Um consagrado à Nossa Senhora pode ser condenado ao inferno?

by - dezembro 23, 2017



Salve Maria Imaculada, nossa Corredentora e Mãe!
Se você é consagrado à Nossa Senhora ou está lendo o Tratado para se consagrar, provavelmente você já ouviu algumas frases do tipo: um escravo de Nossa Senhora jamais se perderá; um escravo de Nossa Senhora é protegido; um escravo de Nossa Senhora não pode ser tocado pelo demônio, etc. Bom, mas até onde estas frases são verdadeiras?
As frases ditas acima são verdadeiras, porém, se tiradas de seu contexto, tornam-se um grande erro que põe a salvação de muitas pessoas em perigo. Todas essas frases estão na espiritualidade monfortina escrita no Tratado, mas a coisa não é tão simples assim; ou seja, não é porque eu me consagro que magicamente pararei de pecar e, de repente, todos os meus atos passam a ser infalíveis ou “acobertados” pela Mãe de Deus, fazendo-me ser salvo mesmo que eu seja um porco impuro rolando na lama do pecado (rolando na lama, mas com a corrente no braço).
É preciso saber que Nossa Senhora tem um papel fundamental na nossa espiritualidade, na obra de salvação; e é justamente por isso que São João Damasceno diz que “ser vosso devoto, ó Maria Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar”. Ora, Deus quer que todos se salvem, portanto, a Virgem Maria é uma arma de salvação para toda a humanidade. Por isso Cristo nos deu a Virgem Maria como verdadeiramente nossa Mãe (cf. João 19,25-27).
Mas essa consagração precisa ser bem meditada, bem vivida, para que não façamos algo de maneira superficial. Precisamos, pois, mergulhar na doutrina de São Luís para não estarmos abusando da devoção da Santa Escravidão de Amor, nos enganando a nós mesmos e sendo contratestemunhas para as pessoas. São Tiago vai dizer Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos” (Tiago 1,22). E, infelizmente, quem faz a consagração à Nossa Senhora pelo método de São Luís sem observar a doutrina exposta no tratado, sem colocar em prática, mesmo que traga objetos externos, engana-se a si mesmo.
Basta eu me consagrar à Imaculada pelo método de São Luís que estarei livre do fogo do inferno, uma vez que sou propriedade de Nossa Senhora? São Luís não disse isso. Ele, pelo contrário, afirmou o seguinte:
Os devotos presunçosos são pecadores abandonados a suas paixões, ou amantes do mundo, que, sob o belo nome de cristãos e devotos da Santíssima Virgem, escondem ou o orgulho, ou a avareza, ou a impureza, ou a embriaguez, ou a cólera, ou a blasfêmia, ou a maledicência, ou a injustiça, etc.; que dormem placidamente em seus maus hábitos, sem violentar-se muito para se corrigir, alegando que são devotos da Virgem; que prometem a si mesmos que Deus lhes perdoará, que não hão de morrer sem confissão, e não serão condenados porque recitam seu terço, jejuam aos sábados, pertencem à confraria do santo Rosário ou do Escapulário, ou a alguma congregação; porque trazem consigo o pequeno hábito ou a cadeiazinha da Santíssima Virgem, etc.
Quando alguém lhes diz que sua devoção não é mais do que ilusão e uma presunção perniciosa capaz de perdê-los, recusam-se a crer; dizem que Deus é bom e misericordioso e que não nos criou para nos condenar; que não há homem que não peque; que eles não hão de morrer sem confissão; que um bom peccavi à hora da morte basta; de mais a mais que eles são devotos da Santíssima Virgem, cujo escapulário usam; e em cuja honra dizem, todos os dias, irrepreensivelmente e sem vaidade (isto é, com fidelidade e humildade) sete Pai-nossos e sete Ave-Marias; que recitam mesmo, uma vez ou outra, o terço e o ofício da Santíssima Virgem; que jejuam, etc. Para confirmar o que dizem e mais aumentar a própria cegueira, relembram umas histórias que leram ou ouviram, verdadeiras ou falsas não importa, em que se afirma que pessoas mortas em pecado mortal, sem confissão, só pelo fato de que em vida tinham feito algumas orações ou práticas de devoção à Santíssima Virgem ressuscitaram para se confessar, ou sua alma permaneceu milagrosamente no corpo até se confessarem, ou, ainda, que, pela misericórdia da Santíssima Virgem, obtiveram de Deus, na hora da morte, a contrição e o perdão de seus pecados, e se salvaram. Eles esperam, portanto, a mesma coisa.
98. Não há, no cristianismo, coisa tão condenável como essa presunção diabólica; pois será possível dizer de verdade que se ama e honra a Santíssima Virgem, quando, pelos pecados, se fere, se traspassa, se crucifica e ultraja impiedosamente a Jesus Cristo, seu Filho? Se Maria considerasse uma lei salvar essa espécie de gente, ela autorizaria um crime, ajudaria a crucificar e injuriar seu próprio Filho. Que o ousaria pensar?  (Tratado da Verdadeira Devoção, nº 97 e 98. Grifo meu.)
E o que São Luís disse acima para os devotos presunçosos, também vale para os consagrados pelo método dele (pelo menos consagrados externamente); afinal, quem comumente hoje em dia vomita orgulho achando que está salvo somente porque é consagrado à Nossa Senhora?
Veja, caríssimos, o demônio odeia Nossa Senhora! O demônio odeia o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem; tanto é que este maldito escondeu-o por mais de 100 anos. Porém, esse anjo dos infernos é um falsificador profissional, e tem falsificado a devoção em muitos lugares. Há pessoas que se consagram sem ler o Tratado, sem saber do que se trata; outros relativizam tudo, dizendo que não precisa viver a radicalidade do evangelho; outros dizem que não precisa de tantas exterioridades, enquanto alguns dizem o contrário. Enfim, o demônio tem feito as pessoas saírem da essência da santa escravidão de amor, fazendo-as serem almas pecadoras sem notar. E São Luís diz no Tratado que abusar da devoção mariana é um horrível sacrilégio.
Isso quer dizer que para se consagrar à Nossa Senhora tem que ser santo? É óbvio que não. Todos os pecadores, todos os miseráveis, todos aqueles que estão mais afundados nas coisas deste mundo, devem se consagrar à Nossa Senhora para encontrar nEla a força e a ajuda necessária para ser santo. O problema é que muitas pessoas se consagram à Nossa Senhora sem o desejo de santidade, achando que poderão viver a mesma vida velha apenas com uma roupagem de “escravos” de Maria.
O próprio São Luís nos alerta no nº 99 do Tratado:
Confesso que, para ser alguém verdadeiramente devoto da Santíssima Virgem, não é absolutamente necessário ser santo ao ponto de evitar todo pecado, conquanto seja este o ideal; mas é preciso ao menos (note-se bem o que vou dizer): 
Em primeiro lugar, estar com a resolução sincera de evitar ao menos todo pecado mortal, que ofende tanto a Mãe como o Filho. 
Segundo, fazer violência a si mesmo para evitar o pecado.
Terceiro, filiar-se a confrarias, rezar o terço, o santo rosário ou outras orações, jejuar aos sábados, etc. (grifo meu)
Ora, caríssimos, é isso que precisamos ter em mente ao nos consagrar à Mãe de Deus! Você pode ser o pior pecador da face da terra, mas se você se consagrar com a intenção de parar de pecar, com a intenção de renunciar a vontade da carne, para poder ser santo, Nossa Senhora te dará as graças necessárias para que você seja salvo. Todavia, se você se consagra à Ela, mas acha que pode continuar deitado no pecado, sem fazer violência a si mesmo, ou seja, sem se esforçar para evitar o pecado, como poderá ela rogar pela tua salvação se você mesmo rejeita a salvação. A presunção é um pecado contra o Espírito Santo (clique aqui e saiba mais sobre os pecados contra o Espírito Santo).
Escrevi este texto justamente para alertar as pessoas que têm abusado desta santa devoção. Afinal, é comum principalmente entre os jovens notarmos pessoas consagradas que não vivem a castidade, que se entregam às baladas, que vivem uma vida mundana. Outro dia ouvi dizer inclusive de dois homossexuais que viviam juntos (ou tinham um relacionamento) que haviam se consagrado. Ora, como dito acima, para fazer a consagração é necessário ter a intenção de evitar todo pecado mortal. Como é possível que se ache normal a consagração de duas pessoas em pecado mortal de sodomia? Não somente, mas casais de héteros que não são casados na Igreja, vivendo juntos apenas... Como é possível? E nesse pacote está os jovens que não vivem a castidade, que não vão pra Santa Missa todos os domingos, que são adeptos de ideologias marxistas, que usam drogas sem desejo de parar de usar, etc.
Se você vive uma realidade de pecado, você pode se consagrar. Durante a minha preparação eu cometi pecados mortais terríveis. Mas no meu coração eu sabia que aquela consagração iria mudar a minha vida e me dar forças para vencer o pecado. Não importa o pecado que você cometeu ou esteja cometendo, você pode se consagrar DESDE QUE tenha a intenção de parar de cometer esse pecado. É justamente aí que Nossa Senhora torna-se uma arma de salvação para aqueles que Deus quer salvar: Ela que é a cheia de graça, nos dá as graças necessárias para vencermos o pecado e vivermos a virtude. Se você não quer evitar o pecado, como é que Nossa Senhora te dará a salvação se no dia a dia você escolheu a morte ao invés da vida?

Consagre-se, mas consagre-se direito! Consagre-se com a intenção de ser cidadão do Céu. Se for para ser mundano, para que se consagrar?

Abaixo alguns vídeos sobre a Santa Escravidão de Amor. O vídeo 1 é sobre as falsas devoções. Logo abaixo um com algumas dúvidas comuns. Quem quiser ter acesso a todas as formações sobre o Tratado, pode clicar aqui .




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