Neste dia santo de Pentecostes, onde sentimos cada vez mais
viva a presença do Espírito Santo no meio de nós, convido-vos a refletir sobre
o que significa o Pentecostes concretamente na sua vida. Deve ficar bem claro
na sua mente e no seu coração, de que o grande Pentecostes não é algo emocional,
imaginário, mas é real. O Espírito Santo veio com força, poder, unção, dons...
Deus se entregou plenamente ali, e permanece a se entregar. Aliás, nós, os
batizados, já temos este Espírito Santo em nós; e quem é Crismado já tem esta
confirmação.
Os
Apóstolos viveram com Jesus, e tiveram a grande graça de serem escolhidos
dentre os piores, e serem formados pelo próprio Cristo. Mas faltava algo...
Eles ainda não estavam plenamente felizes. E é fácil de perceber e entender
isso: o Amado deles de fato ressuscitou, porém, subiu para junto do Pai. Eles
ainda não compreendiam que era preciso que o Filho subisse para que o Espírito
descesse; como bem salienta o Beato João Paulo II na Encíclica Dominum et Vivificantem, onde ele afirma
que o
Espírito Santo vem “à custa” da “partida” de Cristo. Mas os apóstolos
não haviam entendido isso, e presos na tristeza de se verem sozinhos, ameaçados
pelo povo que crucificou Jesus, se trancam no Cenáculo – onde a Virgem Maria
também está presente com outras piedosas mulheres -. É fato que eles
permanecerão em oração até que o Espírito Santo viesse. E aí está o primeiro
ponto que quero que possas refletir: estás orando para receber o Espírito Santo
em plenitude? Os apóstolos estavam, mesmo sem entender o que estava por vir,
talvez até querendo desistir. Compreensível, pois o amor de Deus constrange.
Imagine Pedro, escolhido como líder dentre os 12, é o nosso primeiro Papa, mas
na “hora do vamos ver” negou o Mestre por 3 vezes. Mas Cristo vai ao encontro
de Pedro após a ressurreição, e da mesma forma que Pedro negou por 3 vezes,
Cristo o curou com 3 beijos de amor na alma ao perguntar “Pedro tu me amas?” em
Jo 21,15-23. Mas mesmo assim, ainda havia o vazio, por ter negado três vezes, e
continuar sendo amado, e sem poder fazer nada pra retribuir o amor, pois
estavam não cheios do Espírito, mas cheios de medo. Podemos também usar aqui
como exemplo o próprio Tomé, que mesmo duvidando da ressurreição, quando o
Amado aparece, ele diz meu Senhor e meu Deus (cf. Jo 20,19-29).
Todos ficam constrangidos com o amor de Deus, pois eles, assim como nós, não
merecemos esse amor que é gratuito.
Mas surgiu
uma transformação na vida daqueles homens e mulheres, que com a exceção de
Nossa Senhora, não conheciam o Espírito Santo (Nossa Senhora já era cheia do
Espírito Santo como podemos ver nos cap. 1 e 2 de São Lucas). Segue aqui, para
quem não conhece, a passagem da grandiosa vinda do Espírito Santo sobre este
povo, fazendo surgiu uma nova geração de homens e mulheres cheios de Deus,
fiéis, despojados, que doam a suas vidas pelo Amado: Chegando o dia de Pentecostes,
estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes
então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um
deles. Ficaram todos
cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito
Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se
então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se
muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria
língua. Profundamente impressionados,
manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que
falam? Como então todos
nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que
habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e
as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses
e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam, pois, todos atônitos
e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas
coisas? Outros, porém,
escarnecendo, diziam: Estão todos embriagados de vinho doce. (Atos dos
Apóstolos 2,1-13)
Eles ficaram cheios do Espírito Santo. Completamente tomados
da graça e do amor de Deus. Mas existe um detalhe nisso tudo. Antes todos eles –
talvez, novamente, com a exceção de Nossa Senhora que já era cheia do Espírito
Santo – eram fracos e medrosos, mas depois deste ocorridos ficaram cheios de
coragem, ousadia, parresia, inflamados pelo Espírito, saíram a anunciar, não se
preocuparam mais com os que buscavam matá-los por causa de Cristo; agora eles
saíram do “esconderijo secreto” e saíram, para como Cristo, dar a vida por amor
a Ele. Podemos ver claramente isso, a partir do versículo 14 do Capítulo 2 dos
Atos dos Apóstolos; onde Pedro, o que negou três vezes mesmo sendo o escolhido
para ser nosso Papa, sai agora com parresia e faz seu discurso para o povo de
todos os lugares. Ali se converteram cerca de 3 mil pessoas.
E nós nos dias de hoje, será que temos de fato recebido o
Espírito Santo de Deus? As vezes quem é carismático gosta de falar do “batismo
no Espírito Santo” ou a Efusão, mas será que de fato estão cheios do Espírito
Santo? Será que estamos com os frutos do Espírito Santo que são a caridade,
alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, bondade, benignidade,
mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade? Por que deve-se
compreender que o simples fato de orar em línguas e/ou repousar, não significa
que esta pessoa é cheia do Espírito Santo. Ser cheio do Espírito Santo é agir
24 horas por dia sob Sua ação. É ir em missão; é anunciar ao mundo que o
Crucificado que passou pela cruz ressuscitou. Como Pedro diz: “este
Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo” (Atos 2,36)
Quando de início trago um título como este “Católicos: do
Pentecostes à missão no mundo inteiro”, é porque às vezes a gente fica querendo
apenas ficar em grupos de oração, ou no grupo jovem, sem ir ao mundo anunciar o
amor de Deus. Os apóstolos saíram em missão, assumindo as perseguições
extremas, como o martírio – com a exceção de São João que não foi mártir – por amor,
pois são felizes. Você acha justo ou aceitável você ser cretino o suficiente de
querer apenas que você saiba que Cristo Ressuscitou; que temos o amor de Deus,
a ação do Espírito Santo; e principalmente, que pelo sangue preciosíssimo de
Cristo somos libertos das amarras de satanás? Você é cretino, covarde, duro de
coração o suficiente pra tomar essa posição? Sai em missão! Saia da zona de
conforto! Saia do comodismo! O mundo geme, chora, o mundo necessita de Cristo, e
você pela ação do Espírito Santo está incumbido dessa missão. SALVE ALMAS!
Ainda falando em missão, não podemos dizer que somos cheios
do Espírito, e ainda não querer ir em missão em outros estados para salvar
almas. Ou mais, negar, por bel prazer, a vocação sacerdotal ou a vida nos
conventos, e as mulheres ser freiras. Ou no geral viver o celibato pelo Reino de Deus. Como pode ser cheio do Espírito e não rezar que seja feita a vontade
de Deus, mas a nossa? Que renovemos o nosso Batismo no Espírito Santo, mas
principalmente, que renasça - ou nasça –
o ardor missionário e o desejo de salvar almas. Como aconteceu com os apóstolos, temos que fazer a nossa voz ecoar entre os povos do mundo inteiro, pagãos ou não, mas anunciar que Cristo ressuscitado está!
E lembro ainda do que diz mais ou menos o Tratado da
Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria: O Espírito Santo só não age mais
nas pessoas, porque as vezes não encontra a Virgem Maria. Pra ser cheio
do Espírito Santo, tem que ser devoto fiel da Amada Mãe de Deus! Portanto,
CONSAGRA-TE! E então o Espírito Santo tomará conta de você por intercessão do
Imaculado Coração de Maria, a amada esposa do Espírito Santo.
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