Fazei jejuns e penitência

by - dezembro 16, 2011

 
“Por isso, agora ainda – oráculo do Senhor -,voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto.” (Joel 2,12)
            Inevitavelmente aquelas pessoas que amam de verdade o Senhor querem buscar a santidade. O meio de vivermos a santidade é a violência de coração, o arrependimento e a conversão diária. Hoje em dia muito se é pregado sobre o amor de Deus, de um Deus que se deixa ser encontrado; um Deus rico em Misericórdia e que nos aceita apesar dos nossos pecados. No entanto as pessoas se esquecem não só de pregar, mas de viver algo que é louvável e que o Senhor nos pede: penitência e jejuns.
            O Livro do profeta Joel é muito usado para pregações sobre o grande poder do Espírito Santo. No seu capítulo 3 vemos a profecia do grande Pentecostes, que não é somente pros Apóstolos, mas para todos nós. Joel profetizou, e nós hoje temos que tomar posse dessa profecia e desse derramamento do Espírito Santo de Deus em nossas vidas; no entanto, o mesmo livro de Joel, Deus nos exorta a fazer jejuns e penitências, como bem vemos no versículo proposto.  Mas parece que a gente só quer enxergar Joel 3, e nos esquecemos do capítulo 2 que fala de penitência e de todo o resto do livro que nos traz exortações à santidade.
            O Senhor não nos quer penitentes para que soframos sem sentido. Ele nos quer penitentes para que nós, pela graça do Espírito Santo, nos santifiquemos, para sermos salvos. É interessante que quando se ama uma pessoa é comum fazer sacrifícios por ela. No mesmo caso é com Deus, se amamos tanto a Deus, devemos fazer sacrifícios para Ele. Mas não podemos ser como os fariseus que tinham a Lei e não a praticavam; não adianta fazer jejum unicamente, pois é preciso aderir completamente ao Evangelho. O ensinamento de Deus não excluiu a penitência, tanto que queres penitência maior do que a cruz de Cristo? E essa penitência foi usada para a salvação da humanidade. Da mesma maneira a nossa penitência é em oferta à Deus pela nossa salvação, ou pela salvação de outrem.
            A gente clama, clama o Espírito Santo, mas não queremos fazer jejuns. Veja o jejum na ação da Igreja desde o princípio: “Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: “Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado”. Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram.” (Atos dos Apóstolos 13,2-3). Primeiramente quero dizer que não se deve apenas orar, e nem apenas jejuar; o versículo 3 vai dizer claramente: jejuando e orando. Também nós, temos que ter essa audaciosa atitude, de parresia, de doar o nosso viver fazendo penitência e se entregando em oração. Muitas vezes os eventos que deveriam resgatar multidões de almas para a Igreja não passam de eventos sem conversão pelo fato de não existir uma oferta ao Senhor. Não digo apenas oferta material de doar dinheiro, mas a oferta de ser penitente, fazer jejum, nem que seja o mínimo de abstinência de carne como nos é recomendado às sextas-feiras.  Ninguém parece querer fazer jejum e ofertar por aquele evento, pelas almas, pela conversões dos jovens, daqueles que não conhecem a Deus. É preciso ter coragem, e não ser um jovem fraco, que não quer nada além de um “oba-oba” dentro da Igreja, que nem se quer participa dos sacramentos devidamente.
            Não adianta , por exemplo, um pregador gastar horas lendo a Bíblia e preparando uma pregação se não fizer penitência, e oferecer pelas mãos da Virgem Maria, entregar para a conversão daqueles que hão de ouvi-lo, para que ele pregue um evangelho verdadeiro, que leve as pessoas para o Cristo verdadeiro e não para o Cristo falsificado que as pessoas tem criado hoje em dia.
            Temos que começar aos poucos, é verdade. Mas começar do pouco não quer dizer ficar no estado de comodismo. Um maratonista não começou correndo longas distancias, primeiro ele começou do pouco para poder, posteriormente, na prova, correr toda a distância exigida numa maratona ou mega maratona. Comece fazendo pouco: abstinência de carne nas sextas, depois jejum da Igreja, pequenas ofertas, até um dia, se tiver condições, fazer um jejum mais rigoroso. Mas sempre fazer recordando da Paixão de Jesus Cristo. Vá, pela graça do Espírito Santo, progredindo de pequenas ações, até onde for possível. Se não for possível jejum propriamente dito, faça nem que seja abstinência de algo que você goste, como ficar sem tomar coca cola, não comer chocolate, etc.
            O que não podemos é fazer “falsas penitências” como eu já vi. Por exemplo: em época de quaresma já vi gente fazer penitencia de não pecar contra a castidade. Sim, meu filho, mas isso já devemos fazer seja lá qual tempo litúrgico nos encontrarmos. Quando uma pessoa faz abstinência de não comer chocolate na quaresma, por exemplo, quando chega a páscoa ela se “acaba” no cacau. Assim uma pessoa que usa do não pecar contra a castidade, caso não tenha sido pra conversão, também irá se acabar pecando contra  a castidade. A diferença do chocolate pra castidade, é que o chocolate não levará ao inferno (mas cuidado com a gula...), mas já o pecado contra a castidade... Não podemos usar algo como “não pecar” se já devemos lutar contra o pecado no dia a dia. Porém, seria útil o evitar aquilo que poderia ser uma ocasião ao pecado, como por exemplo redes sociais, televisão, determinadas músicas, pessoas, etc.
            E outra coisa importante, é a união da penitência com a oração. Ensinarei algo bem antigo que se tornou raro: além de fazer penitências ao Senhor, reze o Rosário. Para quem for capaz, não somente o Santo Terço, mas também o Rosário completo. Mas, para quem não conseguir por causa das obrigações do estado de vida, ao menos o Santo Terço diário. Assim rezará e fará penitência numa oferta com a Virgem Maria, se santificará mais ainda, na perfeição de alguém que deseja ser santo por Maria, com Maria e em Maria. Afinal, no céu só entra santo, e todos os santos, como diz S. Maximiliano, são obra da Imaculada.
            Lembro-me da vida de São Francisco de Assis, que foi muito penitente e orante. Era rico e largou tudo para viver uma grande radicalidade do Evangelho. Talvez Deus não te quer vivendo na pobreza extrema, mas na venerável pobreza que é aquela em que dependemos totalmente de Deus. Quando você faz jejuns e penitência, você está se prostrando como uma pessoa que depende da Misericórdia de Deus. Tem tanta gente que se humilha para pessoas por coisas tão fúteis (como em namoros, por exemplo), porque então não se humilhar diante de Deus? Essa santa humilhação nos leva a salvação das nossas almas. São Francisco de Assis, São Padre Pio de Pietrelcina, são exemplos de quem se humilharam, mas foram exaltados pelo Misericórdia do Deus vivo.
            Shalom!

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1 comentários

  1. Muuuito boa a pregação, veio direto de Deus e eu acolho em nome de JESUS.

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