não confessou
contrito de coração." - vemos ai meus irmãos e irmãs como devemos
confessar tudo ao padre, pois este homem confessou, mas omitiu, e o destino foi
triste. Devemos nos arrepender e buscar a confissão, e sermos humildes e
sinceros. Pois se não nos arrependermos e confessar e voltar a fazer as mesmas
coisas, eu digo o que São Padre Pio dizia: "Não joguem o sangue de Cristo
fora!"
Salve Maria
Imaculada! Lute contra o pecado! Não trai maias Jesus por qualquer coisa, pois
tudo comparado a Cristo é pó, é sem valor algum, Cristo é O Sumo Bem! Pare de trair Jesus com um beijo na face, dizendo que O ama, mas volta a crucificá-Lo pela obstinação pelo pecado.
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