Católicos: do Pentecostes à missão no mundo inteiro

by - maio 27, 2012


            Neste dia santo de Pentecostes, onde sentimos cada vez mais viva a presença do Espírito Santo no meio de nós, convido-vos a refletir sobre o que significa o Pentecostes concretamente na sua vida. Deve ficar bem claro na sua mente e no seu coração, de que o grande Pentecostes não é algo emocional, imaginário, mas é real. O Espírito Santo veio com força, poder, unção, dons... Deus se entregou plenamente ali, e permanece a se entregar. Aliás, nós, os batizados, já temos este Espírito Santo em nós; e quem é Crismado já tem esta confirmação.
            Os Apóstolos viveram com Jesus, e tiveram a grande graça de serem escolhidos dentre os piores, e serem formados pelo próprio Cristo. Mas faltava algo... Eles ainda não estavam plenamente felizes. E é fácil de perceber e entender isso: o Amado deles de fato ressuscitou, porém, subiu para junto do Pai. Eles ainda não compreendiam que era preciso que o Filho subisse para que o Espírito descesse; como bem salienta o Beato João Paulo II na Encíclica Dominum et Vivificantem, onde ele afirma que o Espírito Santo vem “à custa” da “partida” de Cristo. Mas os apóstolos não haviam entendido isso, e presos na tristeza de se verem sozinhos, ameaçados pelo povo que crucificou Jesus, se trancam no Cenáculo – onde a Virgem Maria também está presente com outras piedosas mulheres -. É fato que eles permanecerão em oração até que o Espírito Santo viesse. E aí está o primeiro ponto que quero que possas refletir: estás orando para receber o Espírito Santo em plenitude? Os apóstolos estavam, mesmo sem entender o que estava por vir, talvez até querendo desistir. Compreensível, pois o amor de Deus constrange. Imagine Pedro, escolhido como líder dentre os 12, é o nosso primeiro Papa, mas na “hora do vamos ver” negou o Mestre por 3 vezes. Mas Cristo vai ao encontro de Pedro após a ressurreição, e da mesma forma que Pedro negou por 3 vezes, Cristo o curou com 3 beijos de amor na alma ao perguntar “Pedro tu me amas?” em Jo 21,15-23. Mas mesmo assim, ainda havia o vazio, por ter negado três vezes, e continuar sendo amado, e sem poder fazer nada pra retribuir o amor, pois estavam não cheios do Espírito, mas cheios de medo. Podemos também usar aqui como exemplo o próprio Tomé, que mesmo duvidando da ressurreição, quando o Amado aparece, ele diz meu Senhor e meu Deus (cf. Jo 20,19-29). Todos ficam constrangidos com o amor de Deus, pois eles, assim como nós, não merecemos esse amor que é gratuito.
            Mas surgiu uma transformação na vida daqueles homens e mulheres, que com a exceção de Nossa Senhora, não conheciam o Espírito Santo (Nossa Senhora já era cheia do Espírito Santo como podemos ver nos cap. 1 e 2 de São Lucas). Segue aqui, para quem não conhece, a passagem da grandiosa vinda do Espírito Santo sobre este povo, fazendo surgiu uma nova geração de homens e mulheres cheios de Deus, fiéis, despojados, que doam a suas vidas pelo Amado: Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam, pois, todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas? Outros, porém, escarnecendo, diziam: Estão todos embriagados de vinho doce. (Atos dos Apóstolos 2,1-13)
Eles ficaram cheios do Espírito Santo. Completamente tomados da graça e do amor de Deus. Mas existe um detalhe nisso tudo. Antes todos eles – talvez, novamente, com a exceção de Nossa Senhora que já era cheia do Espírito Santo – eram fracos e medrosos, mas depois deste ocorridos ficaram cheios de coragem, ousadia, parresia, inflamados pelo Espírito, saíram a anunciar, não se preocuparam mais com os que buscavam matá-los por causa de Cristo; agora eles saíram do “esconderijo secreto” e saíram, para como Cristo, dar a vida por amor a Ele. Podemos ver claramente isso, a partir do versículo 14 do Capítulo 2 dos Atos dos Apóstolos; onde Pedro, o que negou três vezes mesmo sendo o escolhido para ser nosso Papa, sai agora com parresia e faz seu discurso para o povo de todos os lugares. Ali se converteram cerca de 3 mil pessoas.
E nós nos dias de hoje, será que temos de fato recebido o Espírito Santo de Deus? As vezes quem é carismático gosta de falar do “batismo no Espírito Santo” ou a Efusão, mas será que de fato estão cheios do Espírito Santo? Será que estamos com os frutos do Espírito Santo que são a caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade? Por que deve-se compreender que o simples fato de orar em línguas e/ou repousar, não significa que esta pessoa é cheia do Espírito Santo. Ser cheio do Espírito Santo é agir 24 horas por dia sob Sua ação. É ir em missão; é anunciar ao mundo que o Crucificado que passou pela cruz ressuscitou. Como Pedro diz: “este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo” (Atos 2,36)
Quando de início trago um título como este “Católicos: do Pentecostes à missão no mundo inteiro”, é porque às vezes a gente fica querendo apenas ficar em grupos de oração, ou no grupo jovem, sem ir ao mundo anunciar o amor de Deus. Os apóstolos saíram em missão, assumindo as perseguições extremas, como o martírio – com a exceção de São João que não foi mártir – por amor, pois são felizes. Você acha justo ou aceitável você ser cretino o suficiente de querer apenas que você saiba que Cristo Ressuscitou; que temos o amor de Deus, a ação do Espírito Santo; e principalmente, que pelo sangue preciosíssimo de Cristo somos libertos das amarras de satanás? Você é cretino, covarde, duro de coração o suficiente pra tomar essa posição? Sai em missão! Saia da zona de conforto! Saia do comodismo! O mundo geme, chora, o mundo necessita de Cristo, e você pela ação do Espírito Santo está incumbido dessa missão. SALVE ALMAS!
Ainda falando em missão, não podemos dizer que somos cheios do Espírito, e ainda não querer ir em missão em outros estados para salvar almas. Ou mais, negar, por bel prazer, a vocação sacerdotal ou a vida nos conventos, e as mulheres ser freiras. Ou no geral viver o celibato pelo Reino de Deus. Como pode ser cheio do Espírito e não rezar que seja feita a vontade de Deus, mas a nossa? Que renovemos o nosso Batismo no Espírito Santo, mas principalmente, que renasça  - ou nasça – o ardor missionário e o desejo de salvar almas. Como aconteceu com os apóstolos, temos que fazer a nossa voz ecoar entre os povos do mundo inteiro, pagãos ou não, mas anunciar que Cristo ressuscitado está!
E lembro ainda do que diz mais ou menos o Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria: O Espírito Santo só não age mais nas pessoas, porque as vezes não encontra a Virgem Maria. Pra ser cheio do Espírito Santo, tem que ser devoto fiel da Amada Mãe de Deus! Portanto, CONSAGRA-TE! E então o Espírito Santo tomará conta de você por intercessão do Imaculado Coração de Maria, a amada esposa do Espírito Santo.

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